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segunda-feira, outubro 16, 2023

Esquerda, direita e INTEGRALISMO (09/04/1937)

 

Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi possível graças ao laborioso e permanente trabalho de pesquisa do Prof. Victor Emanuel Vilela Barbuy, renomado investigador e estudioso da História do Brasil, do Direito Pátrio, da Doutrina Social da Igreja e do Integralismo, que compartilhou conosco – de sua rica hemeroteca - o brilhante escrito de Miguel Reale a seguir.

Victor Emanuel Vilela Barbuy, o mais brilhante Pensador Tradicionalista contemporâneo, publicou recentemente o sensacional Livro “Plínio Salgado, a Semana de 1922 e o Modernismo” que pode ser adquirido em https://loja.uiclap.com/titulo/ua39845/

Esquerda, direita e INTEGRALISMO (09/04/1937)

Miguel Reale

Si faltasse uma prova para demonstrar que o Integralismo é um movimento político, nítida e puramente nacional, nossos próprios adversários se encarregariam de no-la proporcionar com suas críticas e seus combates.

Desde que apareceu o Sigma no campo da política brasileira, temos sido violentamente combatidos pelas forças da Direita que nos consideram um perigo para o predomínio que elas sempre exerceram nas esferas econômicas da Nação. Compreendendo perfeitamente que o Estado Forte pelo qual propugnamos, não poderá ser minado por suas influências ocultas como o débil e complacente Estado liberal. Por outro lado, não deixam de acusar os camisas-verdes de extremistas propugnadores de medidas financeiras e econômicas pouco diferentes das que constituem o núcleo da doutrina comunista...

A atitude integralista em face da questão social, a compreensão que temos da necessidade de distribuir justiça, a defesa intransigente que fazemos dos direitos das massas trabalhadoras, a repulsa que manifestamos pelas formas e os processos burgueses de apreciar os problemas da coletividade, a nossa posição claramente firmada nos setores de todas as atividades proletárias, a pregação que desenvolvemos para o alcance de uma nova economia e de uma nova política, tudo isto apavora certos elementos da Direita que não passam de egoístas e reacionários.

Por sua vez, as Esquerdas se colocam no polo oposto, procurando formar no espírito do povo uma impressão desfavorável sobre o Integralismo, por elas apresentada como simples perpetuação do poderio burguês e capitalista. Para os homens do comunismo e do socialismo, o Sigma é símbolo de opressão das massas, o emblema da reação patronal. Em verdade si as Esquerdas tentam levantar contra nós uma onda de repulsa e de ódio, é porque sentem a capacidade extraordinária que possuímos de conquistar o coração dos humildes e arrebatar as forças populares. Sentem os agitadores vermelhos que, dia a dia, vamos cativando a confiança das massas obreiras, sem nunca as arrastar à estupidez da destruição de tudo o que constitui a herança espiritual da civilização cristã.

Para as Direitas, o Integralismo é esquerdista; para as Esquerdas o Integralismo é direitista. Analisando esses juízos tão contraditórios dos dois grupos que encarniçadamente disputam o poder, o observador sincero e imparcial é forçado a uma única conclusão que é a seguinte: o Integralismo nada tem que ver nem com esquerdas, nem com direitas, pois é um movimento essencialmente nacional, desligado de todo e qualquer grupo particular, inteiramente alheio às disputas facciosas.

Em hipótese alguma seremos o anteparo dos interesses burgueses. Em hipótese alguma, pactuaremos com os marxistas na obra destruidora dos valores éticos da nacionalidade e da Cultura. Assim sendo, é claro que soframos os rudes ataques das forças da anti-pátria, das forças dissociadoras de cima e de baixo.

As Direitas querem conservar certas cousas que tambem nós queremos que sejam conservadas. As esquerdas, por outro lado, querem mudar e revolucionar determinadas cousas que nós tambem achamos necessário mudar e revolucionar. Isto não quer dizer, porém, que nos identifiquemos com umas ou com as outras. O que fizemos foi o estudo das pretensões de umas e de outras, chegando à conclusão de que ambas possuíam parcelas da verdade, mas parcelas da verdade que nada valiam isoladas ou postas umas contra as demais. Integramos e superamos as duas correntes. Colocamo-nos acima delas para Julga-las melhor. Harmonizamos o justo conservadorismo de umas com o justo revolucionar ismo das outras. Surgimos, então, como uma força nova, com diretrizes ideológicas preciosas, com uma linha de conduta inexoravelmente reta, e a intransigência própria dos que estão animados de legítima vontade de construir para durar.

Não somos nem da Direita, nem da Esquerda, porque não pertencemos a nenhuma classe, a nenhum grupo. Somos síntese porque a Nação é síntese. Somos a integração dos valores espirituais e materiais da Pátria. E na Pátria só os estrábicos enxergam direita e esquerda.

Publicado n’A RAZÃO, em 09 de Abril de 1937, p. 3.

quarta-feira, março 25, 2015

NÓS E OS FASCISTAS DA EUROPA (1936)

Nós e os fascistas da Europa (1936)


Miguel Reale

Uma revista francesa, tecendo elogios ao movimento integralista, considerou os “camisas verdes” filhos espirituais de Maurras, isto é, “nacionalistas integrais”.

Não pode haver engano maior.

Em primeiro lugar, Maurras reconhece a rigorosa necessidade da monarquia no mundo contemporâneo, enquanto que nós integralistas já fixamos de maneira claríssima a nossa orientação republicana.

Em segundo lugar, ele é Católico, intransigentemente católico, mas católico positivista à maneira de Oliveira Lima, por tradição, “católico histórico”, pelo fato de reconhecer no catolicismo um fator básico da grandeza nacional. O Integralismo, ao contrário, reúne católicos, protestantes e espíritas, e ainda nenhum integralista, com suficiente autoridade, fez exclusão desta ou daquela crença, nem será possível qualquer sectarismo em nossas fileiras.

Em terceiro lugar, para Maurras, Barrès, Bourget ou Léon Daudet, nada deve existir acima da Pátria, nem Justiça, nem Verdade, nem Razão.

Segundo a sua doutrina, exposta em linguagem áspera e mesmo violenta – o que não deixa de ser profundamente necessário na terra dos Léon Blun – segundo o “nacionalismo integral” há uma “justiça francesa” uma “verdade francesa”, uma “razão francesa”. Só o nacionalismo para eles tem existência real. O universalismo é aceitável tão-somente quando constitui expressão do gênio francês. A pátria gaulesa é o valor supremo, a realidade fundamental e eterna.

Ora, este exclusivismo patriótico não se enquadra de maneira alguma, dentro dos princípios integralistas. Um brasileiro que tentasse introduzir semelhantes pontos de vista estaria inconscientemente obedecendo a um exagerado nacionalismo gaulês. Seria brasileiro segundo o modelo de Maurras...

As “Diretrizes Integralistas”, em seu item II, fazem prevalecer o espiritual sobre o moral, o moral sobre o social, o social sobre o nacional, e o nacional sobre o particular.

De acordo com tal modo de ver, não consideramos a pátria um “valor supremo”, imutável, ponto de referência para todos os julgamentos.


A pátria para nós é uma realidade e um valor, não há dúvida. É uma realidade porque é uma resultante de natural elaboração histórica, e não um artifício do homem; e é um valor porque representa um patrimônio espiritual e material que umas gerações recebem de outras com a obrigação de legá-lo maior aos filhos e aos netos. E é ainda um valor porque os interesses econômicos só apresentam expressão concreta dentro dos limites nacionais. Eis por que, expondo a doutrina integralista, fazemos sempre questão de pôr em evidência o conceito de pátria como um “organismo ético, político, econômico e cultural”, “uma cooperativa naturalmente estabelecida pela divisão do trabalho”, uma “sociedade solidária constituída pelos trabalhadores do braço, do capital e da inteligência”.

