domingo, maio 25, 2008

O Candidato do Povo

EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA:
Em 1937, houve um plebiscito interno na Ação Integralista Brasileira para decidir quem os Integralistas escolheriam para ser seu Candidato às eleições de Janeiro de 1938. O Chefe Nacional Plínio Salgado saiu vencedor do plebiscito com quase 800.000 votos.

O Artigo que a seguir transcrevemos é um eloqüente documento da Democracia Integralista.

Pelo Bem do Brasil!
Anauê!
Sérgio de Vasconcellos.

O Candidato do Povo.

Manoel Ferraz Hasslocher (diretor da Revista “Anauê!”)

Embora Plínio Salgado, Chefe Nacional da Ação Integralista Brasileira, tenha, mais de uma vez afirmado em artigos, livros, discursos e conferências, que os regimes ditatoriais só são aceitos por povos bárbaros, os adversários ignorantes e inescrupulosos do Sigma ainda procuram atacar o movimento dos “camisas verdes” dizendo-o ser antidemocrático. Essa a pecha com a qual procuram comprometer o Integralismo perante o povo brasileiro. Porém o Chefe Nacional tem sabido com fatos concretos, materiais, destruir tal afirmação a todo momento fazendo os seus soldados participarem da responsabilidade de orientação e de direção do movimento integralista.

O plebiscito realizado no mês de maio é uma das provas mais evidentes e tocantes de que o Chefe Supremo confia, de modo absoluto no critério, no bom senso, na honestidade e na consciência de seus comandados porque só a eles entregou a solução do gravíssimo problema concernente à escolha de um candidato que, nas próximas eleições presidenciais, deverá comparecer perante o eleitorado do país, desfraldando a bandeira Azul e Branca dos princípios fundamentais da Doutrina do Sigma.

Por isso, em todos os núcleos do Brasil, no mesmo dia e na mesma hora, os “camisas verdes” foram chamados a dizer, alto e bom som, sem constrangimento de qualquer espécie, livremente manifestando o seu pensar, qual o companheiro que julgavam dever representá-los como candidato à Presidência da República na próxima jornada eleitoral.

Esse o mais vivo e puro ato de fé e confiança democrática já praticado entre nós pela Chefia de quaisquer dos movimentos ou partidos políticos em outros tempos existentes, ou que ainda atuem no cenário nacional. Eis porque não poderá haver candidato mais democrático do que aquele que se originou desse plebiscito. Pois este não é fruto de conchavos, de combinações partidárias, de acordo entre governadores representantes de oligarquias regionais, porém a verdadeira expressão do querer de mais de oitocentos mil brasileiros que o apontaram à Nação como digno e capaz de conduzi-la para o seu engrandecimento e glória.

Plínio Salgado é, portanto, o único candidato do Povo.

Sem contar com a proteção dos palácios, dos magnatas das altas finanças, dos chefetes eleitorais, ele e os seus adeptos têm trabalhado com desinteresse e denodo, na realização da mais vasta obra de organização nacional até hoje planejada no Brasil. Obra essa que já vem sendo executada com grande êxito por todos os quadrantes do país, através de centenas e centenas de lactários, ambulatórios e postos médicos, escolas, restaurantes populares, centros de assistência e muitas outras iniciativas que bem atestam o dinamismo e a eficiência do pensamento político e social da Ação Integralista Brasileira. E tudo isso é feito apenas com a colaboração e auxílio de brasileiros. Nem um níquel si quer, para tal fim, saiu dos tesouros públicos ou das caixas fortes do Capitalismo Internacional.

Esta a esplendida folha de serviços já prestados à nossa Pátria por Plínio Salgado, a magnífica credencial com que milhares e milhares de brasileiros o indicaram à Nação na qualidade de legítimo representante do Povo, candidato que só ao Povo entrega o destino da sua candidatura à Presidência da República.

(Transcrito da Revista “Anauê!”, Rio de Janeiro, Ano III, Numero 17, 1º de Julho de 1937, pág. 11.)

