domingo, agosto 08, 2010

O Integralismo e os pseudo-Integralismos*

Sérgio de Vasconcellos**.

Companheiros.

Em 2005 lancei uma “Carta Aberta aos Integralistas”, onde manifestava minha preocupação sobre um pseudo-Integralismo, denunciando-o como uma proposital adulteração da nossa Doutrina. Se aquele pretenso Integralismo hoje está praticamente extinto, nem por isso outros pseudo-Integralismos deixaram de rondar e conspirar contra a Unidade Doutrinária do Movimento Integralista. Assim, para que os Companheiros ainda neófitos possam saber distinguir perfeitamente o verdadeiro Integralismo dos Integralismos falsificados e mesmo aquilatar o grau de periculosidade de tais falsificações, resolvi alinhavar as considerações a seguir.

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O Integralismo tem uma concepção própria do Universo e do Homem, exposta por Plínio Salgado, e sobre a qual toda a Doutrina Integralista está construída. Uma pessoa ou movimento que se diga Integralista, mas espose uma outra concepção, em geral apontada como “nova concepção Integralista”, produto de uma renovação, de uma revisão da nossa Doutrina, deve ser logo rejeitada. Ora, se não é a mesma concepção do mundo proposta por Plínio Salgado, desde o Manifesto de Outubro, e sustentada por todos os demais Teóricos Integralistas, nos 76 anos de existência do Integralismo, então, logicamente, NÃO É INTEGRALISMO!

Vejamos o que o Chefe Nacional nos diz a respeito:

“(...)o Manifesto de Outubro contém uma parte essencial imutável e UMA PARTE ACIDENTAL SUJEITA A MODIFICAÇÕES IMPOSTAS PELAS CIRCUNSTÂNCIAS HISTÓRICAS SUPERVENIENTES...”.

Frisemos, uma parte “ESSENCIAL IMUTÁVEL” e outra “SUJEITA A MODIFICAÇÕES”. Mas, o que seria a parte “essencial imutável”? E a parte mutável o que seria? O Chefe, no mesmo parágrafo vai nos responder: A parte ESSENCIAL IMUTÁVEL é “uma orientação filosófica”; e a parte mutável, “(...)as soluções práticas do problema do Estado, e mais ainda, o programa de ação(...)”. E o próprio Plínio Salgado, no parágrafo seguinte é de clareza meridiana:

“A parte essencial do Manifesto conserva-se até hoje intangível; mas conquanto trouxesse, naquele documento, firmes e nítidos lineamentos acerca da concepção do Universo, do Homem, dos Grupos Naturais, da Sociedade, da Nação e do Estado, não ia além das afirmações categóricas a respeito desses temas, deixando para que, em outros documentos e estudos, se desenvolvessem, de modo mais completo, mais preciso e mais claro, as idéias então lançadas como indicações de rumos.
“Essa clarificação das idéias fundamentais do Manifesto de Outubro foi realizada em documentos posteriores,(...)”.(“O Integralismo na Vida Brasileira”, págs. 21 e 22).

Portanto, é uma pretensão descabida essa de “atualizar” a nossa Doutrina, pois, o Chefe já previra a necessidade de modificações na parte acidental, e, por outro lado, afirmara peremptoriamente que a Doutrina em si, é IMUTÁVEL e INTANGÍVEL. E, não querendo alongar-me inconvenientemente, sugiro aos que desejarem eliminar definitivamente qualquer dúvida, que leiam o Capítulo “Doutrina e Programa”, págs. 163 e segs. de “O Integralismo na Vida Brasileira”, onde o Chefe esmiuça a questão.


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Um ponto crucial que parece incomodar bastante os pseudo-Integralistas é a posição de Deus na nossa Doutrina: Desde os nietzscheanos, passando pelos cientificistas e chegando aos pseudo-tradicionalistas, todos, enfim, querem que o nosso Movimento altere a Doutrina, seja tornando-a antropocêntrica, seja tornando-a cientificista, seja tornando-a confessional.