Mas a Pátria não é eterna em sua forma. O que é eterno é a função a que ela se destina. Não podemos, com efeito, confundir a permanência das leis com a fixidez das formas. Na história encontramos muitas formas de Pátria, correspondendo todas elas a uma permanente função necessária, indispensável e natural à espécie humana. É claro, porém, que agimos “como se” a forma atual fosse eterna.

A história do Direito nos mostra que, originariamente particularista, ele foi se universalizando. O mesmo se dá com as instituições políticas. A Liberal-Democracia, por exemplo, após o seu triunfo teórico na França, estendeu-se a todos os países, com manifestações distintas segundo os lugares e as contingências históricas. O mesmo acontece hoje com o ideal da Democracia Corporativa, que dá Itália se estende a Portugal, à Áustria, à Letônia, à Alemanha, aos Estados Unidos e a todo o globo terrestre. Em verdade, nisso não há nada de espantoso. E não há nada mais imbecil que um liberal de 89 ou um socialdemocrata de Weimar acusar o “estrangeirismo” de um corporativista do Século XX. Quem assim procede, não examina a própria história, e desconhece a verdade contida nestas palavras de Cuvillier: “A consciência moral varia, mas ela varia de conformidade com certas leis que se podem resumir assim: especificação crescente da moralidade; espiritualização das noções morais; universalização dos direitos e deveres”.

Que o progresso moral e técnico nos conduz a uma universalização dos direitos e dos deveres, e, por conseguinte, uma identidade cada vez maior entre as formas nacionais de governo, eis uma verdade de grande evidência. Se hoje já se fala em universalização do direito penal, em universalização da moeda, não é por simples palpites, mas sim porque tal necessidade se faz sentir.

Nós devemos reconhecer esses fatos, sem que para isto seja necessário nos perdermos no sonho mirífico do internacionalismo burguês do século passado (1), internacionalismo lírico que teve como consequência o internacionalismo capitalista de um lado, e o internacionalismo marxista, do outro.

Como diz Höffding, “nós não somos antes membros da Família, criadores de cultura, cidadãos do Estado e depois homens, mas nós devemos justamente viver como homens em todas as circunstâncias que possam se apresentar no seio da família, da associação cultural ou do Estado, tratando-nos reciprocamente como homens”.

Somos universais sendo brasileiros, especificamente brasileiros, porque sabemos ser homens no círculo da família e da pátria. O que não devemos fazer é procurar no universalismo uma desculpa para não observarmos o que está perto. Ama a humanidade quem ama o seu próximo. Cria valores universais quem abre os olhos para as realidades concretas. Os “modismos” de cultura, o “cosmopolitismo” nas maneiras de sentir, de pensar e de agir, eis o que não se justifica, o que devemos evitar. Mas isto não é universalismo, mas contrabando que em nome dele se faz.

Nada de extraordinário, por conseguinte, que sejamos brasileiros, nacionalistamente brasileiros, e, ao mesmo tempo, apresentemos valores que se encontram também em movimentos fascistas europeus, como o de Mussolini, de Hitler e Salazar.

“Isso de quererem forçar-nos a ser iniciadores convencionais de uma civilização, fresca, virgem, espontânea – escreveu Tristão de Ataíde corrigindo os excessos do modernismo de 22 – será um erro tão crasso como qualquer academismo vulgar. Somos novos, como americanos. Somos velhos, como europeus”.
“Conciliar não – continua o pensador brasileiro – fundir as correntes contrárias que nos solicitam: a que vem de fora e a que vem da terra. A que importamos como alimento de cultura; e a que vivemos aqui como elemento de cultura. Alimento e elemento – não são apenas um mau trocadilho. São duas formas primárias de nosso espírito. Não podemos vivem sem os elementos locais primitivos, de uma mentalidade. Não podemos muito menos crescer sem alimentar esses elementos primários com a contribuição de cultura superior que o nosso espírito pede”.

Nós alimentamos os elementos político-sociais brasileiros com a lição da experiência alheia. Desde o início da propaganda, afirmamos o nosso propósito de tirar das experiências estrangeiras todo o sumo necessário ao desenvolvimento de nossa Pátria.

O Fascismo italiano contém muitos valores universais, aplicáveis a todos os povos ligados à cultura cristã. Mas o Fascismo foi se elaborando no terreno da práxis. À medida que as necessidades sociais foram se exprimindo em ordenamentos jurídicos e econômicos, revelaram-se os elementos essenciais de uma doutrina, cujos contornos já são nítidos, com a grande vantagem de ser uma “teoria vivida” e não apenas um quadro mental sem a verificação decisiva da experiência. O cunho empírico, pragmático e relativista do Fascismo foi tão notável que os italianos não perceberam, desde logo, o caráter universal de seus princípios. É estranho, mas é verdade. Fomos nós estrangeiros que mostramos aos peninsulares que a experiência do Duce não tem só um valor restrito à Itália, mas constitui uma experiência universal. Primeiro, Mussolini afirmou: “o Fascismo não é artigo de exportação”. Agora ele mesmo reconhece que o Fascismo é a doutrina universal do século. A princípio, a criatura foi maior que o criador...

Pensando bem, não é muito lógico falar em criador do Fascismo. A doutrina corporativista tem antecedentes no tempo e no espaço, tanto do domínio jurídico, como no econômico-social. Precursores são, por exemplo, Dupont White, Sismondi, List, Le Play, Gerber, Treitschke, Maurras, Sorel, Alberto Torres, etc., etc., cada qual cooperando com uma especial contribuição. Mussolini orientou a síntese, realizou o sincretismo das teorias, algumas delas consideradas até então contraditórias ou irredutíveis... Seu mérito é inexcedível, mas só mesmo a paixão nacionalista poderia considerar todo o “corporativismo” um produto genuíno da Itália...

Consideremos o problema fascista em relação ao integralista.

O espírito ou a índole do nosso nacionalismo não é idêntico do italiano.

Na Itália, os nacionalistas se impuseram a imensa tarefa de reviver as glórias do passado, no esplendor da disciplina das gerações novas. No Brasil a tarefa é mais árdua. Trata-se de revelar uma Nação, cuja palavra ainda não se fez ouvir, cujos valores espirituais o mundo desconhece e não poucos brasileiros ignoram.

O nacionalismo fascista foi uma afirmação violenta, reação natural contra esse Tratado de Versailles que satisfez o orgulho da França e a nunca saciada ambição britânica. Marcou, além do mais, a vitória do espírito nacional contra a traiçoeira fraternidade internacionalista dos centros maçônicos e o seu irmão gêmeo, o internacionalismo socialista.

O nacionalismo na pátria de Dante foi síntese dialética superadora da velha antinomia entre Burguesia e Proletariado, as duas classes antagônicas que olvidaram os ódios e as lutas ásperas, marchando juntas para o fogo das trincheiras, no instante trágico da ameaça às fronteiras.

O chefe socialista Mussolini, soldado nas linhas de vanguarda, quando a paz voltou sem restituir a ordem e a confiança, transformou-se no “duce” do socialismo nacionalista. No fogo das trincheiras operara-se uma das mais maravilhosas combinações históricas: o nacionalismo se tornara socialista, e o socialismo se tornara nacionalista.

As lutas de classes, os ódios classistas revelaram-se mais fracos que o amor que o homem normal tem pela própria Pátria...

1918 é um ponto de partida. Seus efeitos são universais. Pouco importa que o Brasil não tenha perdido milhares de seus filhos. Depois da Grande Guerra, no Brasil como na China, na Índia como na França, não há lugar para nacionalismo que não seja também socialismo, ou seja, que não contenha os elementos de uma profunda revolução social, de uma poderosa renovação nos costumes e hábitos da vida individual e coletiva.

A revolução não se prega mais em nome de uma classe: a revolução é o direito sagrado da Nação, da totalidade das forças nacionais.

Não basta, porém, sentir que uma revolução é necessária. É preciso saber para onde se vai, que objetivos imediatos ou mediatos se procuram, quais os métodos e quais as formas de atuação.

