sábado, dezembro 27, 2008

FÓRUM INTEGRALISTA RIO 2009.

Brasileiros!
Em 2009 serão realizados dois Fóruns no Brasil: O Fórum Social Mundial e o Fórum Integralista Rio 2009. O primeiro - uma reunião onde estrangeiros e Brasileiros apátridas simularão um discurso de dissidência à Globalização, trata-se de oposição consentida ao Capitalismo Financeiro Internacional -, terá ampla cobertura de toda a Imprensa, Nacional e Internacional; o segundo, o Fórum Integralista Rio 2009, não terá qualquer cobertura jornalística, exceto por alguma ocasional notícula, invariavelmente caluniando o Integralismo, como é praxe. Todavia, se o Fórum Integralista não é financiado pelo Banqueirismo Internacional, se o Fórum Integralista não terá a presença de milhares de assalariados de Ongs, se o Fórum Integralista não terá uma linha benévola do Jornalismo, o Fórum Integralista terá em compensação algo muito mais precioso: VOCÊ! Sim, você, Brasileiro Consciente, que não se deixa levar e imbecilizar pelo lenga-lenga "politicamente correto". Você, Brasileiro Inteligente, que pensa com a própria cabeça, não aceitando que os meios de comunicação de massa ditem o que deve ser pensado. Você, Brasileiro Politizado, que crê na Verdadeira Liberdade e que recusa participar dessa pantomima, dessa farsa grotesca, que é a falsa liberdade com que o Liberalismo vem enganando os Povos. Você, Brasileiro Nacionalista, que recusa terminantemente o internacionalismo, seja o de direita (Capitalismo), seja o de esquerda (Marxismo). Sim, com a parcela esclarecida da População Brasileira pode contar o Fórum Integralista Rio 2009, enquanto o Fórum da burguesia podre só poderá dispor dos milhares de empregados das Ongs, mas, que serão exibidos na TV como milhares de participantes ‘voluntários’ vindos de todo o mundo...
Portanto, Brasileiro, seja você Integralista ou não, compareça ao Fórum Integralista Rio 2009, pois, sua participação é fundamental para traçarmos os Rumos de nossa Pátria. Mais uma vez, o Integralismo, reafirma o seu papel de Porta-Voz autêntico do Povo Brasileiro, e todos os que amam a Nação Brasileira não poderão deixar de trazer sua contribuição para a Construção do Brasil Grande que todos sonhamos.
Veja o Vídeo sobre o Fórum Integralista Rio 2009: http://www.integralismo.org.br/novo/?
Leia mais sobre o Fórum Integralista Rio 2009: http://www.integralismorio.org/rio2009/
Inscreva-se no Fórum Integralista Rio 2009: http://www.integralismorio.org/rio2009/inscricao.html
Quaisquer dúvidas sobre o Fórum Integralista Rio 2009, escrevam para: rio2009@integralismorio.org
Brasileiro, PARTICIPE!

Pelo Bem do Brasil!
Anauê!
Sérgio de Vasconcellos.

terça-feira, dezembro 09, 2008

O Homem Integral, de Plínio Salgado, seria o mesmo que o Super-Homem, de Nietzsche?*

Sérgio de Vasconcellos.**
Em 1991, o Companheiro Ubiratan Pimentel empregou, no Manifesto da Ação da Juventude Integralisa – JI., a expressão “super-homem”. Imediatamente, diversos Integralistas protestaram – Oldemar Veiga Magalhães (de Santa Catarina), Jáder Araújo de Medeiros (do Rio de Janeiro) e outros -, pois, sustentavam que a concepção nietzscheana era anti-Cristã, logo, incompatível com o Integralismo.

Diante da geral reclamação, o Companheiro Pimentel veio a público dar as explicações necessárias:

1º. Que apesar do Manifesto ser destinado ao Jovens de todas as Idades, pois, conforme a Palavra de Ordem do Chefe Nacional Plínio Salgado, no Integralismo ninguém envelhece, ele não poderia ignorar os leitores mais jovens cronologicamente, para os quais o termo “super-homem” é familiar e certamente teria aceitação por causa de uma certa história em quadrinho e não pela obra filosófica de Nietzsche.

2º. Que o próprio Plínio Salgado utilizara o termo “super-homem”, mas, conceituando-o de forma distinta da de Nietzsche. Se bem que, o Chefe posteriormente substituira “super-homem” por “homem superior”, justamente para impedir que os pescadores de águas turvas o fizessem ser partidário de idéias que nunca perfilhou. Eis as palavras exatas de Plínio Salgado:
“Evidente que, após tão largo período, em que nunca descansei no estudo dos problemas humanos e nacionais, tive de exercer sobre mim mesmo uma autocrítica rigorosa, expungindo de quanto anteriormente havia escrito tudo aquilo que se prestasse a interpretações deformadoras da doutrina que esposo. Meus mais recentes trabalhos ganharam em clareza de exposição e em capacidade estilística e didática, apresentando-se com a terminologia e as expressões mais adequadas à tradução do pensamento espiritualista, cristão, nacional-brasileiro, que é a espinha dorsal da minha construção filosófico-política”(1).

3º. Que sendo fato inquestionável o seu caráter de Integralista ortodoxo, não poderia a expressão “super-homem”, usada no Manifesto de sua Autoria, ser entendida fora do Conceito de Homem Integral, e que, portanto, o “super-homem” proposto aos Jovens da J.I. era o oposto do “super-homem” de Nietzsche.

Tais explicações foram perfeitamente aceitas pela Velha-Guarda, que considerou-as satisfatórias e corretas, tendo o Manifesto da J.I. ampla difusão nos meios Integralistas, circulando como panfleto ou sendo publicado em periódicos Integralistas, como o “Alerta!”, do saudoso Companheiro Arcy Lopes Estrella.

Σ

Hoje, volvidos tantos anos, toda uma nova geração aproximou-se do Sigma, mas, no entanto, muitos jovens tem idéias completamente equivocadas sobre a nossa Doutrina. Sem conhecimentos exatos das nossas Idéias, ouvindo falar que sustentamos os Conceitos de “Vida Heróica e Revolucionária”, de “Homem Superior”, de “Super-Homem”, de “Homem Integral”, de “Homem Novo”, e sem preocupar-se em apreender e aprender o que queremos dizer com tais expressões, associam-nas ao “super-homem” de Nietzsche, que, aliás, só conhecem imperfeita e superficialmente. Assim, assistimos estupefactos o surgimento de um Integralismo nietzscheano, uma monstruosidade ideológica, fruto da ignorância de muitos e da má-fé de alguns. Cumprimos, pois, um dever, vindo desfazer essa confusão, expondo o Conceito de Homem Integral, genialmente proposto por Plínio Salgado, confrontando-o com o “super-homem” imaginado por Nietzsche.

Σ

Desacreditando de Deus e desprezando aos Homens – particularmente aos seus contemporâneos alemães -, toda a obra de Nietzsche é fruto de uma necessidade existencial de tentar forjar uma Filosofia que substituísse as Crenças Cristãs Protestantes em que fora criado.

Assim, Deus é substituído pela “terra”, a Imortalidade da Alma pelo “eterno retorno”; para substituir Nosso Senhor Jesus Cristo inventa “Zaratustra” (que não deve ser confundido com o Zaratustra ou Zoroastro histórico); propõe a transmutação de todos os valores, a adoção da “moral dos senhores” que substitui a “moral dos escravos, isto é, a Moral Judaico-Cristã; o Homem Novo paulino, fraco e covarde no seu entendimento, deve ser suplantado pelo “super-homem”, orgulhoso e sem compaixão. Lamentavelmente, escapa inteiramente aos limites e finalidade deste, examinar a filosofia de Nietzsche(2), cotejando-a com a Filosofia Integral. Passemos, pois, ao super-homem.

Não reconhecendo nenhuma realidade além da material, Nietzsche, só admitia no homem a dimensão corporal, não existindo uma alma, nem qualquer forma de sobrevivência pós-morte, exceto pelo “eterno retorno”. Ora, Nietzsche só enxergava nos homens os seus vícios e fraquezas – fúteis, vaidosos, mentirosos, vis, mesquinhos, pusilânimes, subservientes, comodistas, etc. -, e atribuía ao Cristianismo a origem de tais males, com sua “moral de escravos”, com o seu niilismo. Então, preso as concepções evolucionistas de sua época, afirma que o único papel do homem é ser o elo intermediário entre o macaco e o super-homem. Que o super-homem seria senhor de seu próprio destino, criador de sua própria tábua de valores morais, um aristocrata que só reconheceria como igual, um outro super-homem. Tudo aquilo que o Cristianismo reconhece como valores morais edificantes – a humildade, a paciência, a mansuetude, o amor ao próximo, etc -, são inexistentes no super-homem que cultiva outras virtudes, virtudes mais elevadas, mais belas, pois, não negam a vida, afirmam-na em sua implacabilidade. Eis as virtudes morais do super-homem: Crueldade, egoísmo, amoralidade, completa falta de compaixão, enfim, exercício livre de sua “vontade de potência”. Exemplos históricos de super-homens: César Bórgia e Napoleão Bonaparte, que não se detinham diante de coisa alguma para dar plena expansão a vontade de poder.

O super-homem é a exaltação máxima, ensoberbecida e desenfreada do Individualismo. “O Homem, no individualismo, hipertrofia-se. Ele parte de Rousseau e vai a Nietzsche”(3). Nada, portanto, mais distante do Pensamento Integralista, que é Espiritualista, Cristão, democrático e pluralista.

Eis o que o Chefe disse sobre Nietzsche, em Discurso na Câmara Federal, na Sessão de 30 de Novembro de 1961:

“Surgiram concepções do homem, as mais variadas, no século passado(4),as quais ainda influem poderosamente nas mentalidades de nosso tempo; e cingindo-se todas elas a interpretações fragmentárias, ou confusas. Examinemos algumas. A concepção de Frederico Nietzsche: entendeu ele, baseado no evolucionismo inglês e no materialismo dominante em quase toda a Europa, que o homem atual é uma transição apenas para a realização do homem do futuro. Pregou a teoria do super-homem anticristão, contrário a toda idéia de piedade ou complacência. Pregou a doutrina do orgulho e da crueldade, e justificou, mediante a evolução das espécies e as teorias materialistas, toda a atitude humana no sentido da ambição do poder.

“Essa concepção do homem agigantado, que ultrapassa a linha média de sua própria realidade, teve em contraposição o conceito marxista do ser humano. O conceito marxista é contrário ao de Frederico Nietzsche, que concebia o homem agigantado, o homem forte, o homem violento, o homem orgulhoso, inimigo de toda bondade cristã. Frederico Nietzsche foi sincero, foi um dos homens mais sinceros de seu tempo. Anti-Cristão, pregou abertamente o anti-Cristianismo, já no seu livro Assim Falava Zaratustra , já nas páginas audaciosas do Anticristo, onde se sublinha nas expressões do seu ateísmo, do seu materialismo e da sua mensagem aconselhando a violência, o arbítrio e o domínio”(5). 