O cientificismo é uma ideologia surgida no Século XIX e que atualmente permeia até os pensamentos mais prosaicos... O Integralismo sempre criticou essa atitude intelectual que quer submeter a Religião e a Filosofia aos ditames da Ciência, pois, essa, com suas teorias sempre transitórias, não pode servir de critério à Verdade. Portanto, tentar provar a existência de Deus ou alicerçar a Fé na Ciência, não faz o menor sentido à luz do Integralismo. Querer embasar o sólido (o Espiritualismo) no transitório (a Ciência) é inaceitável pelo Integralismo.

O Integralismo é uma Frente Ampla Espiritualista contra o Materialismo avassalador do Mundo Contemporâneo. Coerentemente com uma tal proposta, o Integralismo não ultrapassa os seus limites fazendo definições de caráter Teológico. Cabe a cada Religião instruir os seus seguidores. O Integralismo apenas afirma certas verdades indiscutíveis: A existência de Deus, a intervenção providencial de Deus na História, a Imortalidade da Alma Humana, mas, não cogita de ensinar Religião a ninguém – aliás, na antiga A.I.B. era terminantemente proibido discutir Religião -, nem define dogmas religiosos. Vou dar exemplo prático: Nós, Integralistas, afirmamos a Imortalidade da Alma, mas, qual o destino imediato da Alma após a morte - se vai para o Céu ou Purgatório ou Inferno(Católicos), se vai para o Inferno ou Céu(Protestantes), se fica “adormecida” até o Dia do Juízo Final(certas denominações Protestantes), se vai Reencarnar ou partir para outros Planos de Existência (Espiritismo, Esoterismo, Religiões Orientais) ou qualquer outro -, não é matéria de definição Doutrinária Integralista. Cada um de nós, segue aquilo que nos ensina a nossa Religião acerca de Deus e da Imortalidade da Alma, e podemos pertencer ao Integralismo sem qualquer conflito de consciência, exatamente porque a Doutrina Integralista limitou-se apenas a sustentar a existência de Deus e a Imortalidade da Alma, sem entrar em definições de caráter religioso.

Quanto ao antropocentrismo, nenhuma relação pode ter com o Integralismo, pois, como diz Plínio Salgado: “O Homem não pode procurar alicerce em si mesmo, porque o seu alicerce único só pode ser Deus” (“O Ritmo da História”, pág. 66). Contrapondo-se a ideologia antropêntrica e individualista da burguesia, que pode ser resumida na máxima do velho Protágoras, “o homem é a medida de todas as coisas”, o Chefe Nacional Plínio Salgado afirmará, para escândalo geral dos materialistas, “Deus é a medida do Homem” (“Primeiro, Cristo!”, pág. 36). Assim, é impossível um Integralismo antropocêntrico: O Integralismo é Teocêntrico.

Todas essas tentativas e propostas de mudança no próprio cerne da nossa Doutrina, são formas sutis de dar combate ao Integralismo, evitando-se o confronto direto, que certamente suscitaria o interesse de muitos sobre o Integralismo. Ora, se tais adulterações fossem acolhidas, o Movimento se descaracterizaria, esvaziando-se como Idéia-Força, enfraquecendo-se até desaparecer silenciosamente no esquecimento completo. Tal estratégia não é nova e vem sendo aplicada com sucesso pelos Inimigos do Gênero Humano em diversas frentes de luta. Eis alguns exemplos: O Natal, a festa magna da Cristandade, foi transformado por empresários anti-Cristãos e gananciosos numa data em que as pessoas trocam presentes, esquecidas do Natalício de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas, concentradas na imagem de Papai Noel e o seu saco de presentes... O Apóstolo São Paulo disse-nos que, se Nosso Senhor Jesus Cristo não ressuscitou, a Fé é vã, pois bem, empresários gananciosos e anti-Cristãos, espertamente, ao invés de tentarem combater a historicidade da Ressurreição, encontraram um jeito de apagá-la dos corações e das mentes, transformando a Páscoa, festa em que se comemora a Ressurreição do Salvador, numa data em que são presenteados ovos de chocolate e em que a presença de Nosso Senhor é substituída por um coelhinho... O mundo debate-se com o grave problema da degradação ambiental do planeta, pois bem, empresários gananciosos e anti-Cristãos, os verdadeiros responsáveis pela poluição global, criaram e financiam várias ONG’s, dedicadas a alertar à Humanidade do grave problema, principalmente nos Países do chamado 3º Mundo, onde se instalam e passam a vigiar e monitorar todas as iniciativas que signifiquem o desenvolvimento econômico, sempre denunciadas como poluidoras...