A experiência italiana demonstra que a revolução deve ser feita no sentido de dar uma base corporativa, e não mais partidária, à nova Democracia, tanto no setor dom ordenamento jurídico, da representação política, quanto no domínio das realizações econômicas. O Corporativismo, eis o objetivo final de ordem política.

E Corporativismo implica autoridade do Estado, anti-individualismo, ordem, hierarquia, como condições de liberdades concretas. O Fascismo, dessarte, foi uma grande escola de dinamismo, de “vitalidade”.

Em resumo, podemos dizer que Mussolini, jogando com dados positivos da experiência, estabeleceu estes pontos essenciais:
1°) a revolução social deve ser processada;
2º) dentro dos quadros morais das Nações;
3°) sob a superior orientação do Estado;
4º) sobre uma base sindical-corporativa;
5°) segundo o princípio da solidariedade que deve nortear os membros da coletividade nacional.

Nesse período cremos ter condensado o que há de essencial na doutrina fascista. A revolução não se processa por si, mas como um ato de vontade científico ou heroico, depende; não destrói as Nações, nem aniquila o Estado para o triunfo ridículo do “cidadão” ou a ilusória ditadura do “proletariado”...

O Integralismo, reconhecendo o valor universal dos cinco princípios acima, acrescentou um outro:

6°) sem ofensa dos direitos essenciais à personalidade humana.

Não que na Itália se ofendam os direitos da personalidade. Mas lá há mais vitalismo que propriamente espiritualismo. Cuida-se mais do esplendor da força material ou das manifestações coletivas, do que propriamente dos valores do espírito.

O Fascismo, do ponto de vista do espírito, é uma expressão transitória. O próprio Fascismo dia a dia se corrige, abandonando vícios pré-bélicos. (1)

Algum leitor pode estar pensando que desejaríamos que no Fascismo houvesse menos heroísmo e mais santidade. Mas não é tal. O Fascismo é uma política e não podemos, sem ofensa à lógica, ultrapassar as fronteiras da política. O que desejamos indicar é a existência de um sentido naturalista de vida na península renovada, um sentido cru da existência. O heroísmo e o sacrifício do “camisa preta” são índices de forças espirituais, mas estas forças não se revelam como tais.

O Integralismo, ao contrário, é espiritualista, francamente espiritualista. É uma revolução para o Brasil, sem servir a nenhuma crença em particular, mas, servindo a todas as crenças, porque serve aos valores eternos do espírito cristão.

Temos em relação à Europa duas superioridades: temos terras em abundância, não lutamos com angústias de espaço, nem sentimos a imperiosa necessidade de conquistar domínios; em segundo lugar, temos poucos compromissos ou contas a saldar, uma herança quase nula de ódios ou ressentimentos, de uma vida restrita no tempo.

O nacionalismo da Europa vive de desconfianças, de agressões, na previsão enervante de surpresas bélicas. Nós podemos e devemos ser nacionalistas, sem ser preciso fundamentar a nossa união no ódio ou no receio. É por isto que a luta racista não nos seduz. Preferimos construir o novo Estado sobre sólidos princípios positivos de afirmação de valores novos, do que traça-lo em função de ódios, segundo o compromisso de princípios negativos. Do Hitlerismo podemos tirar algumas lições em matéria de organização política e financeira, mas não sabemos em que nos poderia ser útil a tese da superioridade racial, tese que consulta uma situação local.


Nós brasileiros devemos nos libertar do jugo do capitalismo financeiro e do agiotarismo internacional, sem que para isso abandonemos os princípios éticos para descambarmos até aos preconceitos racistas. A moral não permite que se distinga entre o agiota judeu e o agiota que diz ser cristão; entre o açambarcador que frequenta a Cúria e o que frequenta a Sinagoga. O combate ao banqueirismo internacional e aos processos indecorosos dos capitalistas sem pátria, justifica-se no plano moral. E quando a pureza da norma ética está conosco, não se compreende bem qual a necessidade de outras justificações, que podem ser de efeito, mas que certamente são discutíveis.

Assim como repudiamos o racismo hitlerista, nós nos afastamos do cesarismo italiano, o qual tem a grande virtude de possibilitar gigantescos empreendimentos, mas tem também o defeito de deixar tudo em função de um só homem. O que se ganha em velocidade, compromete-se em durabilidade...

Somos, por assim dizer, mais democratas que os fascistas da Europa. Preferimos a colaboração popular a uma compressão de ordem física ou psíquica. Reconhecemos mais autonomia aos indivíduos e aos grupos. Tememos que a disciplina militarizada habitue os homens a esperar a iniciativa ou o auxílio do Estado, em todas as condições sociais. Para nós, o Estado deveria repetir a grande advertência: “ajuda-te que te ajudarei”.

Este reconhecimento de um maior círculo de atividade individual e grupalista não decorre unicamente de considerações abstratas, porém, consulta uma soma de realidades concretas, próprias de nosso meio.

Oliveira Viana, em um de seus estudos magistrais, observou que o Estado no Brasil não pode prescindir de uma ampla colaboração individual. É uma verdade. Se em toda parte é erro, no Brasil seria uma calamidade o enriquecimento do Estado à custa do empobrecimento dos particulares...

Nós recebemos de nossos antepassados o legado de muitos milhões de território. Cumpre-nos conquista-los. Nosso imperialismo já tem o objeto. Falta a vontade firme do sujeito dominador, porque nos faltou até agora a consciência de um dever comum.

Sendo possuidores, como somos, de tantas riquezas ainda para explorar, devemos ordenar a nossa economia não somente para criar valores trocáveis, como ensina a escola liberal, mas também para utilizar as forças produtivas.

Neste ponto cabe uma observação que consideramos de grande alcance.

Na Europa, os Estados objetivam a organização da vida econômica a fim de ganhar em intensidade o que não pode mais ser obtido satisfatoriamente em extensão, pelo fato simples de não existirem mais terras incultas ou matérias-primas inaproveitadas. Esta situação é tão grave, que a atenção dos técnicos já está voltada para o aproveitamento industrial de determinadas coisas que estavam à margem do ciclo produtivo devido o seu diminuto rendimento.

Nós, ao contrário, temos terra e temos matérias-primas. Pode ser que não sejamos o mais rico dos países; mas com certeza não somos dos mais pobres.

Se assim é, e se somos poucos, nosso dever é nos organizar para que a energia dos indivíduos não se estanque, mas se propulsione mediante a colaboração dos grupos associados e do Estado.

Como escrevi em “O Estado Moderno”, ainda estamos no período do desbravamento, no início de uma economia que ainda não se realizou em extensão, nem na realidade, nem nas obras dos cientistas, tão avultado é o número de riquezas ignoradas.

O erro das nossa economia tem sido este de intensificar a produção de certas riquezas, na exploração descontrolada do açúcar, do café ou do algodão, antes de ter se realizado em extensão. E todo fracasso de culturas isoladas tem constituído um empecilho ao desenvolvimento de novos setores da economia nacional, em virtude dos “déficits” acarretados e das quebras previsíveis.

O corporativismo integralista não pode esquecer essa observação fundamental. Deve ser plástico, adaptável a cada região, variável dentro de um sistema unitário pelos fins e não pelas formas.

É deste ponto que devemos partir para a apreciação do Federalismo Corporativo necessário ao Brasil
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1) Nota do Autor em 1983: Quando escrevi este estudo, não podia prever que iria acontecer exatamente o contrário, com o fascismo reduzido ao endeusamento do Estado totalitário e militarista.
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Publicado originalmente na Revista Panorama, Ano I, Abril-Maio de 1936, nº 6, página 11 e seguintes.


REALE, Miguel. Obras Políticas (1ª Fase – 1931/1937). Volume III. Brasília: UnB, 1983; transcrito da pagina 223 até 233.

quinta-feira, março 05, 2015

Integralismo: um novo paradigma


Resenha de "Integralismo: um novo paradigma"

O texto a seguir é uma Carta endereçada ao Professor Ubiratan Pimentel, e está sendo divulgada aqui com a sua autorização.