Numa Conferência pronunciada em 1944, durante o seu exílio em Portugal, Plínio Salgado vai fazer as seguintes paradoxais ponderações:

“Como conseqüência de todas essas correntes do pensamento e do cientificismo experimentalista de Lamarck, Darwin, Wallace, Haeckel e dos seus predecessores no século XVIII, cujas raízes mais remotas se embebem no indutivismo de Bacon, surgiram duas figuras de grande atualidade em nossos dias: Frederico Nietzsche e Karl Marx.

“Ambos se servem do individualismo, para fins aparentemente opostos mas, na realidade, os mesmos.

“É curioso notar como ambos investem furiosamente contra o Cristianismo. Enquanto Nietzsche acusa a doutrina de Cristo de ser a doutrina da tristeza, da humilhação, da subserviência, contrária à livre expansão das forças heróicas do homem, o outro, Karl Marx, aponta a religião do Mestre, e todas as outras, como um empecilho ao desenvolvimento da luta de classe e da revolução do proletariado.

“Tendo por objeto de sua elocubrações esse mesmíssimo homem que os panfletários materialistas indicavam como o centro das concepções religiosas do universo, tanto Nietzsche como Marx não consideravam a criatura humana dentro daquele senso de proporcionalidade que nos veio do Evangelho e que se exprime em tão harmoniosa forma na “Filosofia Perene” de Tomás de Aquino.

“Nietzsche viu o homem, porém hipertrofiado na desmedida ambição do domínio e na expansão de todas as forças bárbaras da violência implacável e do sonho insensato de poder e de glória. É o Super-Homem esmagando todos os preconceitos morais e sacrificando os seus semelhantes na construção de um mundo de refulgentes castelos e lendários heróis. É o Ser Humano repelindo a caridade e a humildade, como virtudes negativas ao convívio esplêndido dos fortes, e forjando o coração como o aço frio das espadas.

“Marx viu também o Homem, porém, amesquinhado e reduzido pelo egoísmo vulgar e pela aspiração a um nivelamento destrutor das marcas expressivas da personalidade. O homem deslocado dos grupos naturais, isolado no individualismo, depois pulverizado pela concorrência capitalista e pelas triturações da “cluta de lasse”; finalmente fundido no rebojo da revolução e transformado em simples molécula na pasta amorfa da grande massa plasmável ao gosto dos dirigentes cruéis. Não mais o Super-Homem de Nietzsche, mas o Sub-Homem, o Homo Economicus a que se reduziu o Homo Sapiens; o Homem sem Deus, sem Pátria, sem Família, sem moral e – o que é mais doloroso! – sem aquilo que o seu egoísmo mais amou: a sua liberdade.
“Sim: essa famosa liberdade de que tanto lhe falaram terá sido apenas um andaime para a construção do edifício socialista; e agora, que a construção terá terminado, para que serve a liberdade senão para esconder a obra dos grandes arquitetos?

“É aqui que se encontram Nietzsche e Marx. Partiram de extremidades opostas, mas atingiram o mesmo ápice. Ambos filhos do individualismo de Rousseau e do materialismo científico, e tomando como base de seus raciocínios o egoísmo implacável do Homem na ânsia de satisfazer os seus instintos: o primeiro proclama o direito dos étnica e biologicamente privilegiados se elevarem dominadoramente sobre as massas, ao passo que o segundo reivindica para as massas o direito de absorverem todos os seres humanos na expressão uniforme de um coletivismo arrasador.

“Cria Nietzsche o monstro Singularidade Humana, feroz como os deuses antigos, tendo por pasto de seus apetites as multidões inermes. Cria Marx o monstro Pluralidade Humana, terrificante e tenebroso, alimentando-se de todos os caracteres específicos da personalidade, apagando relevos e polindo arestas de tudo o que no Homem possa revelar a originalidade do seu espírito.
“Entretanto, para existir o Super-Homem de Nietzsche, é necessário que exista a massa coletiva dos Sub-Homens de Marx. E para que exista o coletivismo marxista é forçoso existirem Super-Homens dirigentes, de fisionomia, estrutura, sensibilidade e concepção da vida exatamente as mesmas descritas no tipo dominador, engendrado pela poderosa alucinação de Nietzsche.

“E, dessa maneira, as duas mais eloqüentes antíteses, criadas no século XIX, encontram-se e fundem-se na mesma expressão delirante de um mundo de brutalidades e de rebaixamento do Homem; do Homem que se pretende arrancar do trono que Deus lhe outorgou desde o instante em que a argila foi animada pelo sopro divino do Criador.

“Não é, pois, para nos admirarmos que os dois pensamentos – o de Frederico Nietzsche e o de Karl Marx – hajam dado origem a normas de vida em tudo semelhantes e tão contrárias ao sentido de equilíbrio e de harmonia que procede da religião cristã”(6). 

E na Faculdade de Direito do Recife, em 1933, Plínio Salgado vai nos dizer:

“Entretanto, contrapondo-se à mediocridade do pensamento burguês, e ao oportunismo conformista dos adeptos de Marx, ergueu-se uma voz no século XIX, que vibrou como um protesto universal. Foi a voz de Frederico Nietzsche.

“Contra o individualismo rasteiro, da democracia liberal, e contra o coletivismo, anulador da personalidade humana, o pensamento gritante do criador de Zaratustra tem o valor de uma revolta, sibilando, como um chicote de fogo às faces do século científico.

“Em Nietzsche encontramos a atitude anticristã do desprezo aos humildes, de glorificação dos homens superiores. Atitude condenável de orgulho, de superdivinização dos heróis, ela teve o mérito, porém, (tão certo é que Deus fala pela boca de seus próprios inimigos), de mostrar, no instante em que delineava a marcha coletivizadora, a anulação completa do indivíduo, prestes a transformar-se em peça da máquina, esta verdade suprema: - O Homem existe!

“E Nietzsche é a grande luneta de aumento, na hora em que o homem começava a perder a estatura moral e a desaparecer escravizado na massa.

“Eis porque hoje verificamos que Nietzsche foi também um trecho da verdade, deturpada pelas projeções exageradas com que se apresentou.

“Era preciso que aparecesse Marx, para mostrar as conseqüências de uma civilização materialista. Marx, por certo, é o próprio interprete da burguesia, falando uma linguagem estranha, que a sociedade materialista, em pavor, não reconhece. E a voz de Marx, é a sua própria voz!

“Ele quer a destruição do indivíduo, que será assimilado, para sempre, no monstro Coletividade. O deus de Comte, burguês prudente e cauto, transfigura-se no Moloch aterrador do socialismo. O homem se animaliza; torna-se menos do que um animal, porque é uma peça de máquina.

“Sobre esse panorama da miséria, reboa a voz de Zaratustra que desce da montanha.

“Mas ele, sendo também o erro, é o contra-veneno de Marx.

“O marxismo quer os anões do Niebelungen; Nietzsche conclama os gigantes da montanha.

“Nós, Integralistas, não queremos nem o anão, nem o gigante, mas, apenas, o Homem.

“O Homem Integral”(7).

Mas, então, afinal, o que é o Homem Integral? E por que Homem “Integral”, e não simplesmente o “Homem”?

A expressão “Homem Integral” foi e é necessária na medida em que realça, que assinala, que caracteriza a nossa Concepção do Ser Humano, isto é, que o Homem deve ser compreendido na sua inteireza, íntegro. A Concepção Integralista do Homem se distingue exatamente por isso: Enquanto destacados Pensadores, nos últimos três séculos, tendo abandonado o realismo filosófico para entregar-se ao fantasioso devaneio filosófico, brindaram a Humanidade com as mais variadas, desencontradas, fragmentárias e unilaterais concepções do Homem, o Integralismo, reatando a linha de equilíbrio, vai nos dar uma definição precisa do Ser Humano(8).

O Integralismo, partindo de uma concepção substancialista do Homem, aquela de Boécio, não se deixa extraviar por nenhum escapismo religioso. O Homem – criado por Deus - é “uma dualidade consubstancial exprimindo-se numa unidade substancial”, isto é, não é apenas corpo ou apenas alma, mas, ambos unidos e exprimindo-se substancialmente. Ora, sendo o Homem o conjunto de corpo e alma, ele tem necessidades materiais, físicas (alimentar-se, morar, vestir-se, etc.), bem como, necessidades intelectuais, morais e espirituais, ligadas a sua finalidade transcendente. A Felicidade Humana, portanto, é a plena realização das aspirações e finalidades do Homem nas esferas material, intelectual e espiritual(9). Ora, evidentemente, no mundo contemporâneo, a efetiva Realização Integral do Ser Humano está longe de acontecer. Daí a necessidade de instaurarmos um novo regime, que garanta a Liberdade e a Intangibilidade da Pessoa Humana e de suas projeções (a Propriedade e os Grupos Naturais – a Família, os Grupos Profissionais, Culturais e Políticos, o Município, a Nação e a Sociedade Religiosa): O Estado Integral. Somente na Civilização Integralista, o Homem, consciente de seus Direitos e Deveres, poderá afirmar-se livremente, pois, não será uma mercadoria sujeita a lei da oferta e da procura, como no capitalismo, nem uma engrenagem da máquina no coletivismo marxista, e nem tampouco um megalomaníaco como o “super-homem” de Nietzsche, e sim, apenas e simplesmente, o Homem, o Homem Integral(10). 

Anauê!

* Palestra proferida em de 06 Dezembro de 2008, na Sede dos Núcleos Integralistas do Estado do Rio de Janeiro – NIERJ (FIB – RIO).
* * Σ – Rio de Janeiro. Comerciante. Secretário de Doutrina dos Núcleos Integralistas do Estado do Rio de Janeiro – NIERJ (FIB – RIO).
NOTAS:
1 Plínio Salgado – O que é o Integralismo (1933). 6ª edição. São Paulo. Editora das Américas. 1959. Prefácio da 5ª edição (1955). Págs. 15 e 16.
2 As principais obras de Nietzsche, de leitura indispensável para quem desejar realmente conhecer suas idéias, são: A Origem da Tragédia(1872), Considerações Intempestivas(1873-1876), A filosofia na Idade Trágica dos Gregos(1873), Humano, demasiado humano(1878), O Viandante e a sua Sombra(1880), Aurora(1881), Gaia Ciência(1882), Para Além do Bem e do Mal(1886), A Genalogia da Moral(1887), O Crepúsculo dos Ídolos(1889), O Anti-Cristo(1895), Vontade de Potência(1901), Ecce Homo (1908) e, o mais famoso, Assim Falava Zaratustra(1883-1885).

3 Plínio Salgado – “Palavra Nova dos Tempos Novos” – 1ª edição – Rio de Janeiro – José Olympio – 1936. Pág. 58.

4 Refere-se ao Século XIX.

5 Plínio Salgado – “Discursos Parlamentares” – Brasília – Câmara dos Deputados – 1982 – pág. 45

8 Plínio Salgado – A Aliança do Sim e do Não (1944) – 4ª edição – São paulo – Editora das Américas – 1955 – págs. 39 e segs.

7 Plínio Salgado – A Quarta Humanidade – 1ª edição – Rio de Janeiro – José Olympio – 1934 – págs. 107 e segs.

8 Plínio Salgado – O Integralismo na Vida Brasileira – Rio de Janeiro – Livraria Clássica Brasileira/Edições GRD – S/data – pág. 177.

9 Plínio Salgado – Direitos e Deveres do Homem – 3ª edição - São Paulo – Editora das Américas – 1955 – págs. 233 e segs.; 243 e segs.