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Mas, não apenas adulteram as Bases do Pensamento Integralista, os Pseudo-Integralistas, pois, outra característica dos mesmos é o menosprezo à Teoria e uma supervalorização da Prática: “Ninguém aprende nada nos Livros”, “o Integralismo foi e deve voltar a ser movimento de massa”, “Integralismo se faz na rua, marchando, queimando bandeiras adversárias”, etc. Essa é a mentalidade que tratam de criar nos jovens que se aproximam dos movimentos pseudo-Integralistas, engajando-os em todo tipo de atividades, e afastando-os da autêntica Doutrina Integralista, que é substituída por palavras de ordem, textos motivacionais e outras bobagens. Evidentemente, nada disso tem qualquer relação com o genuíno Integralismo.

O Integralismo não é primeiro “práxis” e depois Teoria. Essa é uma concepção marxista, não de Plínio Salgado.

Vejamos o Pensamento do Chefe Nacional Plínio Salgado sobre o assunto:

"Mensagem às Pedras do Deserto": "Uma idéia SÓ se combate com outra IDÉIA; uma mística com outra mística: uma doutrina com OUTRA DOUTRINA; uma técnica com outra técnica; uma esperança com outra esperança"(pág. 113).

"Em conclusão, o combate ao comunismo se faz nos DOMÍNIOS DO PENSAMENTO E DO SENTIMENTO. E essa batalha à de se ferir VIGOROSAMENTE COM AS ARMAS DA LÓGICA e com O DESFRALDAR DE UMA BANDEIRA que fascine as multidões e as arrebate para os grandes ideais"(p. 116).

As etapas são claras: Primeiro cria-se uma Doutrina, em seguida uma mística, para posteriormente criar o movimento de massas.

"A Quarta Humanidade": "O movimento integralista brasileiro é um movimento DE CULTURA que abrange:
"1º) - Uma revisão geral das filosofias dominantes até o começo deste século e, consequentemente, das ciências sociais, econômicas e políticas;
"2º) - A criação de um pensamento novo, baseado na síntese dos conhecimentos que nos legou, parceladamente, o século passado."(p.87)
"Trata-se, portanto, de um movimento original, genuinamente brasileiro, com uma própria filosofia, um nítido senso destacado na confusão do mundo contemporâneo."(p. 88)
"A FORMAÇÃO DAS ELITES DIRIGENTES É O ESCOPO DA PRIMEIRA FASE DESTA CAMPANHA. Ela deve firmar certos princípios, que servirão de base à nossa consideração do mundo e dos fenômenos sociais.
"Ao mesmo tempo que as linhas gerais do pensamento novo forem se cristalizando nessa corrente de espíritos livres e fortes, DEVEMOS IR FORMANDO A NOVA CONSCIÊNCIA DAS MASSAS POPULARES, PELA DIVULGAÇÃO DOS CONCEITOS MAIS ELEMENTARES, EM FORMAS SIMPLES E ACESSÍVEIS. Dessa maneira, chegaremos à fixação de ideais definidos, num povo disciplinado e consciente de seu destino.
"A MOBILIZAÇÃO DE PENSADORES, ESTUDIOSOS, INTELECTUAIS, É CONDIÇÃO FUNDAMENTAL DO ÊXITO DESTA CAMPANHA. SÃO ELES QUE DEVEM TRANSMITIR AO POVO O CONCEITO SERENO DA VERDADE."(ps.89 e 90)

Não se trata de sair deitando falação histérica e ridícula. Mas, de formar líderes, mobilizar pensadores, estudiosos e intelectuais, para com eles conquistar a massa.