Rio de Janeiro, 26 de Fevereiro de 2015.
Ano LXXXII da Era Integralista.
Prezado Companheiro Ubiratan Pimentel.

Você tem insistido comigo que eu elaborasse uma Resenha sobre o Livro. Até aqui estava resistindo, mas, os muitos e muitos anos em que tenho a honra de privar da sua amizade já me conscientizaram de que, via de regra, você está certo quando se obstina em um ponto de vista. Portanto, aí vai a Resenha solicitada: 

O volume tem 141 páginas, e é dividido em 22 Capítulos.

Grosso modo, os Capítulos podem ser divididos em 05 blocos temáticos: Alertas aos que estão ingressando no Movimento; Doutrina Integralista; Integralismo e Religião; História do Integralismo; e, Integralismo e Economia.

Alertas aos que estão ingressando no Movimento: Infelizmente, e você sabe, querido Companheiro Pimentel que há muita bobagem sendo difundida por aí como sendo o Integralismo e daí ser necessário dar alguns avisos, o que fiz nos Capítulos I - "Contextualização da Doutrina Integralista", II - "O Erro NeoIntegralista", III - "O PseudoIntegralismo", e IV - "Ismos". O Capítulo I me parece o melhor desta seção, onde abordo a importância de não confundir os nossos Princípios Doutrinários, que são imutáveis, com afirmações meramente conjunturais e sem perenidade que também aparecem na nossa Literatura.

Doutrina Integralista:  Trato de diferentes aspectos da Doutrina Integralista nos Capítulos V - "Integralismo", VI - "A Concepção Integralista da Sociedade", VII - "O que pensamos das conspirações  e da politicagem de grupos e facções" (é um comentário ao Capítulo VI do Manifesto de Outubro), VIII - "O Homem Integral, de Plínio Salgado, seria o mesmo que o Super-Homem, de Nietzsche?" (você é citado neste Capítulo), e IX - "Os Corporativismos Integralista e fascista na Obra "O Estado Moderno" de Miguel Reale". Modéstia a parte, todos muito bons... 

Integralismo e Religião: Este é um tema que se presta a todos os absurdos e dedico ao mesmo os Capítulos X - "Integralismo e Religião", Capítulo XI - "Deus no Integralismo", XII - "O Integralismo e as Religiões", e XIII - "Catolicismo e Integralismo". Nestes Capítulos eu deixo claro que o Integralismo é Teísta, porém, não é confessional; que o Integralismo é uma Frente Única Espiritualista, que reúne Brasileiros de todos os Credos Religiosos (Cristãos e não-Cristãos); e, finalmente, que no Estado Integral haverá Liberdade Religiosa. Julgo o assunto tão relevante que estou escrevendo um Livro inteiro sobre ele, o título será "O Integralismo e as Religiões".

História do Integralismo: Onde trato de questões tópicas da nossa História: Capítulo XIV - "Manifesto de Outubro - Breve Resumo Histórico", XV - "A Manipulação da História", XVI - "O Integralismo e a Revolução Comunista de 1935", XVII - "Mais um texto anti-Integralista mascarado de estudo acadêmico", e XVIII - "Ao General Torres de Melo - Carta Aberta". Este último deve desagradar aos maníacos da intervenção militar...

Integralismo e Economia: XIX - "Revolução Agrária: Revolução Verde do Brasil" (você é citado numa nota de pé de página), XX - "A Revolução Agrária", XXI - "Integralismo e Capitalismo", e XXII - "A Economia Integralista" (que o Companheiro Victor Emanuel Vilela Barbuy considerou a melhor síntese das ideias econômicas do Integralismo). A Economia Integralista será objeto de outra Obra que estou elaborando.

Está ai a resenha. Aliás, está mais para uma descrição de conteúdo do que para uma resenha propriamente dita...

Pelo Bem do Brasil!
Anauê!


Sérgio de Vasconcellos


sexta-feira, agosto 13, 2010

Opinião de Miguel Reale sobre Plínio Salgado

Em 14 de Maio de 1978, Miguel Reale dá uma entrevista na qual aborda o Integralismo e, como não poderia deixar de ser, fala sobre Plínio Salgado. Resolvi transcrever abaixo uma parte da mesma, para que todos constatem qual era a opinião do insígne Jurista sobre o nosso Chefe:

"Não fui um dos fundadores do Integralismo. O Movimento surgiu em Outubro de 1932, com o Manifesto de Plínio Salgado. Nessa ocasião, eu fazia oposição ao Integralismo. Sou conterrâneo de Plínio Salgado, nascemos ambos em São Bento do Sapucaí. (...) O Integralismo, a meu ver, não surgiu como uma expressão de mimetismo de fenômenos como o fascismo e muito menos o nazismo. Inicialmente, o Integralismo foi uma meditação sobre os problemas brasileiros, o que se pode ver pela obra de Plínio Salgado, como por exemplo o seu romance "O Estrangeiro", que deveria merecer tanta atenção quanto "A Bagaceira", de José Américo de Almeida. Tanto na sua obra literária como na sua atuação política, Plínio reflete a meditação sobre a obra de Alberto Torres, Oliveira Vianna, Farias Brito, Tavares Bastos, Euclides da Cunha, que eram seus autores prediletos. De maneira que a sua formação inicial foi, digamos assim, cabocla. Aliás, sempre o considerei um grande caboclo, até pelo físico, pela maneira de ser.
"(...)
"Tomemos como exemplo Plínio Salgado.Ele tinha uma orientação eminentemente Católica. Sua formação política era baseada na doutrina social da Igreja, à qual se manteve vinculado até o fim. Isso, aliás, foi reconhecico pelos que na época falavam em nome da Igreja.
(...)
"Foi dito que ele" - Miguel Reale está se referindo a Plínio Salgado - "era um intelectual e acho que se manteve um intelectual até o fim. (...) Plínio Salgado era um político de cultura muito superior ao usual nos meios partidários. Cultura literária, filosófica e política. Era um temperamento irrequieto, um feixe de nervos, e com uma intuição fora do comum. Disse certa feita que a característica de sua inteligência era a intuição, que ele dtinha um gênio intuitivo, (...). Prevalecia nele um poder de intuição próprio do brasileiro. Intuição dos problemas sociais, políticos e uma grande capacidade de apostolado. Foi sobretudo um homem que mobilizava inteligências e a opinião pública, capaz de falar tanto ao intelectual como ao homem do povo, porquanto sua palavra vinha carregada de afetividade e sentimento. Jamais acreditou na direção do país tão-somente com idéias puras, ou seja, com idéias apenas através de conceitos. E entia a necessidade de governar lançando mão também dos elementos de comunicação, que envolvem sem dúvida aspectos afetivos. Era inegavelmente um homem que tinha uma dedicação à causa brasileira que não pode ser contestadas.
"Essa é a imagem que guardo de Plínio Salgado: um autodidata que passou do plano lietrário para o plano político sem solução de continuidade. Toda a sua doutrina política está nos seus romances. Se fizermos uma análise de sua obra literária, verificaremos como o literato passou de uma atitude puramente estética para outra de caráter político. Apesar de toda essa apresentação que corre por aí de um homem violento, Plínio Salgado no fundo era um tímido, e os que conviveram com ele sabem disso. Posso dizer-lhes que o Integralismo se preparou para tudo, menos para a conquista violenta do poder. "
MOTA, Lourenço Dantas. A História Vivida (I): [entrevistas]. [2. ed.]. São Paulo: O Estado de São Paulo, 1981. A Entrevista de Miguel Reale encontra-se entre as páginas 321 e 345. As passagens transcritas foram retiradas das páginas 324, 325, 327, 334 e 335

sábado, junho 19, 2010

Os Corporativismos Integralista e fascista na Obra “O Estado Moderno” de Miguel Reale

Sérgio de Vasconcellos*

Ao Companheiro Cezar Augusto Machado da Silva

O renomado Jurista Miguel Reale – recentemente falecido – ingressou no Integralismo em Novembro de 1932, tornando-se quase que imediatamente uma das figuras eminentes do Movimento. Numericamente, sua Bibliografia Integralista só é superada pela de Plínio Salgado e Gustavo Barroso. Paralelamente a intenção de escrever Obras de Divulgação Doutrinária, existia em Miguel Reale a preocupação em lançar os fundamentos jurídico-filosóficos do Estado Integral, e assim, publicou os seguintes Livros:
- O Estado Moderno (1934).
- Formação da Política Burguesa (1934).
- Perspectivas Integralistas (1935).
- O Capitalismo Internacional (1935).
- ABC do Integralismo (1935)
- Atualidades de um Mundo Antigo (1936).
- Atualidades Brasileiras (1937).
Todas estas Obras tiveram reedições.