10 Aos que realmente desejarem conhecer o Pensamento de Plínio Salgado, sugerimos o estudo dedicado de suas Obras, entre as quais destacamos como principais as seguintes: O Estrangeiro(1926), Literatura e Política(1927), O Oriente(1931), O Esperado(1931), Manifesto de Outubro(1932), O Cavaleiro de Itararé(1933), O que é o Integralismo(1933), Psicologia da Revolução(1933), o Sofrimento Universal (1934), A Quarta Humanidade(1934), Despertemos a Nação!(1935), A Doutrina do Sigma(1935), Palavra Nova dos Tempos Novos(1936) Páginas de Combate(1937), O Poema da Fortaleza de Santa Cruz(1939), Vida de Jesus(1942), A Aliança do Sim e do Não(1944), Conceito Cristão da Democracia(1945), Manifesto Diretiva(1945), A Mulher no Século XX(1946), Como Nasceram as Cidades Brasileiras(1945), Madrugada do Espírito(1945), Primeiro, Cristo!(1946), O Integralismo perante a Nação(1946), Discursos -1ª Série(1948), Direitos e Deveres do Homem (1948), Extremismo e Democracia(1948), O Espírito da Burguesia(1951), Mensagem às Pedras do Deserto(1954), O Ritmo da História(1955), Páginas de Ontem(1955), Mensagem ao Povo Brasileiro(1955), O Livro Verde da Minha Campanha (1956), Doutrina e Tática Comunistas(1956), Reconstrução do Homem(1957), O Integralismo na Vida Brasileira(1958), Palestras com o Povo(1959), Poemas do Século Tenebroso(1961), Compêndio de Instrução Moral e Cívica(1964), Trepandé(1972), Discursos Parlamentares(1982).




sexta-feira, novembro 28, 2008

"DIREITAS" E "ESQUERDAS"

Plínio Salgado.

A sangrenta heresia do comunismo não se combate também contrapondo-lhe a chamada reação das "direitas". A concepção de "esquerdas" e "direitas" no domínio político é uma concepção do século XIX, o século que deu começo consciente à chamada "luta de classes", baseada no antagonismo entre o capital e o trabalho.

É preciso dizer-se que não foi Marx quem concebeu o mundo dividido em dois campos de interesses materiais antagônicos; foram os chamados liberalistas. Quebrada a concepção espiritualista da sociedade, estabeleceu-se a luta entre os agrupamentos políticos, assim como a luta entre os agrupamentos econômicos, aqueles regidos pelas múltiplas ideologias contraditórias e estes pela lei da oferta e da procura. No campo econômico, os produtores de mercadorias, com o fim de vendê-las em melhores condições e mais barato do que os seus adversários, tiveram necessidade de usar de dois expedientes: aumentar a eficiência das máquinas e baixar o custo da mão de obra. O trabalho humano foi considerado uma mercadoria sujeita à lei da oferta e da procura, perdendo toda a nobre significação e espiritualidade que lhe imprimia o cristianismo. Tornando-se as máquinas mais aperfeiçoadas, de modo a uma só produzir por centenas de homens, o trabalho humano tornou-se uma mercadoria menos procurada e, portanto, mais barata. As conseqüências na vida individual e familiar eram evidentes: aumentou a pobreza dos operários enquanto avultava a riqueza dos grupos financeiros e das nações industriais.

Essa situação gravíssima vem pintada com realismo cru na encíclica Rerum Novarum, do Santo Padre Leão XIII, nos fins do século XIX. Foi dentro de tal situação que o Manifesto Comunista de 1848 lançou o brado: "operários de todo o mundo, uni-vos!" Esta a luta impropriamente denominada "do capital e do trabalho", porque na verdade o marxismo não pretende suprimir o capital como soma de trabalho acumulado, mas apenas como privilégio de indivíduos ou de grupos, passando, entretanto, o capital para as mãos do Estado, que se torna o único patrão e que exerce as funções dos antigos capitalistas, substabelecendo os seus poderes a favor de uma burocracia, o que vem, em última análise, recompor a situação anterior do predomínio de uma classe. Economicamente a verdadeira luta do comunismo é contra a propriedade familiar, já que a revolução dialética precipita as etapas da evolução capitalista, atingindo o grande monopólio do socialismo de Estado, forma em que se completam todos os monopólios de grupos, que também atentam contra o princípio da pequena propriedade, base física da família, e propulsionando a crescente proletarização das massas, razão pela qual foram condenados pela encíclica de Leão XIII e, em nossos dias, pelas de Pio XI e Pio XII.

Mas, para armar ao efeito, o marxismo diz lutar contra o capital e contra o chamado "imperialismo econômico" das nações favorecidas pelo maior acúmulo dos meios de produção. Esse cartaz deu à batalha social um caráter de internacionalismo. Influindo no mundo político, gerou a concepção de "direitas" e de "esquerdas", entendendo-se por "esquerdas" tudo aquilo que favorecia o desenvolvimento da revolução, pelo que se incluiu na linha do "esquerdismo" os chamados "reformistas", constituídos pelos liberais avançados, pelos socialistas moderados, pelos burgueses progressistas, enfim pelos transacionistas de todos os credos políticos fundados no indiferentismo religioso ou num cristianismo de elástica transigência.

Hoje, entretanto, já não se pode dizer que existam "direitas" e "esquerdas". Essa manobra tática do marxismo não ilude mais a ninguém. O nazismo, por exemplo, foi considerado por muitos um movimento das "direitas" mas a sua base filosófica era a mesma do comunismo, pois partia de uma concepção meramente biológica do homem e de nítido conceito materialista da crítica histórica e os seus fins identificavam-se com os do comunismo, pela ereção de um Estado Totalitário destruidor da personalidade humana. As chamadas democracias poderiam ser tomadas como expressões das "direitas" colocando-se num campo antagônico ao totalitarismo soviético, mas essas democracias além de serem agnósticas, isto é, não considerarem os problemas do Espírito, fundam-se no mesmo princípio doutrinário da transformação social segundo o ilimitado processo dialético de Hegel adotado pelo marxismo, porque subordinam os tipos de Estado e de Governo, as formas sociais e as normas jurídicas, não ao critério de uma imutável concepção dó mundo e das leis imprescritíveis da moralidade impostas por Deus, mas ao critério aritmético das maiores somas de votos, o que leva as ditas democracias a negarem-se a si mesmas nas conseqüências dos atos eleitorais.

Temos, assim, uma nova forma de totalitarismo, — o totalitarismo das democracias agnósticas, totalitarismo despótico das massas, cujo peso quantitativo manobrado por hábeis técnicos da formação da opinião pública e pelo poder do dinheiro, conforme salientou o Santo Padre Pio XII, atenta contra os direitos do Espírito e contra todo o princípio moral, nada impedindo que pela força das massas majoritárias sejam os fundamentos da Religião e os próprios princípios da liberdade postergados e suprimidos. Fica assim também provado que a democracia clássica do tipo de Rousseau não é um instrumento idôneo de defesa do gênero humano contra a calamidade comunista.

O mundo, como se vê, não pode hoje ser considerado sob o aspecto de "esquerdas" e "direitas", mesmo porque apreciáveis multidões de operários se arregimentam em muitos países para combater o comunismo, enquanto homens ricos, burgueses engravatados se alinham na corrente do marxismo revolucionário, que lhes faculta a liberdade aos baixos instintos e aos costumes degradantes de traficâncias indecorosas e um sexualismo sem freios.

A questão está hoje posta nos termos do "espiritualismo" e do "materialismo". Hoje, não se é mais econômica ou politicamente da "direita" ou da "esquerda"; é-se espiritualista ou materialista. Crer ou não crer em Deus, eis a questão. O mundo está dividido entre os que crêem e os que não crêem em Deus. O comunismo não é uma política, é uma mística às avessas, uma concepção anti-religiosa do universo. É o mundo sem Deus. E o totalitarismo mais completo, o maior de todos, conforme disse, com muito acerto, o Padre Leonel Franca. O mais completo, porque contém em si todas as formas particulares dos outros totalitarismos. O maior, porque não se restringe aos limites de uma nacionalidade, mas alarga-se por todos os continentes aspirando o monopólio das almas e a escravidão dos povos.

Explorando diabolicamente os justos ressentimentos históricos das classes sofredoras, fazendo as mesmas críticas que fazemos das injustiças e desumanidades do capitalismo, tudo promete aos homens, usando de artifícios e de mentiras. "Assim se hipnotizam as massas", escreve o Padre Leonel Franca, "se mobilizam as energias religiosas da alma a serviço de uma ideologia ateia. Fé e esperança, dedicação e sacrifício, amor da justiça e da liberdade, todo esse patrimônio de riquezas humanas, que só tem valor numa ordem ontológica de realidades espirituais, são exploradas para acelerar a implantação de uma nova concepção de vida que as declara ficções sem conteúdo e abstrações malfazejas".

A grande heresia do século, a heresia do ateísmo militante, só pode, portanto, ser combatida, pela religião militante. Essa religião de combatentes é exatamente aquela que constitui o objeto do ódio mais feroz do marxismo: a religião de Cristo, a única religião da terra cujo senso de realismo social traz consigo a marca da sabedoria divina.

(Transcrito das págs. 45 até 49 de "Primeiro, Cristo!" – 4ª edição – São Paulo/Brasília – Voz do Oeste/INL-MEC – 1979 – XVIII + 175 págs.)

A Vida Heróica e Revolucionária.
Explicação necessária: Infelizmente, alguns tontos resolveram confundir o Conceito de Vida Heróica e Revolucionária, proposto por Plínio Salgado, com o "Super-Homem", surgido do cérebro demente de Nietzsche. Ora, nada mais distante do Conceito de Homem Heróico e Revolucionário, que tem fundamento Espiritualista e Cristão, do que o produto da mente perturbada do filósofo tedesco. Para comprová-lo, reproduzimos abaixo o maravilhoso Artigo da saudosa Companheira Margarida Corbisier – publicado originalmente em "A Offensiva"(13/04/1935), em que se evidencia a nenhuma semelhança entre a genial criação de Plínio Salgado e a alucinação de Nietzsche.

CONCEITO DE VIDA HERÓICA.

Margarida Cavalcanti de Albuquerque Corbisier.

Já se vai precisamente, no processo misterioso dos tempos, a hora em que os homens ainda uma vez despertos para a realidade de sua tarefa de "homens", ainda uma vez conscientes de sua "irremediável" dignidade, saberão galhardamente "fazer a vida" ao invés de esperar que a vida os fizesse.

Havia uma imensa terra verde, um entrechoque monstruoso de sangues, de matéria humana... hibridismos raciais, riquezas de complexidade.

Um sopro de vida impulsionou aquela exuberância de elementos dispersos em ritmo vitalizante de agregação... e já se vai forjando o extensíssimo laboratório geográfico, em crisol de muitas histórias, uma geração de claridade e frescura, elástica e inquebrantável como os jungos. Virginalmente fecundada de essências.

Geração de aço, pois sua consistência é a simplicidade, - geração de fogo, pois sua força é o impulso das energias nucleares - um dia, essa geração falará ao mundo: sua voz terá o calor dos estios queimantes e a doçura do mel dos manacás... entoará para os homens velhos da Terra o canto guerreiro da Vida Heróica!