"Despertemos a Nação: "A alma de um povo se desperta pela PROPAGANDA DAS IDÉIAS SADIAS, generosas, de coragem, de força, de ambição nacional, em contraposição ao passivismo desvirilizante, a gangrena das negações e o cancro do materialismo.
"A alma de um povo SÓ se desperta na batalha, na TREMENDA BATALHA DAS IDÉIAS, que fustiga as energias em abandono e muda a atitude da Pátria, forçando-a a erguer a cabeça e a caminhar na História"(ps. 198 e 199).

Idéias sadias! Batalha das Idéias, e não ficar bancando o valentão no meio da rua.

"O Integralismo na Vida Brasileira": "O Integralismo é doutrina que correlaciona os fenômenos e procura deduzir as soluções particulares da solução geral do problema nacional e humano.
"É UMA FILOSOFIA E UM MÉTODO" (ps. 30 e 31).

Deixemos claro um ponto: Em momento algum afirmo que a antiga Acção Integralista Brasileira não fora um movimento de massa ou que o Integralismo não deva tornar a sê-lo no futuro. O que afirmo é: ESTÁ ERRADO quem disser que o Integralismo é ANTES DE TUDO movimento de massa.

Mas, prossigamos com a desconstrução dos sofismas dos pseudo-Integralistas, através do exame do Pensamento de Plínio Salgado, tendo sempre em mente que quando lemos um livro, devemos interagir com a obra, pensar, refletir, raciocinar sobre o que estamos lendo, buscando entender o que o Escritor está nos dizendo, e em hipótese alguma torcer o pensamento do Autor, numa tentativa intelectualmente desonesta de faze-lo dizer algo que ele nunca disse.

"Mensagem às pedras do Deserto” (págs. 8 e 9): "Este livro, portanto, é dedicado aos loucos. (...)
“Aos que gastam os últimos níqueis, imprimindo livros e folhetos esclarecedores.
“Aos que sustentam jornais deficitários, em cujas colunas os comerciantes e industriais não comparecem com seus anúncios, receando a represália dos comunistas, cuja existência, como perigo, eles contraditoriamente negam.
“Aos que andam, de cidade em cidade, falando ao povo, uma vez que não podem dispor de recursos para falar pelo rádio.
“Aos que tentam organizar em meio à indiferença geral, algo que possa constituir o núcleo da resistência nacional na hora da catástrofe".

O que deduz um leitor inteligente quando o Chefe fala em imprimir "livros e folhetos esclarecedores"? Que alguém, ANTES, PENSOU E ESCREVEU os ditos folhetos e livros, isto é, que o pensamento doutrinário antecedeu a ação. O que um leitor inteligente deduz quando o Chefe fala em "andar de cidade em cidade falando ao povo"? Que alguém, ANTES DE FALAR alguma coisa ao povo, PENSOU MADURAMENTE no que ia dizer, isto é, que o pensamento doutrinário antecedeu à ação.

“Páginas de Combate”: “Acentuando a observação de Saint Hillaire, eu avisei aos primeiros integralistas que nesse tempo se alistavam na Sociedade de Estudos Políticos, onde eu pacientemente depurava, escolhia os homens capazes de resistir à dureza das longas etapas de um trabalho exaustivo, que eu proporia às Novas Gerações, eu avisei a todos que a marcha integralista não se faria com rapidez e sofreguidão” (pág. 86).