Trechos de uma Carta

Trechos de uma Carta.
PLÍNIO SALGADO.

Em 24 de abril de 1934

Respondo às suas perguntas:

NACIONALISMO E INTERNACIONALISMO

Somos nacionalistas, não somos jacobinistas. Aceitamos idéias universais, repudiamos o cosmopolitismo. Desejamos, no futuro (quando as autoridades nacionais estiverem recompostas) um internacionalismo de Pátrias; renegamos o internacionalismo de indivíduos. As crises atuais (superprodução, os sem trabalho, a insolvabilidade das nações, a luta de classes) têm como causa a crise de autoridade dos governos; a "soberania nacional" é meramente política: A soberania financeira pertence aos banqueiros, ao super-capitalismo. Por conseqüência, a primeira etapa das nações será o nacionalismo que fortalece a autoridade. Nacionalismo compreende todas as forças vivas e atuantes do país. A propaganda Integralista deve, portanto, ser feita no seio das colônias estrangeiras, sem, contudo, se permitir que estrangeiros tenham preponderância no movimento.

Não sustentamos preconceitos de raça; pelo contrário, afirmamos ser o povo e a raça brasileiros tão superiores como quaisquer outros. Em relação ao judeu, não nutrimos contra essa raça nenhuma prevenção. Tanto que desejamos vê-la em pé de igualdade com as demais raças, isto é, misturando-se, pelo casamento, com os cristãos. Como estes não são intransigentes nesse sentido, desejamos que tal inferioridade não subsista nos judeus porque uma raça inteligente não deve continuar a manter preconceitos bárbaros.

RAÇAS E CAPITALISMO

Quanto ao capitalismo judeu, na realidade, ele não existe como tal. O que se dá é apenas uma coincidência: Mais de 60% do agiotarismo internacional está nas mãos israelitas. Isso não quer dizer que sejam eles os responsáveis exclusivos pelas desgraças atuais do mundo. Com o advento do Estado Integralista, por conseguinte a queda da Economia Liberal, o ritmo econômico se altera completamente, passando os governos a exercer controle sobre os fenômenos da produção, da circulação, do consumo e sobre as atividades técnicas e do trabalho. O capitalismo internacional será uma reminiscência de museu. Tornando-se o mundo todo Integralista, a humanidade ficará livre da ditadura das Bolsas e dos aparelhamentos particulares de crédito. A unidade da moeda restituirá a soberania financeira dos povos. O intermediário será um objeto arqueológico. Os conflitos sociais, livres da fatalidade da concorrência internacional que altera o preço dos salários, terão quase solução automática, fortalecendo-se, dess’arte, o prestigio das magistraturas do trabalho. Nessas condições, não podemos querer hoje mal ao judeu, pelo fato de ser o principal detentor do ouro, portanto principal responsável pela balburdia econômico-financeira que atormenta os povos, especialmente os semi-coloniais como nós, da América do Sul. O judeu capitalista é igual a um cristão-capitalista: Sinais de uma época de democracia-liberal. Ambos, não terão mais razão de ser porque a humanidade se libertará da escravidão dos juros e do latrocínio do jogo das Bolsas e das manobras banqueiristas. A animosidade contra os judeus é, além do mais, anticristã e, como tal, até condenada pelo próprio catolicismo. A guerra que se fez a essa raça, na Alemanha, foi, nos seus exageros, inspirada pelo paganismo e pelo preconceito de raça. O problema do mundo é ético e não étnico.