Nos mais fundos recessos do Universo latejam sempre, surdamente, as forças de desagregação e de morte. O imperioso movimento de Criação é um eterno desafio à capacidade de luta dos seres. Ressoa um grito de alerta pelos espaços inter-estelares. Existir é a palma de uma conquista incessante. E os seres lutam sem trégua pela sua afirmação. Sucumbem corpos na conservação das espécies. Altera-se a matéria na fixação das formas. Cada berço cava o alicerce de uma sepultura, cada crepúsculo encerra a promessa de uma aurora. Combatem a Vida e a Morte a grande batalha do Cosmos... processo de misteriosa elaboração... E o homem também vem ao mundo com o instinto secreto de luta. No olhar das crianças chameja o impulso das arrancadas irresistíveis. Esses pequeninos, quase ainda só de terra e de sangue, anseiam por aventuras cheias de perigo e de glória. Na indefinição de seu alvorecer, encerram todo o ímpeto de suas potencialidades totais... e arrojam-se combativos a viver por antecipação em seus brinquedos, epopéias e lances heróicos de toda a sorte. Ora são exploradores, audazes caçadores de feras, guerreiros denodados; ora missionários entre tribos selvagens, senhores de fantásticos impérios. Nunca os atemorizam obstáculos, confiam imperturbáveis no pleno êxito de suas façanhas.
Mais tarde, se lhes amortece o brilho do olhar. Descobrem a exigüidade do Espaço e do Tempo que os aprisionam. Aflige-se a banalidade de suas conquistas. Não cabem mais dentro da Vida que os asfixia, desencantam-se ante as perspectivas descoloridas que ela lhes oferece. Tão diferente fora tudo que sonharam...

E amesquinhado o Ideal, desfeitas as visões maravilhosas da infância, perdem o gosto pela luta. Se tudo é relativo, busquemos o que for mais a acessível. Deslizam pela corrente das comodidades, amargos e cínicos. Anquilozam-se progressivamente pela inação. Entorpecidos, deixam-se arrastar pelas forças implacáveis de destruição e de morte.

Não mentem, porém, nem os impulsos ardentes das primaveras humanas, nem as sombrias revelações dos primeiros embates. As crianças conhecem os segredos das intuições profundas... E o heroísmo é a vocação própria do homem. Mas, na esfera humana, a luta se desloca para a ordem moral e adquire um sentido trágico.

No início dos tempos batalhava o Cosmos. Batia surda e massiça a marcha em sentido de fatal unidade. Tudo era escuro.

Houve um estremecimento de gênese. Lampejou na treva uma centelha divina. Surgiu para o ser a alma humana.

Vinha marcada de predestinação aos êxtases supremos – estigmatizada de liberdade – rescendente de essência e de divino.

E a grande batalha começou. A que ressoa na Eternidade. A Batalha do Bem e do Mal.

Bem e Mal!... Dupla face do trágico e sublime e imortal destino humano!

À dignidade do Ser Livre cabe a grande luta. Como todas as coisas criadas, o homem terá de dar testemunho do Criador. Fa-lo-á, porém, quer pela afirmação, quer pela negação. Nascido para o Absoluto, terá de escolher entre o relativo. E essa limitação lhe será dolorosa. Durante toda a sua trajetória terrestre a sua vocação ao Infinito o perturbará. Aguilhão de Vida – que castiga na Terra.

Terá de traçar, assim, a sua feição definitiva incessantemente solicitado por forças contrárias. Será, na ordem moral, o árbitro supremo dos destinos da Criação. Filho de Deus, especialmente elaborado à Sua Imagem, é o escolhido do Céu para cooperar na Grande Obra...

Tal é a revelação misteriosa que encerram os pressentimentos juvenis. Neles palpita o germe de nossa grandeza. E essa mesma grandeza é nossa tentação e a nossa perda. Impele-nos a torrente de nossa potencialidade virgem. Sentimo-nos grandes, pressentimo-nos imortais. Atraem-nos os combates, sobretudo pelo papel que neles podemos desempenhar. Trabalhamos para nossa própria glória. Somos pequenos heróis, pequenos reis – cheios de vaidades.

É então que a vida nos ensina a lição do limite e da morte. Desfolham-se quando as tocamos, as rosas que colhemos. Diminui o mundo à medida que crescemos. Afigura-se-nos quixotesco o nosso heroísmo. Tudo se perde na voragem do tempo. Ninguém nos compreende. Os homens são seresinhos pequeninos e egoístas que se roçam uns aos outros e se desconhecem. Tudo se vai envolvendo de uma densidade cinzenta de ceticismo...

Baixa o crepúsculo sobre a nossa alma. É o resfriamento do coração, a poda das melhores energias.

Mas as grandes noites engendram as auroras luminosas... No desamparo de nossa solidão sentimos doidamente a ausência de uma Plenitude. O vácuo imenso de nossa vida é um apelo ao Infinito... A revelação de nossa profunda miséria... impotentes, desorientados, aniquilados brota de nossa alma exangue um grito de desespero e de socorro !

... e então desvendam-se para nós os horizontes supremos das eternas consolações. Reconhecida e aceita a nossa inutilidade, aprendemos o segredo dos heroísmos invencíveis. Compreendemos que a renúncia a si mesmo é o penhor da afirmação para sempre. Já não mais lutamos insensatos, para nossa própria glória; e sim para a Grande Causa! Lutamos pela honra de servir. Pouco importa a tarefa que nos cabe, o que importa é cumpri-la. Tudo é sublime no Resultado Absoluto.
Fixa-se, indelével, o nosso caráter. A Fé nos unifica, organiza, disciplina, abrindo-nos o horizonte das esperanças totais... identificando-nos a nós mesmos como se renascessemos – e esse renascimento consciente trás toda a frescura e a alegria das alvoradas. Agimos com a serenidade quente das convicções inabaláveis, profundas. Invencíveis pelo desprezo absoluto de nós mesmos nada mais nos demoverá. Caminharemos até a meta final sustentados pela Força de Misteriosa Atração...

Σ
Σ Σ

Um dia, os "camisas verdes" da terra moça do Brasil falarão ao mundo: sua voz terá o calor dos estilos queimantes e a doçura do mel dos manacás... e entoará para todos os homens da Terra o hino guerreiro da Vida Heróica.

(Transcrito das páginas 53 até 60 do "Estudos e Depoimentos", volume V da Enciclopédia do Integralismo – Rio de Janeiro – Livraria Clássica Brasileira/GRD – 1958 – 186 págs.)

domingo, outubro 19, 2008

O ETERNO E O EFÊMERO

Nota Explicativa:
O Texto a seguir é de Autoria de Genésio Pereira Filho, quando era Secretário Estadual de Estudos e Plano Governamentais do Diretório Estadual de São Paulo do Partido de Representação Popular (PRP). Escrito especialmente para a Revista Integralista “Avante!” (que se editava em Ribeirão Preto), alcançou enorme sucesso tendo sido republicado em diversos jornais e revistas, bem como editado várias vezes na forma de Folheto, também foi acolhido no Volume VIII da Enciclopédia do Integralismo. Mais recentemente tem sido difundido pela Internet, porém, constatamos que suas reproduções virtuais contém erros e, por isso, resolvemos reeditá-lo virtualmente, com tais erros devidamente expurgados. Todos os Integralistas devem ler e reler este Artigo, meditando-o.

Ser Integralista - Não ser Integralista (O Eterno e o Efêmero).

Genésio Pereira Filho*
Ser Integralista não é fácil. O Integralista aceita uma série de compromissos que não se rompem com desembaraço. E, antes de mais nada, ser Integralista significa tomar atitude, conhecendo a verdade da vida e crendo nela.
Que é tomar atitude? É tomar posição diante das crenças exatas em um momento histórico e através da dialética, pelos movimentos incessantes do devir, procurar chegar ao conhecimento da Verdade final. Que é esta Verdade final, senão a autenticidade da própria vida e a presença do homem, puro de alma, diante do Belo e do Bem?
Domina todo raciocínio a idéia de Verdade. E esta idéia de Verdade como pode ser atingida? Através do pensamento. Logo, tomar atitude é pensar. Diante do mundo cheio de mistérios, de terrores, de incertezas, de ameaças, diante das almas angustiadas e dos corações desesperados, ante destinos rotos e esperanças desfeitas, que faz o homem? Pensa. Procura penetrar as profundezas sem fim da destinação humana, na tentativa de projetar-se além dos mistérios e do incognoscível. Aí está o binômio capaz de criar o homem integral, aquele que dignifica a existência: razão e crença. Não podendo vislumbrar a Verdade última pela fragilidade das ciências, que se esboroam ante o mistério insondável do infinito, o homem sente necessidade de crer. E crendo, plasma uma realidade para tudo, para as coisas que o cercam e para os universos que adivinha, afirma-se na realidade do próprio mundo e caminha fortalecido pela pujança de sua presença animada de ideais.
Não é possível, portanto, crer sem colocar na crença toda força da alma e toda identificação. O ideal que domina o homem tem que ser aceito integralmente, sem reservas, completamente, perfeita e absolutamente. A raiz da verdade é profunda, e não admite superfícies. Vai ao âmago dos corações, enreda-se pelos escaninhos, domina, subjuga, absorve, consome, infiltra-se, penetra, impera, prevalece e prepondera. Não aceita limites. O ideal é ou deixa de ser si tomado em meio termo. Quem crê fá-lo radicalmente, ou não crê. Quem busca verdades parciais numa crença não conhece o pensamento exato, puro e último.
Quem crê revela uma essência. A essência designa e caracteriza o SER, aquilo que é, porque independe das relatividades existenciais. O SER não precisa estar em outro objeto para ser. É em si mesmo, sempre e necessariamente sujeito.
Não sendo nem atributo, nem acidente, nem substância, a essência marca o SER em sua permanência, enquanto tudo à sua volta possa mudar.
Uma essência, irrealizada em uma época, inaceitada, não perde nunca sua força de permanência, porque é eternamente viável. Por isso, costumo dizer que dois verbos diferenciam o Integralista dos demais políticos. Fiel a uma doutrina, que é essencial porque derivada de uma atitude tomada e pensada, não têm caracteres transitórios os gestos do Integralista.
SER e ESTAR são verbos. O Integralista é, afirma-se perenemente através de um movimento de idéias que a relatividade das existências jamais destruirá. Somos um movimento, não estamos num movimento. Afirmamos para a eternidade. O eterno supera o tempo, opõe-se mesmo ao tempo, cuja idéia constitui-lhe antinomia. O que é transitório tem começo e tem fim, vive no tempo e no espaço, submete-se ao devir, às contingências, à existência. Assim sendo, os que não são Integralistas estão simplesmente... Existem. Estão hoje na “União Democrática Nacional”, como estiveram ontem no “Partido Social Democrático” e estarão amanhã no “Partido Trabalhista Nacional”. O Integralista, ao invés, afirma: “EGO SUM”. Sou porque afirmo. Afirmo porque creio. Creio porque penso.
Se me perguntarem se sou de São Paulo, responderei que não. Estou em São Paulo, como estive há tempos em Ribeirão Preto e outrora em Jaboticabal, em Mococa, em Silveiras. Mas sou de São Bento do Sapucaí, minha terra natal, cujas montanhas enchem-me a alma de ideais e de fé; os pinheirais da Mantiqueira são símbolos de minha nobreza e a vibração telúrica do meu ser tem raízes nas escarpas e nas grotas, nas encostas íngremes e nos abismos insondáveis... Estou transitoriamente no asfalto, existo em superfícies, em paisagens de simplórios gramados, mas sou das montanhas de selvas indômitas, habitadas por mistérios e recordadas pelas lendas.
O Integralista é marcado pela continuidade constante do ser, que se revela na vida de ação permanente.
O homem que crê, aceita e elege. Aceitando e elegendo princípios, integra-se. Integrando-se, torna-se responsável. Já disse Julián Marías que a responsabilidade não é consecutiva ao ato humano, mas constitutiva dele mesmo. Sendo constitutiva, está em sua própria natureza. Não pode o homem, pois, titubear em sua vida, mas deve marcá-la pela decisão, sem o que não estará dando “presença” de si mesmo no mundo. Vagará por ele, como sombra tênue, como corpo sem alma. De indecisos está cheio o mundo. De cadáveres que fantasmagoriam cenários e criam universos tenebrosos. De cansados está saturada a terra. De reotropismo negativo está dominada a humanidade.
A existência tem que ser marcada pela atividade constante, pelo trabalho dos audazes e dos decididos, daqueles que ferem o mundo com atitudes firmes e o agridem com sonhos insólitos. Desses é o futuro, porque eles é que fazem a Beleza da Vida e são eles que redimem o gênero humano. Nada de liberalismos tolerantes, nada de totalitarismos negadores da dignidade humana. Precisamos de afirmações corajosas dos ideais abraçados. Sonhar pela Arte e realizar pela Ação, eis a vida bem vivida e bem sentida. Vida que, sendo um eterno presente, não pode abandonar a tradição nem deixar de mirar o futuro. Nação que esquece o passado perde a própria memória. Nação que não vive o presente avilta-se na covardia. Nação que não olha o futuro envenena-se pelos atos limitados do egoísmo.
O homem Integral, o homem eterno, este se apóia na memória dos povos, em sua história, realiza o presente com denodo e constrói para o futuro. Assim agindo, afirma sua essência, lutando contra o tempo que nada perdoa. Disse o filósofo que tudo é destruído pelo tempo, a mulher, a flor, as construções, os impérios, as palavras – ai deles! – o Tempo fá-los inexoravelmente perecer. Nem mesmo os sonhos são perdoados. Nem as obras de Arte. Há, contudo, algo que resiste: o Ideal. Com as obras de arte perece o Belo. Com o Ideal resiste o Sublime, que supera o Tempo.
Afirmemos, portanto, Integralistas, com bastante coragem, nosso Ideal. Afirmemos, porque ele resiste ao Tempo e existirá para sempre. Irrealizado hoje, se incapaz nossa geração de aceitá-lo, será possível no amanhã. “Ego Sum”. Somos um movimento para a Eternidade. E quem afirma para a Eternidade, caminha para o Bem Supremo, alvo último de nosso destino: DEUS.
(Transcrito da Revista “Avante!” – Ano 1 – Fevereiro-Abril de 1950 – Nº 2 – pág. 50).