O que um leitor inteligente deduz sobre a natureza do trabalho exaustivo proposto pelo Chefe aos aderentes da Sociedade de ESTUDOS Políticos? Quebrar pedra em alguma pedreira? Estiva no cais do porto? Estudar? Sim, estudar é o que se faz numa sociedade de estudos... E estudar exaustivamente, pois, o estudo e o PREPARO devem anteceder a ação.

“Despertemos a Nação!”: "A alma de um povo só se desperta com coragem, com fé, com energia, numa arregimentação contínua, em permanente doutrinação, em disciplina perfeita, em esperança renovada, em sugestão espiritual, em excitação de brios, em combate sem tréguas contra os entorpecentes liberais (...)”(pág. 198).

O que um leitor inteligente deduz quando o Chefe fala em "doutrinação permanente"? Que alguém, ANTES, CRIOU UMA DOUTRINA, isto é, que o pensamento doutrinário antecedeu a ação. E da citação de “Despertemos a Nação!”, que fizemos mais acima, o que um leitor inteligente deduz quando o Chefe fala em "propaganda das idéias sadias"? Que alguém, ANTES DE LANÇAR-SE À PROPAGANDA, ELABOROU AS IDÉIAS SADIAS a serem difundidas, isto é, que o pensamento doutrinário antecedeu a ação.

Utilizei-me apenas de alguns trechos transcritos, e poderia multiplicá-los, não só citando o Chefe Nacional, mas, também, Gustavo Barroso, Miguel Reale, Madeira de Freitas, Tasso da Silveira, Custódio Viveiros, Osvaldo Gouveia, Ovídio Cunha, Machado Paupério, Rocha Moreira, Wenceslau Jr., Ferdinando Martino Filho, Câmara Cascudo, Olympio Mourão Filho, Jaime Regalo Pereira, Beneval de Oliveira, Jaime Ferreira da Silva, Raimundo Padilha, Cotrin Neto e tantos e tantos outros Doutrinadores do Sigma.

É um grave erro filosófico dar primazia à ação em detrimento da teoria, e tal erro só pode ser um ranço de esquerda, pois, no Integralismo, tal concepção equivocada jamais foi defendida.

Evidentemente, o erro oposto, reduzir-se o Movimento as dimensões de uma tertúlia literária, sem qualquer comprometimento político, numa total desvinculação com a nossa História, ou seja, apenas teoria e nenhuma prática seria um erro ainda pior. Mas, felizmente, ninguém defende essa opinião esdrúxula.

A posição do Integralismo é perfeitamente caracterizada pelo Chefe Nacional Plínio Salgado no “Código de Ética do Estudante”:

“XXIV - Sê um homem de pensamento, mas sê um homem de ação. 0 pensamento para transformar-se em ação precisa, primeiro, transformar-se em sentimento. Idéia que não é sentida é idéia morta. A ação é forma objetiva de idéias vivas, oriundas de realidades e criadoras de novas realidades. Cultiva o ideal, mas sê realista.”

E mais:

“XL - Se és incapaz de sonhar, nasceste velho; se o teu sonho te impede de agir segundo as realidades, nasceste inútil; se porém, sabes transformar sonhos em realidades e tocar as realidades que encontras com a luz do teu sonho, então serás grande na tua Pátria e a tua Pátria será grande em ti.”

Enfim, para deixar claro o que Plínio Salgado pensa desses movimentos que arrastam os jovens para um suposto Integralismo na “prática diária”, com prejuízo da formação intelectual e moral de tais jovens, transcrevo dois trechos de “A Verdadeira Missão da Juventude”, do livro “Reconstrução do Homem”:

“A Mocidade não se prepara nas ruas, no fragor das batalhas transitórias. Lançar os jovens nas empresas de demolição do Mal, sem a iniciação prévia na ciência e na arte de construir o Bem, será desviá-los de um destino superior. As mais belas campanhas, se resultantes do improviso, hão de ser, inevitavelmente, como estrondo das ondas na superfície do mar. As ondas facilmente se deixam levar pelo magnetismo da lua ou pelos ventos inconstantes que sopram em todas as direções. Só as águas profundas resistem. Só elas trazem consigo as potências da irredutibilidade.