A mais famosa, certamente, é “O Estado Moderno”, onde ele critica brilhantemente o liberalismo e sua concepção meramente jurídica do Estado, e traça vigorosamente os lineamentos do Estado Moderno, isto é, os do Estado Integral. Infelizmente, a compreensão desse Livro tem sido viciada, pois, como ele mesmo diz no Prefácio da 3ª edição, razões imperiosas determinaram que “O Estado Moderno” fosse publicado antes dos volumes que lhe preparariam o terreno, digamos assim. Eis as palavras exatas de Miguel Reale:
“A 3ª edição de “O Estado Moderno” sai agora, precisamente quando devia estar no prelo a primeira, isto é, depois de dois livros que o esclarecem e preparam: “Formação da Política Burguesa” e “ O Capitalismo Internacional”.
“Foi a atividade política que me levou a publicar o resultado final de minhas pesquisas antes de mostrar o caminho longo empreendido através da história em busca de um sentido de existência que, no caos presente, apenas se vislumbra.
“Sobre as exigências cronológicas do tempo prevaleceu a exigência fundamental do momento em que vivemos. Eis porque ainda me resta publicar o primeiro dos volumes pensados, “Duas Civilizações”, em que traço um paralelo entre a política romana e a grega(1).
Ao invés, portanto, de ser consultado após a leitura de “Atualidades de um Mundo Antigo”(o “Duas Civilizações” do Prefácio citado acima), de “Formação da Política Burguesa” e de “O Capitalismo Internacional”, que introduziriam o material necessário para uma plena compreensão de “O Estado Moderno”, este foi e ainda é lido em primeiro lugar, e os demais posteriormente, quando são lidos... Perde-se assim o sentido de conjunto das Obras citadas, que constituem, sem exagero, uma Tetralogia Integralista Realeana. Obras posteriores que chegaram a ser anunciadas, mas, que não foram publicadas, devido a funesta implantação do Estado Novo, “Concepção Integral do Direito”, e “O Estado Integral Brasileiro”, certamente aprofundariam tais estudos, e se tivessem vindo a lume, teríamos que falar em Hexalogia.e não em Tetralogia. Mas, em 1940, ainda na vigência do totalitarismo estadonovista ele edita “Fundamentos do Direito” e “Teoria do Direito e do Estado”, que trazem mais dados para a compreensão do Estado na concepção do insigne Miguel Reale.

Outro fator que oblitera o entendimento correto de “O Estado Moderno”, é que seu Autor faz larga e positiva alusão ao Estado fascista, e, obviamente, as inteligências simplistas deduzem: Miguel Reale elogia o fascismo, logo, ele é fascista; o fascismo é corporativista, o Integralismo também, logo, o Integralismo é fascista. Pronto e acabou-se! Lamentavelmente, este raciocínio obtuso é compartilhado por muita gente com título acadêmico, o que demonstra que não basta ter um curso superior para tornar alguém inteligente.

Antes de nos debruçarmos sobre “O Estado Moderno”, façamos um esclarecimento preliminar: O Corporativismo não é e nunca foi uma exclusividade do fascismo italiano. Existem e sempre existiram diversas correntes de pensamento corporativo, sendo o fascismo apenas UMA delas. A literatura corporativista é vasta, em diversos idiomas. Mesmo na Itália, entre os próprios teóricos fascistas, não havia unanimidade no pensamento corporativista. Constitui grave erro científico tentar ignorar as especificidades de cada corrente corporativa e as variações dentro de uma mesma corrente.

Mas, tentemos desfazer esta confusão criada pelas mentes simplistas dos acadêmicos que pontificam em nossas Universidades, examinando “O Estado Moderno”, buscando verificar se existem elementos que endossem a acusação de serem fascistas, o saudoso Companheiro Miguel Reale e o Integralismo.

A Obra “O Estado Moderno” está dividida em quatro partes, que o Autor designa como “ensaios”: Duas Épocas, O Estado demo-liberal, O Fenômeno fascista, e, Fundamentos do Estado Integral.

No 1º Ensaio, o Autor critica o naturalismo e o determinismo do liberalismo e do socialismo(2), os fragmentários conceitos do Homem(3), o unilateralismo das concepções vigentes até então(4). Mas, também assinala o surgimento de um novo espírito, que recusa as concepções e soluções parciais, buscando a realidade e as soluções orgânicas(5). É ainda neste Ensaio que faz a distinção importantíssima de “ser” e “dever ser”(6), e que afirma ser a Política Integral o conjunto de ciência política e moral(7).

O 2º Ensaio é dedicado a examinar o Estado Liberal Democrático. Assim, passa em revista o contratualismo(8), a fisiocracia(9), a igualdade formal diante das leis(10), a concepção exclusivamente jurídica do Estado(11), a desigualdade social e econômica(12), a não intervenção do Estado na economia(13) e as desastrosas conseqüências de tal absenteísmo e a reação que suscitou nos explorados, que exigiram a substituição da fictícia “liberdade contratual” pelos realísticos contratos coletivos de trabalho(14). Ante os trustes e cartéis do Alto Capitalismo erguiam-se os Sindicatos e as Federações dos Trabalhadores(15). Não controlando a Economia, o Estado Liberal termina por ser controlado pelas forças econômicas(16). O Estado deixa de ser uma síntese de aspirações para ser um simples instrumento do internacionalismo capitalista(17). Os bancos controlam as economias nacionais, impondo seus ditames aos produtores, agricultores, comerciantes, operários, etc(18). O Estado super-nacionalista capitalista dirige de fato os Estados ditos nacionais(19). Aborda também a adoção do liberalismo no Brasil e o artificialismo político que engendrou(20).

No “O Fenômeno fascista” – que é o 3º Ensaio – começa criticando aqueles que, ao estudarem o fascismo, o nazismo, o integralismo e o bolchevismo se prendem a um ponto de vista – jurídico, financeiro, econômico, etc. -, pois, tal reduzido campo visual não dá conta da totalidade do real, não abrange tais fenômenos na amplitude de suas manifestações(21). Em seguida, vai tratar das fontes do fascismo(22), versa sobre o sindicalismo(23), estatismo(24), o nacionalismo e o socialismo(25), o solidarismo(26) e o fascismo propriamente dito(27).

Finalmente, no Ensaio IV, “Fundamentos do Estado Integral”, sintetiza magistralmente o Estado Integralista. Principia conceituando o Estado(28), depois fala-nos do Estado Ético(29), da Economia Dirigida(30), da Democracia Integral(31), novamente do sindicalismo(32), e, termina com “O Integralismo e o Brasil”(33).

O simples exame do resumo – imperfeito, reconheço -, feito acima já nos demonstra a estultície dos que pretendem reduzir “O Estado Moderno” a mera literatura de propaganda do fascismo. Trata-se de Obra complexa e de leitura indispensável a todos os que querem pensar política e realisticamente o Brasil. A própria necessidade sentida pelo Autor de expor fascismo e Integralismo em Ensaios separados, já indicaria ao leitor sem idéias pré-concebidas que Miguel Reale entendia não serem idênticos, a despeito de quaisquer semelhanças reais ou aparentes ou circunstanciais. Todavia, o preconceito ideológico de liberais e marxistas não permite independência de vistas.