* Σ – São Paulo (SP). Jurista.

sábado, outubro 18, 2008

Ascendino Leite critica a guerra de silêncio infligida a Plínio Salgado.

O renomado escritor Ascendino Leite, no seu afamado “As Coisas Feitas”, insuspeitamente, pois nunca foi Integralista, protesta contra o silêncio criminoso em relação a Plínio Salgado e sua Obra, eis o que ele diz:
“Plínio foi (é) um exemplo ilustrativo do que afirmo. Sua obra literária, propriamente dita, que abrange romances como O Esperado e O Estrangeiro, está a sofrer o obscurecimento planejado de historiadores e críticos engajados em campo oposto ao do inspirador do Integralismo, no sentido de destruir qualquer lembrança do valor dessa mesma obra.
“(...).
“Não me canso de ler essa Vida de Jesus, de Plínio Salgado, obra prima, duma grande, extraordinária perfeição. Sobre o tema, não há em português uma só que a supere sob qualquer aspecto em que se a aprecie. Linguagem, composição e estilo, tudo nela exprime o máximo das qualidades positivas dum escritor, dum poeta, dum mestre apaixonado pelo seu tema, sem exagero, sem heresia. Mais de vinte edições, uma dezena fora do nosso país, em outros idiomas.
“Mas entre nós quem fala nela? Silêncio completo. Até a Igreja Católica parece ignorá-la. Ninguém, nenhum crítico, nem mesmo Tristão de Ataíde, se abala a comentar a existência desse livro, não obstante a singular mensagem que nele se contém, - belíssimo monumento dedicado à propagação da divindade, da glória e da humanidade de Cristo. Livro tão importante quanto o de Renan. Bem mais perfeito e tocante que o de Mauriac.
“A censura política cegou o espírito crítico em nosso país e acabou transformando o seu autor num escritor maldito, e a sua considerável contribuição à nossa expressão literária, numa obra proibida”.
(Ascendino Leite – “As Coisas Feitas – Jornal Literário” – Rio de Janeiro – Eda Editora – 1980 – págs. 125 e 126).
Opinião de Cassiano Ricardo sobre Plínio Salgado.
Mário de Andrade, Cassiano Ricardo, Menotti Del Picchia, Alfredo Ellis Jr., Plínio Salgado, Oswald de Andrade, Raul Bopp, Cândido Mota Filho, Tasso da Silveira e tantos outros constituíram a brilhante geração intelectual do Modernismo Brasileiro.
Cassiano Ricardo e Plínio Salgado, que participaram do Verde Amarelismo e da Anta, foram amigos por toda a vida, apesar de politicamente terem divergido, pois, Plínio Salgado, em 1932, criou o Integralismo, essencialmente democrático e pluralista, enquanto Cassiano Ricardo, em 1936, fundou a Bandeira, um movimento de cunho fascista, que acabou cooptado pelo totalitário Estado Novo, de Getúlio Vargas, em 1937. No seu Livro de Memórias, Cassiano Ricardo, nos dá um “3 x 4” de Plínio Salgado:
“Caipira do Vale do Paraíba mas civilizado; pode-se incluir na família intelectual de Lobato e Euclides pelo feitio pessoal, teluricamente brasileiro. Inquieto, instantâneo para escrever; mas a um só tempo, capaz de graves reflexões sociológicas, artísticas, “poiéticas” que exigiam vagar. Vivo como corrupira no seu poder de invenção, era cinético no seu convívio. Capacidade de comando e de proselitismo. Mas esse já é outro capítulo que não cabe nos idos do grupo Verde-Amarelo ou do Correio Paulistano. Nem nessa ficha de identificação”.
(Cassiano Ricardo – “Viagem no Tempo e no Espaço” – Rio de Janeiro – Civilização Brasileira – 1970 – XVI + (1) + 330 págs.; transcrição da pág. 35, nota 1).

terça-feira, setembro 30, 2008

A Semana de Arte Moderna e o Pensamento de Plínio Salgado

A Semana de Arte Moderna e o Pensamento de Plínio Salgado.