“A irredutibilidade no Homem é a estrutura do caráter. O caráter se forja pelo concurso de três elementos: Personalidade, Cultura e Educação. Desenvolver a personalidade, enriquece-la pela cultura, dar-lhe ritmo pela formação moral e espiritual - eis o que nos cumpre quando nos entregamos no magistério da palavra esclarecedora e da ação criadora, no esforço de suscitar o advento de grandes homens para a Pátria”.

E adiante, o Chefe insiste:

“A iniciação dos espíritos jovens exige trabalho metódico, sistemático. Repele o "dispersivo" para se ater ao "reflexivo". Evita o "extenso" para que predomine o "intenso". E não se entrega à exteriorização sem precede-la de longos dias de interiorização.

“O jovem deve construir-se primeiro, para depois pensar em construir a sociedade. A autoconstrução não se faz nas praças públicas nem no fragor das manifestações coletivas; pelo contrário, forja-se no estudo, na meditação, na discussão, na troca de idéias” (Págs. 105, 106 e 107)

Portanto, Companheiros, que todos saibam: Qualquer dito ‘Integralismo’ que discrepe do que afirmamos, não é autêntico Integralismo, mas, um pseudo-Integralismo, um falso Integralismo que quase sempre mascara um anti-Integralismo militante. Terminando, faço minhas estas palavras de Gustavo Barroso em “Espírito do Século”, págs. 21 e 22:

“Entretanto, devemos estar sempre vigilantes contra a infiltração de elementos que pretendam mudar os rumos do nosso movimento ou realizar suas ambições pessoais à sombra de nossa bandeira. Para isso, a melhor defesa é aquela intolerância e intransigência em matéria de doutrina e de disciplina. Porque os homens passam e variam ao sabor dos fatos, dos interesses e das circunstâncias, e a doutrina se mantém inalterável, nos seus pontos básicos, através dos séculos. E só uma doutrina assim pode conservar unidos os homens, cujas tendências naturais são para a divisão e a contradição.

“Se o Integralismo defender dia e noite a sua doutrina de qualquer modificação por mais ligeira que pareça, poderá zombar de todas as tentativas de elementos infiltrados para destruí-lo. (...) Toda e qualquer tentativa esbarrará nesse muro de aço. Os insinceros ou se encolherão ou irão embora. Os sinceros mostrarão que criaram alma nova (...).

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Anauê!

BIBLIOGRAFIA:
Gustavo Barroso – “Espírito do Século XX”. 1ª edição. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira. 1936. 290 págs.

Plínio Salgado - "Mensagem às Pedras do Deserto". 1ª edição. Rio de Janeiro, Livraria Clássica Brasileira, s/d - 139 págs.

Plínio Salgado - "O Integralismo na Vida Brasileira". Rio de Janeiro, Livraria Clássica Brasileira/Edições GRD - s/d - 269 págs.

Plínio Salgado - “O Ritmo da História”. 2ª edição. Rio de Janeiro. Livraria Clássica Brasileira, s/data. 287 págs.

Plínio Salgado – “Reconstrução do Homem”. 1ª edição. Rio de Janeiro. Livraria Clássica Brasileira, s/data. 201 págs.

Plínio Salgado – “A Quarta Humanidade”. 1ª edição. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio, 1934, 191 págs.

Plínio Salgado - "Despertemos a Nação!". 1ª edição. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1935, 204 págs.

Plínio Salgado - “Páginas de Combate”. 1ª edição. Rio de Janeiro. Livraria H. Antunes. 1937. 189 págs.

Plínio Salgado - “Primeiro, Cristo!”. 1ª edição. Porto. Livraria Figueirinhas. 1946. 189 págs.

* Lido no dia 23 de Janeiro de 2009, durante o “Fórum Integralista Rio 2009”.

** Σ . Comerciante, Rio de Janeiro (RJ).

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