Mas, entremos num dos aspectos que, segundo os pseudo-estudiosos do Sigma, prova ser Integralismo e fascismo a mesma coisa, o corporativismo. O que nos diz Reale – na Obra que estamos comentando – sobre isso? Será que ele sustenta que o corporativismo fascista é igual ao do Integralismo? Vejamos.

Esclarece que o sindicalismo fascista difere do sindicalismo socialista, pois, deixa de ser o instrumento de um partido e da luta de classes, para ser órgão de participação dos produtores no Estado(34). Mas, o Estado Fascista afirma-se Estado Totalitário(35), em que o indivíduo é apenas um meio através do qual o Estado atinge seus fins próprios(36). É o Estado absorvente(37), sintetizado na fórmula “Tudo no Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”(38). Ora, apesar dessas é de outras opiniões críticas – que por brevidade, não abordamos -, Miguel Reale, com a largueza de vistas que sempre o caracterizou, assinala que existem vozes discordantes dentro do fascismo, que não concordam com o totalitarismo de Estado e que indicam outros rumos à revolução fascista(39), bem como tece elogios ao próprio Benito Mussolini(40). Tal atitude superior não pode ser aceita pelas mentes medíocres, que jamais conseguem ir além dos próprios preconceitos, que só vêem nas suas críticas uma dissimulação de sua verdadeira posição, a fascista. É triste, mas somos forçados a reconhecer que a deformação ideológica de certos indivíduos os incapacitam a ver os fatos como eles são. No entanto, só pelo que deixamos sintetizado neste parágrafo, qualquer pessoa inteligente já deduziria que o Estado Ético do Integralismo, o Estado Integral, não é idêntico ao Estado Totalitário do fascismo.

Agora, verifiquemos o que diz sobre o Estado Corporativo Integralista:
Também no Integralismo, os Sindicatos deixam de ser instrumentos na luta de classes, e assumem, então, funções políticas, econômicas, éticas e culturais(41). Dos Sindicatos, de base Municipal, passa-se para as Federações, Confederações, Corporações até chegar-se a Câmara Corporativa Nacional(42). Todavia, a Nação não é unicamente vida econômica, logo, ao lado da representação econômica deve existir a representação das categorias não-econômicas(43). E aí encontramos outra diferença fundamental em relação ao fascismo, pois, o corporativismo integralista não é exclusivamente econômico(44). O Integralismo não visa abolir a Democracia, pelo contrário, pretende instaurar o verdadeiro regime democrático(45). O Estado Integral é o Estado Ético, isto é, o Estado que é subordinado à moral, ao contrário do Estado hegeliano em que a moral é que se subordina ao Estado(46).

O confronto entre os dois sistemas corporativos, o fascista e o Integralista – conforme a exposição de Miguel Reale, que estamos resumindo -, evidencia que são bastante dissemelhantes e que a acusação de que o Integralismo copia o corporativismo fascista é insustentável, falsa mesmo, e só pode provir ou da má-fé ou da ignorância.

Até aqui acompanhamos “O Estado Moderno”, e a conclusão que chegamos, rigorosamente verdadeira, de que não são idênticos os corporativismos fascista e Integralista, impõe-se naturalmente a todos aqueles que ainda conseguem raciocinar por si mesmos. Mas, para que não reste dúvida, seguiremos a sugestão do próprio Miguel Reale que recomenda a leitura de “ABC do Integralismo” para melhor compreensão do corporativismo integralista(47).

No “ABC do Integralismo”, Miguel Reale dedica todo um Capítulo, denominado “Em Lugar dos Partidos, as Corporações”, a expor, em linguagem popular, o corporativismo integralista(48). E aí encontramos, porém, com maior desenvolvimento, todos os ítens que extraímos de “O Estado Moderno”, isto é, os sindicatos radicados nos Municípios(49), e as subsequentes esferas representativas, as Federações, nas províncias, e as Confederações e Corporações, no âmbito nacional(50), tendo por remate a Câmara Corporativa(51). Assim, realiza-se a verdadeira democracia(52). A representação corporativa no Integralismo, não contempla apenas as categorias econômicas, mas, também as corporações não econômicas, cujo mais alto órgão de expressão será o Conselho Nacional(53). Definindo claramente o que distíngüe o corporativismo fascista do Integralista, ele vai dizer:
“O corporativismo pregado pelo Integralismo é mais completo que o fascista, pois não consideramos apenas as corporações econômicas, mas também as corporações sociais e culturais da Nação, como as Igrejas, o exército, a magistratura, as sociedades das ciências e das artes.
“De mais a mais, enquanto na Itália ainda subsiste um Senado de base não corporativa e um Conselho originado do Partido Fascista (fora das corporações), nós Integralistas proclamamos que só é legítimo o poder constituído sobre alicerces corporativos.
“As corporações, portanto, não serão, no Brasil, subordinadas a um poder político de origem não corporativista: as próprias corporações serão o Estado”(54).

Finalizando, cremos que não haverá mais dúvida possível, os Corporativismos Integralista e fascista são dois sistemas distintos de organização do Estado, não havendo a menor possibilidade de um ser cópia do outro, pois, além de uma estrutura diversa, colimam finalidades diferentes. Como dissemos, existem variadas escolas corporativistas, que certamente compartilham alguns valores universais, como por exemplo a concepção grupalista da sociedade, que se contrapõe ao individualismo liberal e ao coletivismo socialista, mas, o Corporativismo Integralista é uma genuína e original construção de pensadores Brasileiros, e inteiramente adequado a nossa realidade, não é uma ideologia estrangeira importada e totalmente divorciada das reais necessidades do Povo Brasileiro, como o são o liberalismo, o socialismo, o anarquismo, etc. E se não fosse fugir por completo aos fins e aos limites deste trabalho, poderiamos aduzir mais elementos comprobatórios da não identidade entre Integralismo e fascismo, não só das demais Obras de Miguel Reale, mas, também das de Plínio Salgado, Gustavo Barroso, Tasso da Silveira, Anor Butler Maciel, Oswaldo Gouveia, Mourão Filho, Ferdinando Martino Filho, Jaime Regalo Pereira, Contreira Rodrigues, Cotrim Neto, Jaime Ferreira da Silva e tantos outros. Mas, cremos que aquilo que aqui sintetizamos da Obra de Miguel Reale é mais do que suficiente e não nos esqueçamos que, quando ele escreveu “O Estado Moderno” – e o “ABC do Integralismo”, também -, ele era o Secretário Nacional de Doutrina da Ação Integralista Brasileira, o que dá cunho oficial as suas palavras. Termino afirmando que Integralismo e fascismo não são a mesma coisa e quem disser o contrário é um imbecil.

Anauê!

* Σ – Comerciante – Rio de Janeiro(RJ).

Palestra proferida na Sede dos Núcleos Integralistas do Estado do Rio de Janeiro – NIERJ, em 2009.