Fabrícia Lopes*.
A Semana de Arte Moderna de 1922 pode ser considerada como marco do modernismo no Brasil. O evento aconteceu na capital paulista e reuniu intelectuais de distintas linhas ideológicas. Apesar das divergências, buscavam a mudança da velha mentalidade estética por outra, em valores e propósitos. Tal semana, na época em que ocorreu, não abalou estruturas e nem foi um movimento de massa. Sua repercussão só ganharia contornos nos anos sucessivos.
Dentre os desdobramentos da Semana, surge o Movimento Cultural Verde-Amarelo e Grupo Anta, fundado em 1926. O movimento contou com a presença do jornalista e escritor Plínio Salgado, que teve ao seu lado nomes como Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia e Cândido Mota Filho. Eram os fomentadores do Manifesto do Verde-Amarelismo, que tem como base o nacionalismo tupi.
Anteriormente a sua participação na Semana de Arte Moderna, Plínio Salgado passou por um momento que mudaria o rumo de suas convicções filosóficas. Antes da morte de sua esposa, em 1919, o jornalista teve contato com doutrinas materialistas e revolucionárias de Sorel, Marx, Trotski e Feuerbach. Entretanto, com a perda da companheira, o escritor buscaria refugio no Cristianismo, que passará a influenciar sua produção literária.
Em 1922, sua presença na Semana de Arte Moderna foi crucial para a formação intelectual e política de seu pensamento, sendo ela responsável pelo amadurecimento de suas convicções ideológicas nacionalistas. Foi por meio de sua atuação no movimento modernista que Plínio Salgado confirmou seu sentimento patriótico, travando debates com outra vertente modernista, composta por Mário de Andrade. Em sua produção literária, o jornalista ressalta a importância de valores para a constituição de uma identidade brasileira.
O estilo modernista adotado por Plínio Salgado em suas obras literárias acabou sendo visto com preconceito, devido a sua atuação política ter sido associada ao nazi-facismo. Esta acusação normalmente partia dos intelectuais de esquerda, que se opunham à sua visão dualista, visto que se embasavam no materialismo e no relativismo cultural para produção de suas obras.
Observando a obra do autor, é possível notar seu respeito ao ser humano, e o culto a virtudes que são necessárias para uma plena convivência com o próximo, mostrando que para ser intelectual e romper com velhos paradigmas não é necessário negar valores que são imutáveis, como Deus, a família, e a Pátria. De fato, Salgado é um exemplo para os intelectuais da pós-modernidade, que para serem aceitos assumem posicionamentos ateístas e agnósticos, que não respondem aos seus anseios interiores.
* Estudante de Jornalismo (Quarto Semestre). Araçatuba, São Paulo.
# Escrito por Jornalismo UniToledo, às 09h33, dia 29/08/2008.
Os Integralistas e a Guerra Civil Espanhola.
Marcus Ferreira*
A Legião estrangeira Espanhola.
Em 1916, aos 22 anos, Francisco Franco era apenas um capitão, o mais jovem da Espanha. Havia um ano que fora transferido para o Marrocos, colônia espanhola, onde poderia ganhar mais e as promoções eram por bravura e não por algum serviço administrativo, como na metrópole. Lá enfrentavam a guerrilha local, que resistia a invasão. Franco, sempre na linha de frente, fora ferido e condenado à morte pelos médicos. Sua família foi chamada, e seus superiores cogitaram lhe promover postumamente a major pela bravura. Contrariando as expectativas sobreviveu e recuperou-se. Exigiu e recebeu a promoção. Os inimigos criaram a lenda que ele possuía “Baraka”, que seria uma força misteriosa, “o sopro da vida”, que o protegia.
Nos meses seguintes, o major Franco e seu amigo, o coronel Millan Astray, alistaram mais 550 legionários, e os instruíram para combater o chefe Abd-el-Krim. Finalmente em uma licença, cinco anos depois de afastado de sua noiva, casou-se com sua amada, tendo, para surpresa de seu sogro, a presença do general Losada, representando o rei da Espanha, Afonso XIII. Apesar das pesadas perdas, a Legião Estrangeira Espanhola lutou com bravura, tendo Franco sempre na primeira linha de combate. Ele e Millan Astray impuseram um código com oito itens aos legionários:
I – O espírito legionário: o único e substancial dever é a agressividade cega e feroz: encurtar sempre à distância para o inimigo, para atacá-lo com a baioneta.
II – O espírito de camaradagem: "jurais que não abandonareis jamais um legionário no campo de luta, mesmo com o risco de morrerem todos".
III – O espírito de união e socorro: ao chamado – A mi la legion! – todos correrão para prestar ajuda ao legionário, que, com ou sem motivo, se encontra em perigo.
IV – O espírito de marcha: um legionário jamais dirá que está cansado; antes preferirá cair morto.
V – O espírito de dor e de resistência: o legionário não se queixará de cansaço, nem de dor, nem de fome, nem de sede, nem de sono.
VI – O espírito de disciplina: o legionário cumprirá o seu dever até a morte.
VII – O espírito de combate: a legião pedirá sempre para combater sem tréguas, sem contar os dias, nem os meses, nem os anos.
VIII – O espírito de morte: morrer em combate é a maior das honras. A morte liberta de todas as dores e não é terrível, como parece. Mais terrível é viver como covarde. A bandeira da legião será a mais gloriosa, porque é manchada com o sangue de legionário.
A Bandeira da Legião – É a mais gloriosa por que está tingida com o sangue dos legionários.
Todos os homens legionários são bravos, cada nação tem fama de bravura, aqui deve demonstrar que pode ser mais valente.
De fato, lutar sob o comando de Franco não era fácil. Diz-se que era inflexível, duro, minucioso e exigente. Não fazia muitas amizades, mas jamais exigia sacrifícios de sua tropa que não estivesse disposto a exigir de si próprio. Suas tropas eram experientes, disciplinadas e vorazes - como seu líder. Este homem e seus soldados se levantariam contra a Frente Popular que ganhou as eleições legislativas na Espanha.
A internacionalização de uma Guerra Civil.
Quando a revolta nacionalista começou, Franco constatou que quase toda a Marinha e a Aeronáutica estavam do lado republicano, e, com seu exército fora do continente, seria impossível retomar a Espanha. Por isso procurou apoio estrangeiro. As duas maiores potências anticomunistas na época eram a Alemanha nazista, de Adolf Hitler, e a Itália fascista, de Benito Mussolini. Havia também Portugal, de Salazar, que se tornou seu amigo mais tarde. Franco não hesitou em pedir auxílio. A ajuda alemã chegou a partir de agosto de 1936, na forma de 50 aviões Junkers Ju-86. Estes, somados aos aviões de transporte italianos, serviram para o transporte dos primeiros soldados e material bélico. A “Legião Condor”, comandada por Ritter Von Thomas era formada por voluntários da Luftwaffe [a força aérea alemã]. Habilmente treinados e perfeitamente disciplinados, colocariam em prática as táticas que até então eram apenas teorias sobre a guerra aérea e o bombardeio terrestre.
Os italianos colaboraram com dezenas de milhares de soldados e milhões de liras para a compra de armas e suprimentos. Os italianos tiveram milhares de baixas no conflito. Portugal enviou a “Legião de Viriato”, composta por 20.000 voluntários, que sofreu também perdas consideráveis. A Legião Viriato foi formada pelo major Jorge Botelho Moniz, presidente do Rádio Clube Português e amigo de Oliveira Salazar. Este deixou simplesmente que a idéia da Legião prosseguisse, mas não se responsabilizou por ela. É de Oliveira Salazar a frase que descreve melhor este momento: "a internacionalização de uma guerra desenvolvendo-se no quadro de um território nacional".
Quando a guerra começou e se tornou conhecida ao mundo, começaram a chegar novos voluntários, que formaram a “Legião Joana d’Arc”. Cerca de 600 irlandeses, 10 ingleses e 100 franceses. Chegou também uma companhia de russos brancos, e sete membros da Guarda de Ferro romena. Da América do Sul chegaram grupos de argentinos e uruguaios, entre outros - há indícios da participação de brasileiros ao lado de Franco no conflito, mas minhas pesquisas ainda não provaram isto. Estes voluntários eram monarquistas, fascistas, nacionalistas, católicos ou até mesmo descendentes de espanhóis. Em comum só o anticomunismo.
A ação irlandesa e romena.
A motivação dos irlandeses foi basicamente o ódio aos comunistas. Eles ouviram que "os vermelhos estavam queimando igrejas e caçando padres e freiras". O grupo foi liderado por Eoin O'Duffy, líder dos "camisas azuis", movimento fascista irlandês. A viagem foi patrocinada por católicos e por jornais nacionalistas. Partiram de Dublin, em 13 de novembro de 1936. Formaram a 15ª bandeira da Legião Estrangeira Espanhola. Ao chegarem em Jarama, em 11 de Fevereiro de 1937, se envolveram em um combate ferrenho na linha de frente, enfrentando as Brigadas Internacionais. Ambos os lados tiveram enormes baixas. A unidade foi retirada de combate, para praticamente não mais lutar. O’Duff retornou a Espanha em 1938, publicando o livro Crusade in Spain, onde se vangloria da luta anticomunista. Faleceu em 1944, sendo enterrado com honras militares.
A Guarda de Ferro romena, também conhecida como Movimento Legionário, enviou um grupo meramente simbólico para o conflito. Eram todos líderes do movimento, que participaram de sua fundação e organização. Muitos outros se propuseram a partir, mas o movimento não tinha recursos para a viagem. Partiram em 24 de novembro de 1936, e a tropa era liderada por Ion Mota, cunhado do líder da legião Corneliu Codreanu - além dele, foram o padre ortodoxo Dumitrescu Borsa e outros cinco voluntários. Chegando à Espanha, foram incorporados à 21ª companhia da Legião Estrangeira Espanhola, sob o comando do coronel Yague. Em 13 de janeiro de 1937, defenderam a cidade de Majadahonda de um ataque republicano. Tiveram dois mortos, um ferido e um doente, e vitoriosos, se retiraram dos combates voltando para seu país. Os romenos da Guarda de Ferro, após breve período em que administraram o país ao lado do ditador Ion Antonescu, deste divergiram e foram internados pelos alemães no campo de concentração de Buchenwald. Depois foram liberados pelos alemães para se defenderem da invasão russa, em 1945, quando já era tarde demais. Após a guerra muitos fugiram do país, inclusive para o Brasil. Os que foram para a Espanha, fizeram um grande monumento em memória de seus mortos, Ion Mota e Vasile Marin, na cidade onde tombaram.
O Brasil na rota nacionalista.
Alguns grupos de voluntários da América do Sul passaram pelo Rio de Janeiro, em 1936, em direção à Espanha. No Brasil existia a Ação Integralista Brasileira, partido nacionalista fundado em 7 de outubro de 1932, liderado por Plínio Salgado, seu “Chefe Nacional”. A AIB tinha afinidades ideológicas com a falange de Primo de Rivera, e apoiava a ação anticomunista de Franco.
Na Cidade do Rio de Janeiro, então Capital Federal, estava o jornal A Offensiva, seu principal órgão noticioso. A sede do jornal recebeu dois destes grupos voluntários. O primeiro grupo, chegou em 9 de setembro de 1936, e era formado por 10 espanhóis e 3 uruguaios. O grupo era procedente de Buenos Aires e Montevidéu. Chegou no paquete alemão General San Martin. Os uruguaios, Antonio Arribas, Benito Arribas e Bernardo Corrosso eram aviadores. Os argentinos, Carlos Castro, Amélio Fernandez, Manoel Mendez, Juan Arregri, Antonio Dapena, Ramon Ramoni, Benito Átrio, Laureano Casero e Rufo Arguñarena eram milicianos.
Rumo a Espanha, Voluntários Nacionalistas confraternizam com Integralistas, no Rio de Janeiro.
Em 1º de setembro de 1937 chegou outro grupo, no vapor General Artigas. Eram liderados pelo Chefe Nicolas Guintane e pelo sub-Chefe Enrique Rodrigues. Estavam com eles Sebastian Cereceda e Emílio Rosado. Foram recebidos pelo segundo no comando na AIB, Gustavo Barroso, e pelo diretor do jornal, Madeira de Freitas. Este, empolgado com aqueles homens, escreveu no editorial do dia 4 de setembro:
Vi-os, quando, atraídos pela força do ideal comum, procuraram a redação de A Offensiva. Saudei-os, como integralista, em nome e por ordem do Chefe Nacional. E vendo-os, adivinhei quanto de grave, de sublime e de transcendente lhes iluminava o olhar, onde um brilho estranho falaria bem mais alto do que as suas palavras de retribuição “al saludo de los hermanos del Brasil”.
(...) Integralistas e camisas-azuis, compreenderam-se. E marcham, com os patriotas do mundo inteiro, para a apoteose da grande epopéia, para o raiar de uma nova aurora, ao ritmo novo de um novo conceito de vida, o conceito da própria dignidade humana.
Finalmente, em 13 de Janeiro de 1937, chegou ao Rio de Janeiro, de Sevilla e indo para Buenos Aires, Raul Iglesias, agente da falange espanhola. Este estava em Barcelona no início das hostilidades, e se alistou no Exército de Moscardo. Recuou com estes para Alcazar, e lá ficou cercado durante meses. Levantado o cerco, participou do ataque bem sucedido a Irun. Lá, se tornou emissário da Falange e foi enviado para a Argentina. Na ocasião disse: “Pode publicar em seu jornal que a Espanha não é comunista e que os espanhóis nacionalistas estão certos da vitória pela confiança que tem no general Franco e pela fé que tem em Deus”.
Finalmente, em 13 de janeiro de 1937, chegou ao Rio de Janeiro, de Sevilla, e indo para Buenos Aires, Raul Iglesias, agente da falange espanhola. Este estava em Barcelona no início das hostilidades, e se alistou no Exército de Moscardo. Recuou com estes para Alcazar, e lá ficou cercado durante meses. Levantado o cerco, participou do ataque bem sucedido a Irun. Lá, se tornou emissário da Falange e foi enviado para a Argentina. Na ocasião, disse: “Pode publicar em seu jornal que a Espanha não é comunista e que os espanhóis nacionalistas estão certos da vitória pela confiança que tem no general Franco e pela fé que tem em Deus”.
A guerra se torna mundial.
Terminada a Guerra Civil, marcada pela extrema violência de ambos os lados em conflito, Franco começou a lenta reestruturação do país. Logo começou a 2ª Guerra Mundial, e lhe foi cobrada uma posição no conflito. O encontro com Hitler foi em 13 de Novembro de 1940, em Hendaye, na França. O encontro com Mussolini foi em 7 de Março de 1941, em Bordighera, na Itália. Franco optou pela neutralidade enviando para a Alemanha apenas uma divisão de infantaria, conhecida como “Divisão Azul”, a de número 250 da Wehrmacht, comandada pelo General-major Muñoz Grandes. Esta divisão era composta por voluntários espanhóis, na maior parte falangistas, e por cerca de 15 portugueses, ex-membros da Legião Viriato. Engajou-se na luta no setor de Leningrado, na Rússia, até ser retirada de combate, com cerca de seis mil baixas.
Dos portugueses desta divisão, somente um retornou vivo. A maior parte morreu no frio de 35º abaixo de zero das estepes russas. Chamava-se João Rodrigues Júnior. Este, em 1936, depois de ter cumprido o serviço militar, partiu para Espanha, onde havia começado a guerra Civil, e se alistara na Legião Estrangeira Espanhola. Em 1941, terminaria seu contrato de cinco anos com a Legião, mas decidiu por renová-lo para lutar contra o comunismo. Em 1942, aos 26 anos, retornou para sua casa, ainda um idealista.
Fontes:
Revista A Esfera. Portugal, 1942.
Jornal A Offensiva. Rio de Janeiro, 1936-1938.
Carap, Julia. Delírios e destinos. Niterói, RJ: Muiraquitã. 1997.
Legiunea In Imagini. Madrid: Editura Miscárii Legionari, 1977.
Revista “Anauê!”. Rio de Janeiro, 1935-1937.
* Historiador. Rio de Janeiro.