VERDADES HISTORICAS

E já que falamos em ética, focalizo um tópico de sua carta relativo ao "poderio comercial e financeiro do grande povo holandês" em outros tempos. Realmente, no alvorecer do individualismo econômico e da internacionalização do comércio, houve aquele poderio da Holanda, mas não do "povo holandês". Recentemente esse poderio pertenceu ao capitalismo instalado na Inglaterra, mas a miséria do povo inglês foi concomitante. Os movimentos trabalhistas na Inglaterra provam isso; a fixação de Marx e Engels em Londres demonstrou que a opressão do povo criava um clima para as revoltas sociais. O esplendor da City e da Wall-Street não significaram o poder de britânicos e americanos: Miseráveis dormiam nos bancos das Avenidas e a crise dos "sem trabalho" não é uma expressão de poderio. O capitalismo não tem Pátria. Ele se instala onde melhor lhe convém num momento histórico. A sua política é super-nacional porque exprime os interesses fora do âmbito do Estado.

SOLUÇÕES INTEGRALISTAS

Tudo isso vem confirmar o que disse atrás: Criado o Estado Integral, já não interessará a canalização de capitais porque a Economia não será mais regida por um conceito estático, que é o da moeda, transformada em mercadoria, porém pelo conceito dinâmico da produção. As possibilidades da produção e a honra dos governos serão, quando o mundo todo for Integralista, verdadeiros lastros do dinheiro, transformado por um novo sentido de economia, executando seu legitimo papel de agente intermediário, e não mais em algoz do gênero humano, em opressor das nacionalidades, como o Brasil, preso, ha cem anos, na gaveta de Rotschild. No integralismo, o judeu se apaziguará com os outros povos. Raiará uma época de verdadeira fraternidade. O longo fadário, a angustia do israelita cessarão. Esse povo poderá até ter o direito de construir a sua própria nação, entregando-se aos trabalhos do campo e das fabricas, cooperando com sua grande inteligência para a civilização, livre agora das desconfianças que desperta e em que vive, o que o leva a isolar-se e a enquistar-se nas pátrias alheias. Não podemos odiar uma raça da qual saiu Jesus Cristo. Veja, pois, que o nosso ponto de vista é superior a respeito dos problemas. Não combatemos nem raças nem classes: Insurgimo-nos contra uma civilização.

PACIFISMO

Somos pacifistas. Queremos a união de todas as nações sul-americanas porque nossos problemas, nossa escravidão são idênticas. Denunciamos, porém, à Nação uma certa Liga Anti-Guerreira, que é comunista. O pacifismo pregado pela III Internacional está em desacordo: 1º) - com os métodos de violência preconizados por Sorél e adotado pelo bolchevismo; 2º) - com o formidável exército vermelho que escraviza os proletários e os camponeses na Rússia; 3º) - com as guerras ateadas na China pelos agentes de Moscou. - Cumpre notar: Não confundir o nosso pacifismo com passivismo".

PLINIO SALGADO ("Panorama" - Ano I - Abril e Maio de 1936 - Nº 4 e 5 - págs. 3, 4 e 5.)