Notas:
1 REALE, Miguel. O Estado Moderno. 3. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1935; página 9.
2 REALE, Miguel. O Estado Moderno. 1. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1934; página 11 e seguintes, e página 23 e seguintes.
3 REALE, Miguel, 1934, páginas 20 e 21.
4 REALE, Miguel, 1934, página 28 e seguintes.
5 REALE, Miguel, 1934, páginas 29, 30, 32, 54 e seguintes.
6 REALE, Miguel, 1934, página 42 e seguintes.
7 REALE, Miguel, 1934, página 48.
8 REALE, Miguel, 1934, página 65 e seguintes.
9 REALE, Miguel, 1934, página 72 e seguintes.
10 REALE, Miguel, 1934, página 85 e seguintes.
11 REALE, Miguel, 1934, página 93 e seguintes.
12 REALE, Miguel, 1934, página 95 e seguintes.
13 REALE, Miguel, 1934, páginas 96 e 97; páginas 102 e seguintes.
14 REALE, Miguel, 1934, páginas 98 e seguintes.
15 REALE, Miguel, 1934, página 100.
16 REALE, Miguel, 1934, páginas 100 e seguintes.
17 REALE, Miguel, 1934, páginas 116 e seguintes.
18 REALE, Miguel, 1934, página 121.
19 REALE, Miguel, 1934, página 122.
20 REALE, Miguel, 1934, página 124 e seguintes.
21 REALE, Miguel, 1934, páginas 133 e 134.
22 REALE, Miguel, 1934, página 134 e seguintes.
23 REALE, Miguel, 1934, página 134 e seguintes.
24 REALE, Miguel, 1934, página 145 e seguintes.
25 REALE, Miguel, 1934, página 158 e seguintes.
26 REALE, Miguel, 1934, página 167 e seguintes.
27 REALE, Miguel, 1934, página 172 e seguintes.
28 REALE, Miguel, 1934, página 179 e seguintes.
29 REALE, Miguel, 1934, página 192 e seguintes.
30 REALE, Miguel, 1934, página 200 e seguintes.
31 REALE, Miguel, 1934, página 213 e seguintes.
32 REALE, Miguel, 1934, página 224 e seguintes.
33 REALE, Miguel, 1934, página 234 e seguintes.
34 REALE, Miguel, 1934, páginas 134, 135 e 136.
35 REALE, Miguel, 1934, páginas 184 e 185.
36 REALE, Miguel, 1934, página 184.
37 REALE, Miguel, 1934, página 185.
38 REALE, Miguel, 1934, página 185.
39 REALE, Miguel, 1934, páginas 185 e 186.
40 REALE, Miguel, 1934, páginas 172 e 173.
41 REALE, Miguel, 1934, páginas 232 e 233.
42 REALE, Miguel, 1934, páginas 218 e seguintes.
43 REALE, Miguel, 1935, páginas 199 e 200.
44 REALE, Miguel, 1935, nota 1, páginas 199 e 200.
45 REALE, Miguel, 1934, página 219 e seguintes.
46 REALE, Miguel, 1934, páginas, 197, 198 e 199.
47 REALE, Miguel, 1935, nota 1, página 200.
48 REALE, Miguel. ABC do Integralismo. 1. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1935, páginas 71 e seguintes.
49 REALE, Miguel. ABC do Integralismo, páginas 78, 79, 81 até 87.
50 REALE, Miguel. ABC do Integralismo, páginas 78,79, 90 e seguintes.
51 REALE, Miguel. ABC do Integralismo, página 89.
52 REALE, Miguel. ABC do Integralismo, página 79 e 91.
53 REALE, Miguel. ABC do Integralismo, página 89.
54 REALE, Miguel. ABC do Integralismo, páginas 88 e 89.


terça-feira, março 11, 2008

Manifesto da Verdade

MANIFESTO DA VERDADE
B. T. da Silva*
Anauê!
Prezados Senhores e Senhoras, Integralistas ou não. Venho por meio deste Manifesto, engrandecer o Integralismo e desmentir as falsas afirmações de esquerdistas, marxistas, comunistas, socialistas, anarquistas e de todos aqueles que tem interesse em manchar o nome do Integralismo.
Já cansado de ver as falsas afirmações contra Integralismo e seus seguidores, decidi reunir várias passagens de textos, arquivos, documentos, matérias, artigos, etc. (cujas fontes estão devidamente relacionadas), onde coloco apenas trechos claros, que contradizem o que se anda falando por aí em livros, artigos, matérias, etc. E os reuni em um só texto, este texto, que atribuo o nome de “Manifesto da Verdade”.

Não era racista

Já vi inúmeras afirmações dizendo que o Integralismo era, ou tinha influência nazista, o que sugere àqueles que pouco ou nada sabem a respeito do Integralismo, que o Integralismo era racista. Cá está a comprovação de que o Integralismo não era racista, veja:
No Manifesto de Outubro de1932 (base da doutrina Integralista) no subtítulo “O Nosso Nacionalismo”, diz: “Os brasileiros das cidades não conhecem os pensadores, os escritores, os poetas nacionais. Envergonham-se também do caboclo e do negro de nossa terra”. Comentário: Desta forma, o manifesto está criticando a vergonha que sentem os cidadãos de “boa vida” (no caso os “brasileiros das cidades”, que na época eram em sua grande maioria brancos) em relação aos negros, mulatos, caboclos, mestiços, etc.
Encontrei também, visitando “sites” de Companheiros Integralistas - cuja visita desde já sugiro - fotos que refutam todas as falsas afirmações de que o Integralismo era nazista, fascista, etc.
No jornal “Folha de S. Paulo”, no caderno “Mais!”, dia 23 de novembro de 2003, na página 15, cujo título da matéria era “De ex-libertos a quase cidadãos”, do autor Flávio Gomes, em que relata as “batalhas” dos negros pela luta política, diz: “...Já a Guaraná de Sant’ Ana teve outros projetos. Fundou no Rio de Janeiro o “Partido Radical Nacionalista”, com a idéia da “união político-social dos descendentes da raça negra”, noticiou-se na ocasião. Tentaria fazer barulho com o seu periódico “Brasil Novo”. Certamente houve contradições. E, na história das organizações negras, como de qualquer outro movimento social, ocorreram oposições e debates internos. Podemos identificar as lógicas nacionalistas e as aproximações com o Integralismo...” ...E veja só quem então aparece na matéria, os comunistas, que dizem tanto lutar pelas causas sociais, veja mais adiante: “Experiências com socialistas e comunistas não foram menos conflituosas, quando em vários comícios lideranças se dirigiam aos negros como “cidadãos de cor preta”.

Não era fascista, nazista, anti-democrático ou ditatorial

Quanto a ser anti-democrático ou ditatorial, está claro, no Manifesto Programa de 1936, nas Preliminares, no item IV: “O Integralismo não é antidemocrático. Ao contrário, quando condena os partidos é porque visa substituí-los pelas corporações, órgãos que em nossos dias são os únicos capazes de captar e exprimir a vontade popular. O Integralismo, portanto, não é a doutrina ou a apologia da ditadura. O Estado Integral será um Estado forte, não para comprimir as liberdades legítimas e naturais, porém, para garanti-las contra o abuso dos poderosos preservando a Soberania Nacional, o bem-estar e a dignidade de cada brasileiro...”.
Quanto a ser nazista ou fascista, o Sr. Deputado Federal do PRONA-SP, Elimar Máximo Damasceno, e aqui abro uma parte, para agradecer em nome dos Integralistas não só pelos pronunciamentos que enriquecem a memória do Integralismo e do Nacionalismo, mas também pela força com que este preza pelo Brasil e sua soberania. Disse ele em seu pronunciamento do dia 16 de Julho de 2003, na Câmara Federal: “...Plínio Salgado combateu veementemente as ditaduras marxistas e nazistas quando afirmou: "Aparecem duas tisanas para as doenças da Europa: o comunismo e o fascismo. Ambos materialistas, decretam a falência da democracia: ou triunfa o imperialismo econômico baseado no nacionalismo, no fascismo, na ditadura militar, ou vence o imperialismo político da Terceira Internacional. Será esse o dilema para os povos da América?".

Não era anti-semita

Este sempre foi um problema para o Integralismo: A acusação de ser anti-semita, inclusive, confundindo as opiniões do grande escritor Gustavo Barroso a respeito.
Quanto aos trechos, no item II do Manifesto Programa(1936): “O Integralismo se propõe respeitar a liberdade de consciência e garantir a liberdade de cultos, desde que não constituam uma ameaça aos bons costumes...”.
No artigo “Quem tem medo de Plínio Salgado”, de Geraldo Mello Mourão, ele diz: “Vale a pena lembrar que a primeira denúncia brasileira contra o anti-semitismo e a perseguição aos judeus - pelo menos a primeira denúncia de peso - foi clamada por Plínio Salgado, quando advertiu que no movimento por ele fundado em 1932, o Integralismo, ninguém ousaria uma palavra contra a raça a que pertencia a mãe de Jesus Cristo. De resto, havia um grande número de judeus nas fileiras do Integralismo, e eu mesmo me lembro com emoção e com saudade de um querido companheiro daqueles tempos, o brilhante e bravo judeu Aben-Atar Neto. E tantos outros. Mas isso é outra história”.