quinta-feira, agosto 28, 2008

O Integralismo e a Revolução Comunista de 1935

O Integralismo e a Revolução Comunista de 1935
Sérgio de Vasconcellos
Ao Companheiro Valmir Soares Jr.
Nos dias finais de Novembro de 1935, vivendo o Brasil em plena Democracia, sob a égide da Constituição social-democrática de 1934, alguns Brasileiros, civis e militares, magnetizados pelo marxismo-leninismo – uma ideologia estrangeira, internacionalista, imperialista, materialista, totalitária e anti-democrática -, desfecharam um golpe revolucionário visando destruir as liberdades públicas e instaurar um Estado Totalitário. Tal revolução, mais conhecida pelo antipático nome de “Intentona Comunista”, custou a vida de dezenas de Brasileiros – muitos dos quais Integralistas -, e que teve sua nada heróica culminância no episódio tristemente célebre do 3º RI, na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, quando militares comunistas assassinaram covardemente colegas de farda ainda dormindo.
Apesar de toda a articulação - secreta e de procedência internacional -, a insurreição bolchevista estourou apenas nas cidades de Natal, Recife e Rio de Janeiro, malogrando inteiramente. Ora, qual a principal razão do fracasso comunista?A ação fora minuciosamente concebida e a certeza de seu sucesso era tão grande, que Stálin enviou ao nosso País três comunistas de sua inteira confiança – que seriam os verdadeiros governantes do Brasil, agindo por trás de Luís Carlos Prestes, o líder oficial – Harry Berger, a esposa deste (Elise) e Olga Benário, que ao contrário da vulgata romântica, não se uniu a Prestes por “amor”, mas por ordem do Komintern...
Se formos ouvir os discursos nas Comemorações oficiais do esmagamento do levante e de Homenagem aos seus Mortos, teremos a impressão que foi a pronta reação das Forças Armadas que impossibilitou o sucesso comunista. Por mais que nos desagrade desmentir as Autoridades Nacionais, particularmente, as das nossas Forças Armadas, que desde a Guerra Holandesa só tem honrado o Brasil, infelizmente, somos obrigados a dizer em nome da Verdade que, a versão oficial é falsa e que as explicações que até aqui têm sido dadas pelos historiadores para a derrota comunista em 1935, salvo as honrosas exceções de praxe, são insuficientes e equivocadas.
Então, perguntar-me-ão, afinal, qual é a Verdade? Respondo:
A principal razão para o total fracasso da Revolução Comunista de Novembro de 1935 chama-se... INTEGRALISMO!
Se os Militares chamam para si a inteira responsabilidade da vitória da legalidade, se os historiadores, em sua maioria, desconhecem os acontecimentos, isto não altera a substancialidade do fato histórico. Os Integralistas, os únicos Brasileiros que pressentiam estar sendo algo tramado contra o Brasil pela 3ª Internacional, foram os primeiros a opor-se ao levante comunista, inclusive apresentando-se em instalações militares – quando a cadeia de comando e comunicação do Exército estava completamente rota -, o que impediu que diversas unidades militares fossem tomadas ou sublevadas pelos Vermelhos, como por exemplo, meu Tio, Geraldo de Paula Lopes, a frente de um Grupo de Integralistas no Quartel de Campinho, no Rio de Janeiro.
Todavia, a Heróica iniciativa dos Integralistas, que foi seguida pela ação de outros civis patriotas e finalmente pelas Forças Armadas, não teria talvez logrado o êxito obtido se muito antes de 1935, o Integralismo, não tivesses se lançado a tarefa de esclarecer o Povo Brasileiro e construir uma consciência cívico-política. Graças ao metódico trabalho da Acção Integralista Brasileira foi quase que por completa anulada a infiltração marxista nos Quartéis, o que privou a Revolução Comunista de elementos humanos preciosos, sem os quais a Revolução Vermelha já estava fadada ao fracasso.
Curiosamente, se Militares e Historiadores ignoram ou fingem ignorar a participação vital do Integralismo no debelamento da revolta marxista, os derrotados, isto é, os Comunistas, reconhecem-na lealmente, o que se comprova por uma Carta-Circular de 1936, em que Prestes explicava o insucesso e, entre outras coisas, dizia:
“Eu pensava agir de outro modo bem diferente” – refere-se à revolução comunista de 1935 – “como já tinha tido oportunidade de me manifestar aos camaradas mais chegados, PRINCIPALMENTE DEPOIS DO FENÔMENO INTEGRALISTA, que escapou por completo às minhas cogitações. Informei em sessão secreta do Comintern que, antes de tentar qualquer golpe no Brasil, era necessário:
“(...).
“3º) – EXTINGUIR OU PELO MENOS ENFRAQUECER O INTEGRALISMO”.
O próprio Dimitroff o reconheceu:
“Não foi possível vencermos no Brasil porque tivemos a leviandade de subestimar a força e a influência que o Integralismo representava”.
Então, Dimitroff expede novas instruções gerais, em 1936:
“1 – Exercitar as massas populares no movimento anti-nacionalista (fascismo, nazismo, “Croix du Feu”, INTEGRALISMO e outras organizações anti-comunistas); atrair para essa luta a pequena burguesia(classes liberais), reservando-lhes um lugar para as reivindicações que tiverem, na frente-popular democrática.
“(...)”.
Enfim, o malogro da Revolução Comunista acabou por originar a seguinte diretiva, também de Dimitroff, que é seguida maquinalmente até hoje pelos comunistas e pela burguesia apátrida:
Concentrant lê feu contre “les chefs” intégralistes et la politique hitlerienne du gouvernement, soulignant que ces “chefs” sont des agents des groupes les plus réactionnaires de l’impérialisme, il faut partout lutter pour lê front démocratique national-libérateur, surtout à la base y compris celle de l’Action Integraliste. Il faut mobiliser les masses pour qu’elles exigent des deux candidats (Armando Salles et José Américo) non des phrases vides pour la “démocratie”, mais une attitude nette devant les problèmes concrètes de la démocratization du pays, qui exige, pour commencer, la libération de Prestes e de sés compagnons, leur amnistie totale, l’établissement d’um regime de libertes démocratiques, etc”.
Traduzindo para o nosso idioma a parte que mais nos interessa desse precioso documento:
Concentrando o fogo contra “os chefes” integralistas (...), sublinhando que esses “chefes” pertencem aos grupos mais reacionários do imperialismo, lutar em toda a parte pela frente democrática nacional-libertadora, principalmente na base, incluindo a luta contra a Ação Integralista.(...)”.

Σ

Todas estas reflexões de caráter histórico são importantíssimas, quando sabemos que o marxismo – que muitos bisonhos acham que desapareceu com a sinistra União Soviética – está conspirando ativamente para instaurar no Brasil um Estado Totalitário, com o seu cortejo de horrores. Hoje, mais do que nunca, o Brasil necessita dos Integralistas, e que o exemplo dos Companheiros que nos antecederam na Revolução Integralista nos sirva de seguro farol de orientação na nossa luta por Deus, pela Pátria e pela Família.
BIBLIOGRAFIA:
1 – Custódio de Viveiros
“Os Inimigos do Sigma”
Rio de Janeiro – Livraria H. Antunes – 1936 – 200 págs.
2 – Plínio Salgado
“O Communismo contra o Brasil”
Rio de Janeiro – s/ed. – 1937 – 31 págs.
3 – Plínio Salgado
“Páginas de Combate”
Rio de Janeiro – Livraria H. Antunes – 1937 – 189 págs.
4 – Plínio Salgado
“Discursos(1ª Série – 1946/1947)” – 1ª edição
São Paulo – Cia. Ed. Panorama – 1948 – 190 págs.
5 – Plínio Salgado
“O Integralismo perante a Nação” – 4ª edição
em
“Obras Completas de Plínio Salgado” – vol. 9.
São Paulo – Editora das Américas – 1955 – 423 págs.
6 – Plínio Salgado
“Doutrina e Tática Comunistas (Noções Elementares)” – 1ª edição
Rio de Janeiro – Livraria Clássica Brasileira – 1956 – 155 págs.
7 – Plínio Salgado
“Livro Verde da Minha Campanha” – 2ª edição
Rio de Janeiro – Livraria Clássica Brasileira – 1956 – 270 págs.
8 – Plínio Salgado
“Palestras com o Povo
“(Irradiações do programa das terças-feiras na Rádio Globo em 1957 e 1958)”
Rio de Janeiro – Livraria Clássica Brasileira – 1959 – 195 págs.
9 – Plínio Salgado
“O Integralismo na Vida Brasileira”
Rio de Janeiro – Edições GRD/Livraria Clássica Brasileira – s/d – 269 págs.
“Enciclopédia do Integralismo” – Vol. I
10 – Plínio Salgado
“Discursos Parlamentares”
Seleção e introdução de Gumercindo Rocha Dorea
Brasília – Câmara dos Deputados – 1982 – 982 págs. – il.
Perfis Parlamentares – vol. 18.

A Liberal-Democracia

A Liberal Democracia
Explicação Necessária:
No dia 07 de Outubro de 1932, em São Paulo (SP), o jornalista Plínio Salgado, lança o “Manifesto de Outubro”, dando início público ao Integralismo. O movimento começa a organizar-se em todo o Brasil, e em 1933, antes mesmo que o primeiro Núcleo carioca fosse fundado na Tijuca, Plínio Salgado faz uma série de conferências no Rio de Janeiro, na primeira das quais conhece pessoalmente Gustavo Barroso, que já lera o “Manifesto de Outubro”, que lhe fora ofertado por Ovídio Gouvêa da Cunha, que por sua vez, o havia recebido das mãos de Plínio Salgado e de Miguel Reale, em reunião que com eles tivera na Capital Bandeirante, na exígua sala que servia de Sede na Av Brigadeiro Luiz Antônio, em fins de 1932. Nesse primeiro encontro, Plínio Salgado tira o distintivo com o Sigma que portava no seu paletó e o coloca na lapela de Barroso, selando simbolicamente o início de uma amizade verdadeira, e por toda a vida, entre os dois maiores Pensadores do Brasil Integral.
Ainda na Cidade Maravilhosa, Plínio Salgado entrega ao seu amigo pessoal, Integralista, Poeta e Editor, Augusto Frederico Schmidt, os originais de “O que é o Integralismo” e “Psicologia da Revolução”, os dois primeiros Livros Integralistas, que foram publicados nesse mesmo ano de 1933. O primeiro pela Schmidt, Editor e o segundo pela Civilização Brasileira, na famosa Coleção Azul, que reunia Obras sobre Cultura e Política, e que já publicara “O Brasil Errado”, de Martins de Almeida, a “Introdução à Realidade Brasileira”, de Affonso Arinos de Mello Franco, “O Sentido do Tenentismo” (com Prefácio de Plínio Salgado), de Virgínio Santa Rosa e “A Gênese da Desordem”, de Alcindo Sodré. Em 1957, na 2º edição das Obras Completas de Plínio Salgado, ambos atingiram respectivamente a 7ª e a 6ª edições.
Do segundo capítulo de “O que é o Integralismo”, denominado “A Liberal-Democracia” extraímos o trecho a seguir, em que podemos ler uma crítica exata e atual ao liberalismo.
Sérgio de Vasconcellos.