sexta-feira, maio 02, 2008

O Integralismo e a Educação


O INTEGRALISMO E A EDUCAÇÃO


Plínio Salgado
Nos jornais e revistas que o Integralismo publicou em 1932 a 1937, em livros desse período e dos anos posteriores até hoje, até o presente, foi exposto o pensamento dos adeptos do Sigma sobre Educação, quer no tocante aos aspectos gerais do problema, seus fundamentos filosóficos e sua objetivação, assim como no referente a setores particulares ou especializados das atividades educacionais.
Obedecendo, embora à mesma orientação filosófica, os autores escreveram segundo interpretações pessoais, produzindo trabalhos esparsos, sem a preocupação de realizar uma sistemática educacional. No entanto se verifica em todos esses escritos, um único pensamento: o da educação integral, para o homem integral.
Se a educação visa a formação do Homem, cumpre, antes de tudo, firmar um conceito do Homem. Segundo o critério Integralista, o Homem deve ser tomado no conjunto de sua personalidade. E para se ter essa noção de conjunto, temos de considerar o Ser Humano: 1ª) – como ele é; 2º) – como funciona subjetivamente; 3º) – como funciona, para atingir a plena realização de si mesmo, no meio social.
Para o Integralismo, o Homem é uma dualidade consubstancial exprimindo-se numa unidade substancial, definição de Boécio que nos faz compreender que o Homem não é apenas corpo, nem apenas espírito, mas as duas coisas intimamente ligadas. Diremos mais claramente: o Homem é um ser racional, criado à imagem e semelhança de Deus, seu criador, com direitos e deveres inerentes e decorrentes da sua racionalidade e da sua finalidade. O objetivo principal do Homem é, portanto, a realização plena da sua personalidade segundo sua natureza e seu destino.
O papel, por conseguinte, da Educação, é dar ao Homem os meios para que essa realização se efetive. Essa primeira consideração quanto ao que o Homem é, leva-nos à segunda, que passa do campo da filosofia para o da especialização psicológica, fisiológica e biológica, para sabermos como o Homem funciona segundo ele próprio, segundo a sua natureza corporal e espiritual. Sendo toda obra educativa uma interferência de alguém em alguém, ela pode tornar-se uma coação, no sentido de deturpar, deformar ou transformar a personalidade. Não iremos ao exagero de Rousseau e dos excessos individualistas, mas, não podemos deixar de reconhecer que a melhor das educações é a que não violente a pessoa humana, conformando-a para finalidades outras que não sejam a própria finalidade do Homem, segundo sua natureza e seu destino decorrente dessa mesma natureza.
Fala-se hoje em “educar para a democracia”, “educar para a liberdade”, “educar para o nacionalismo”, “educar para o socialismo”, “educar para o desenvolvimento econômico e técnico”; só não se fala em preparar o Homem para si mesmo.
Mas é aqui que transitamos do campo da psicologia, da fisiologia, da biologia, que compreende a educação moral, física e estética, para entrarmos no campo da sociologia, isto é, do funcionamento do Homem no meio social, não só para que este seja beneficiado pelo esforço e cooperação de cada um e de todos, como para que seja cada um beneficiado pela soma e condições de bens comuns que constituem a zona de condomínio de todas as pessoas e grupos naturais.
Esta terceira consideração sobre a finalidade da educação oferece-nos novos dados para uma melhor compreensão da personalidade. Longe de diminuir a potencia de afirmação do Ser Humano, o convívio e a participação no meio social elevam o índice dessa potencialidade. Em última análise, a personalidade não é apenas o Ser em Si, mas o Ser em face de outros Seres. Personalidade é consciência de diferenciação. A diferenciação é resultante de comparação. E a comparação se efetiva no convívio.
É no convívio que se exprimem as diversidades de vocações, de aptidões, de tipos de inteligência, de temperamento, como se notam as afinidades, as semelhanças, as preferências. Segundo as diversidades os homens trocam benefícios; segundo as afinidades, fortalecem o esforço realizador e defendem seus interesses naquilo que estes têm de comum. A personalidade individual se fortalece pela sua participação numa família (diferente das outras) onde, por sua vez é um membro diferenciado dos demais; pela participação no grupo profissional (distinto dos outros grupos profissionais); pela participação na associação cultural; pela participação no Município ou na Província, na Sociedade Religiosa, no Grupo Nacional. Além dos caracteres físicos e psicológicos diferenciadores, o convívio social oferece a identificação de família, e profissão, de grau de cultura, de municipalidade, de provincialidade, de religião, de nacionalidade.
A educação, portanto, no sentido de instruir para maior eficiência na cooperação social completa a que visa dar-lhe expansão plena no seu desenvolvimento físico e espiritual.
Este, em linhas gerais, o conceito da educação decorrente da filosofia integralista e dos seus critérios interpretativos dos valores humanos, sociais e nacionais.
(Excerto extraído das págs. 7, 8, 9, 10, e 11 de "O Integralismo e a Educação" - Rio de Janeiro - Livraria Clássica Brasileira/Edições GRD - s/data - 217 págs. - "Enciclopédia do Integralismo" - Vol. IX).