Integralistas

Posso também comprovar que o Integralismo também não era racista, nazista, antidemocrático, fascista, anti-semita, ditatorial, etc, através das lições de vida e biografias de grandes Integralistas que serviram de base para a formação do Integralismo, como Plínio Salgado, Gustavo Barroso, Raymundo Padilha, Miguel Reale, Raimundo Barbosa Lima, Dom Hélder Câmara, Tasso da Silveira, e tantas outras pessoas importantes para o Integralismo. Para quem tiver interesse, procure biografias destes Integralistas, em “sites” Integralistas.

Livros

Fiquei indignado quando fui à livraria ver se encontrava livros de Plínio Salgado, Gustavo Barroso, Miguel Reale, ou qualquer outro livro a respeito do Integralismo, e não havia nenhum livro à venda! Plínio Salgado, que participou da Semana da Arte Moderna, um homem que tinha alto nível cultural, tnão encontrei nenhum, nem mesmo o célebre “Vida de Jesus”. Gustavo Barroso, por exemplo, escreveu 128 livros, foi membro da Academia Brasileira de Letras, etc, e também não se acha No lugar de livros destes grandes pensadores não só da política, como também da literatura brasileira, encontrei uma infinidade de livros de autores internacionais, um deles que falava a respeito da vida homossexual, outro que falava de “como cresce o anti-semitismo dentro da Igreja Católica”, etc.

Minha conclusão

Concluo este curto Manifesto, desafiando os anti-Integralistas para apresentarem, em “preto no branco”, ou seja, em afirmações, documentos, e comprovações sólidas, de que o Integralismo era racista, nazista, antidemocrático, fascista, anti-semita, ditatorial, etc.
Àqueles que tiverem interesse em divulgar este Manifesto em “sites” e outros, desde já eu autorizo, e que seja na íntegra.
Que o Brasil reviva a grande luta pelo nacionalismo!
São Paulo, Janeiro de 2004.
Por Deus, pela Pátria e pela Família!
Pelo Bem do Brasil!
Anauê!
* Σ - São Paulo – SP
Obs.: O Autor tinha 16 anos quando escreveu o seu Manifesto.

sábado, março 01, 2008

NACIONALISTAS

Nacionalistas

Cleiton de Oliveira*
Negar o Integralismo como expressão coerente do nacionalismo brasileiro é negar a maior expressão do nacionalismo em terras americanas, e talvez do mundo, pois até o momento não consegui identificar uma filosofia política/cultural mais completa e coerente que o Integralismo.
Nosso passado pode ter sido complexo, mas não podemos considerá-lo como sendo marcado pelo fracasso e nem como perverso, pois se assim fosse não teríamos motivos para nos orgulhar de nossa nacionalidade e de nosso passado histórico; e aí cairia por terra toda e qualquer identidade na qual o nacionalismo se apega como fator de coesão, e a história do Brasil não seria a geradora de nossa consciência de Nação. Neste ponto recomendo a leitura de dois livros básicos de Plínio Salgado: “Como Nasceram as Cidades do Brasil” e “Geografia Sentimental”.
O Integralismo de Plínio Salgado, de Gustavo Barroso, de Miguel Reale, de Tasso da Silveira, de Olympio Mourão Filho, de Victor Pujol, de J. Venceslau Junior, de Olbiano de Mello, e de tantos outros teóricos, é a maior expressão de nacionalismo, por conter preceitos universais válidos em todas as Eras humanas. Mas, não podemos nos privar de estar com um olho muito aberto vertido para o passado e o outro vertido para o futuro, e a consciência atenta para a contemporaneidade.
Somente mais duas notas de Alberto Torres, que deveria ser mais consultado: “A autonomia de um povo nasce em sua consciência: a raiz da personalidade é a mesma, no homem e na sociedade. Ter consciência significa, em seu mais alto grau, possuir, com os poderes de sensações e de percepção, o de formar juízos: juízos concretos, sobre as coisas; juízos abstratos, sobre as idéias. Juízos morais, sobre os sentimentos, que são como a faculdade superior do afeto. O sentimento é a razão da natureza emocional. O postulado de Sócrates: ‘a virtude é a sabedoria’, contém o germe desta verdade psicológica. A base da mais alta virtude humana está na sabedoria da coragem, da moderação e da prudência, externada na conduta, com o equilíbrio indefectível da ‘eudemonia’...” (TORRES, Alberto, O Problema Nacional Brasileiro, Ed. Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1978, 2ª ed. p. 47).
E outro texto de Torres, que é fonte de inspiração: “Bem mais próxima de meu pensamento é esta bela observação de Bergson de que a vida sendo a mobilidade, o amor maternal “observável até na solicitude da planta pela sua semente”, ”nos mostra cada geração inclinada sobre a que a seguirá”. A determinação da vida em criar a vida e a do passado e do presente em produzir o futuro são justamente duas idéias capitais de meu pensamento” (TORRES, Alberto, O Problema Mundial, Ed. Digital e-Book Brasil, 2000, www.eBooksBrasil.com, p. 16).
* Σ – Historiador – Goiânia – GO.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Integralismo e Nacionalismo

Integralismo e Nacionalismo.
Cleiton Oliveira*
Ninguém é dono do nacionalismo brasileiro, pois entendo que nacionalismo além de ser um conceito é, acima de tudo, um sentimento, um princípio – que se nasce com ele, ou se aprende a ter, ou então, como se explicaria um grande número de jovens verdadeiramente nacionalistas em um meio tão impropício para que apareça este principio? E dentro da “escola” nacionalista brasileira, inegavelmente, o Integralismo é a expressão máxima, não tenho dúvida.
O Integralismo é coerentemente a expressão do nacionalismo brasileiro. E sendo coerentemente brasileiro, não pode estar de acordo com muitos “nacionalistas” que estão muito mais para nacionalistas alemães, ou italianos, e por ai afora. Não é que estou contra esta ou aquela vertente nacionalista, deste ou daquele país. Dês que fiquem estritos as suas fronteiras, e defendam seus princípios internos – logo, externos a nós – não tenho restrições.
Quanto ao propósito do nacionalismo, ele deve ser mais AFIRMATIVO, e não uma mera referencia para todos aqueles que são anti-comunistas, anti-liberais, etc. Corroboro minha argumentação com as palavras de Miguel Reale, tratando de outro assunto, mas que nos cabe aqui:
“Há movimentos políticos que só apresentam valores negativos. São movimentos de homens congregados a fim de combater este ou aquele princípio, destruir esta ou aquela ordem de idéias ou de realidades.
“Neles nada encontramos de criador. Seu único objetivo é negar. Na negação reside toda a sua finalidade. Não afirmam, não traçam diretrizes, não aconselham rumos, não estabelecem soluções. Nem os preocupa o que deverá vir depois da destruição. Seus adeptos entusiasmam-se tão-somente com a luta demolidora. Seus dirigentes, levados pela ambição ou pelo ódio, esquecem-se desta profunda advertência que nos vem do fundo dos séculos: – ‘Quem não possui um plano sólido de reedificação, quem não tem capacidade suficiente para orientar a massa popular e dirigi-la no sentido de um ideal ético, não tem o direito de acender no coração do povo o facho da Revolução’.” (REALE, Miguel, “Atualidades Brasileiras”, 2ª edição – Editora Universidade de Brasília – 1983 – pág. 73. “Obras Políticas” – Tomo III)
A revolução do nacionalismo brasileiro é o Integralismo, pois, engloba não só o patriotismo dos militares e o nacionalismo político/eleitoreiro de alguns partidos, mas, ultrapassa-os em significado e finalidade.
* Σ – Historiador - Goiânia - Goiás.