A LIBERAL-DEMOCRACIA (1933)
(excerto)

Plínio Salgado
Dissemos no capítulo anterior que o mundo é o que é, e não o que sonham os teorizadores. Nós, integralistas, pretendemos restabelecer o critério das realidades humanas. Assim, repito, em relação ao Homem, que ele deve ser tomado na verdade mais profunda da sua essência.
E não foi por outra coisa que traçamos antes de tudo, o quadro das finalidades humanas, antes de entrar no estudo político.
A liberal-democracia concebeu o "homem-cívico", a grande mentira biológica; o marxismo materialista concebeu o "homem-econômico", mentira tanto filosófica como científica.
Nós, integralistas, tomamos o homem na sua realidade material, intelectual e moral e, por isso, repudiamos tanto a utopia liberalista como a utopia socialista. A liberal-democracia pretende criar o monstro, sem estômago. O socialismo marxista pretende criar o monstro que só possui o estômago e o sexo. Em contraposição ao místico liberal e ao molusco marxista, nós afirmamos o homem-integral.
Σ
Em torno da concepção marxista se criaram fórmulas ilusórias, por serem unilaterais, como sejam o "determinismo materialista", a "proletarização das massas", a "socialização dos meios de produção", a "ditadura do proletariado", "os direitos da coletividade".
Em torno da concepção liberal se criaram essas fórmulas sediças que se denominaram "a causa pública", "a voz das urnas", "a moralidade administrativa", o "civismo", as "massas eleitorais", "a luta dos partidos", "igualdade, liberdade, fraternidade".
Em torno da nossa concepção, nós, integralistas, lançamos as fórmulas definitivas de salvação nacional e humana, exprimindo realidades tangentes: "O Estado orgânico", a "organização corporativa da Nação", a "economia orientada", a "representação corporativa", o "homem integral", o "realismo político", a "harmonia das forças sociais", a "finalidade social", o "princípio de autoridade", o "primado do espírito".
Condenando a liberal-democracia, que arrastou o mundo à crise pavorosa em que se encontra, queremos feri-la no seu próprio coração, que é o instituto do sufrágio.
O sufrágio universal, isto é, o direito de todos votarem no mesmo candidato, ainda que este não seja de sua classe, criou o absurdo de um Estado fora das competências econômicas e morais.
Esse Estado é fraco.
Esse Estado está agonizando na Europa e na América.
Ele não pode por ordem no interior, nem pode realizar nada de prático na vida internacional, para resolver em conjunto com outros Estados, as questões mais simples, como as do desarmamento, das dívidas de guerra, ou do equilíbrio da produção e do consumo.
O Estado liberal, baseado no voto dos cidadãos, desconheceu a organização dos grupos financeiros e dos sindicatos de trabalhadores. Perdeu o controle da Nação. Tornou-se uma superestrutura, para usarmos a terminologia marxista, um luxo da civilização burguesa e capitalista, uma superfluidade estranha aos imperativos orgânicos dos povos.
À sua revelia, deflagraram-se as lutas entre o Capital e o Trabalho e até mesmo entre o Capital e o Capital. O aperfeiçoamento da técnica multiplicou as possibilidades da produção, alijando o homem das fábricas, e o Estado Liberal foi impotente para manter uma uniformidade de ritmo no trabalho, que possibilizasse a colocação dos produtos e evitasse tanta miséria que se originou de tanta fartura.
O mundo está em desordem porque o Estado Liberal é fraco, é anêmico, é gelatinoso. É o Estado inerme, que assiste, de braços cruzados, à angústia das multidões esfaimadas e o desespero dos chefes de indústria, dos agricultores, que não encontram capacidade aquisitiva suficiente, nas coletividades empobrecidas e nuas, para que possam comer e vestir. Estamos assistindo ao incêndio dos estoques: o trigo, nos Estados Unidos; o café, no Brasil; os carneiros, na Holanda e na Argentina: e há tanta criança que tirita de frio e tantas famílias sem um pedaço de pão!
Σ
Chegou o instante de devolvermos aos ideólogos democráticos o presente grego do voto tal como é praticado.
Que façam bom proveito dele os que têm o estômago fornido, automóveis, mulheres, divertimentos, poder. Essa panacéia só tem servido para os demagogos exploradores das turbas e para os "gangsters" elegerem presidentes na América do Norte. Só tem servido para separar o Estado da vida econômica e moral da Nação, permitindo que os sindicatos de capitalistas de um lado, e os sindicatos de trabalhadores do outro, combatam o combate cruel dos interesses meramente materiais, afrontando a inteligência humana, desrespeitando as mentalidades superiores, as únicas que devem impor ordem e disciplina a ambos os contendores, a fim de que não desvirtuem os superiores destinos da criatura humana.
Σ
O Integralismo quer realizar uma democracia de fins e não uma democracia de meios. Quer salvar a liberdade humana da opressão do liberalismo. Quer salvar a dignidade do homem do torvo materialismo dos capitalistas e dos comunistas.
O Integralismo surge como a única força capaz de implantar ordem, disciplina. A única força capaz de amparar o homem, hoje completamente esquecido pelo Estado liberal-burguês, como aniquilado e humilhado pelo Estado marxista soviético.
Nas democracias, o homem está entregue a si mesmo.
Nos tempos de paz, os governos só se lembram dele, para lhe cobrar impostos, para lhe exigir que acorra ao serviço militar, ao júri, que atenda ao apelo para a guerra, quando for preciso. Se o homem está desempregado, que suba e desça as escadas mendigando colocação. Se está enfermo e pobre, que recorra à caridade pública. Se já não pode trabalhar, que mendigue, pois não faltarão mesmo decretos, que lhe garantirão o exercício dessa profissão. Se plantou e não tem meios de custear a pequena lavoura, que se arranje. Se é operário ou camponês, e as fábricas e as fazendas já não têm serviço, que trate de cavar por si mesmo a sua vida. Se existe superprodução de mercadorias e de braços, o mais que o governo pode fazer é oferecer-se para queimar as mercadorias, não tardando que se ofereça a aproveitar a carne dos trabalhadores sem emprego para fazer sabão. E se há conflitos de classes, que o problema seja resolvido à pata de cavalo. Ou então, que as indústrias rebentem, não podendo satisfazer às exigências do proletariado. E se há gente dormindo pelos bancos das avenidas, tal coisa não passa de uma fatalidade cujos desígnios os governos não devem contrariar...
E isso é a liberal-democracia. O regime onde ninguém está garantido: nem o capitalista, nem o operário; nem o industrial, nem o comerciante, nem o agricultor. Compreende-se que, num regime assim, cada qual trate de se salvar por meio de aventuras pessoais, muito embora os ideólogos fanáticos e os fariseus hipócritas clamem pela moralidade administrativa.
Σ
O liberalismo democrático é hoje defendido apenas pela grande burguesia e pelas extremas esquerdas do proletariado internacional.
E isso se explica. Sendo o regime que não opõe a mínima restrição à prepotência do capitalismo, é o preferido por este, que, através das burlas democráticas, exerce a sua influência perniciosa no governo dos povos, em detrimento das nacionalidades, tão certo é que o capitalismo não tem Pátria. Por outro lado, evitando a interferência do Estado na vida econômica das nações, e oferecendo ampla liberdade à luta de classes, facilita o desenvolvimento marxista do fenômeno econômico e social, preparando as etapas preliminares da ditadura comunista.[1]
Os mais fervorosos adeptos do liberalismo são os que pretendem destruir as Pátrias e o Indivíduo com suas projeções morais e intelectuais: é o argentário, o homem de grandes negócios, de um lado, e o anarquista, o comunista, de outro lado.
O ódio de uns e de outros, contra as mentalidades cultas e contra o espírito elevado e nobre das classes médias, não tem limites. Já um socialista espanhol exclamou no auge da cólera: "a pátria do capitalista é onde estão seus negócios; a pátria do proletário é onde está seu pão: só a classe média tem pátria".
Σ
Não se trata, porém, de classe média, e sim da inteligência e da cultura, da moralidade e do espírito, que criam a dignidade humana, determinando que esta paire acima das lutas mesquinhas, consciente dos superiores destinos da criatura humana.
A liberal-democracia, realmente, só aproveita aos poderosos, que exploram os pobres e os fracos, e aos demagogos marxistas, que exploram a ignorância das massas trabalhadoras, e a inexperiência dos estudantes bisonhos, mantendo-os no obscurantismo, a fim de que só aprenda a filosofia do materialismo, que os tornará mais rapidamente escravos.
Explica-se o motivo porque os grandes banqueiros, as grandes empresas jornalísticas a soldo de sindicatos financeiros ou industriais, os políticos a serviço de trustes e monopólios, os agiotas de todo jaez e os negocistas de todos os quilates vivem a proclamar as excelências da liberal-democracia e investem contra o Integralismo com todas as suas armas: é que o dinheiro não tem pátria e o seu portador não tem coração; o menor pânico num país determina a fuga do ouro para outro país, e a menor notícia de disciplina governamental em relação à vida econômica alarma os arraiais da usura eriçando o pêlo das hienas de garras aduncas.
Evidencia-se também a razão porque os marxistas toleram perfeitamente as democracias liberais. Não foi por outro motivo que os bolcheviques apoiaram Kerenski, na ocasião em que este se achava sob a ameaça de Korniloff. Representava Kerenski a revolução burguesa, que procede a revolução proletária: e Lenine sabia perfeitamente que sem o livre desenvolvimento econômico, sob a égide da democracia, não lhe seria possível o golpe de outubro.
Σ
A democracia liberal significa o país desorganizado e o governo inexpressivo das forças econômicas da Nação.
Vivendo na torre de marfim das fórmulas constitucionais delimitadoras do poder do Estado, o liberalismo é a indiferença diante do duelo de morte de duas classes. É a impotência governamental. É a fórmula inútil que serve apenas às divagações e controvérsias de juristas empedernidos.
É o suicídio da burguesia e a véspera do suicídio do proletariado.
Nós, integralistas, que pretendemos realizar a verdadeira democracia, que não é a liberal, mas a orgânica, em consonância com o ritmo dos movimentos nacionais, condenamos todas as formas de liberalismo, porque atentam contra a dignidade humana e conduzem as massas para a degradação, como conduz o homem à animalização completa.
Combatemos o voto desvalorizado e a liberdade sem lastro, pois queremos o voto verdadeiro e a liberdade garantida.
Combatemos as hediondas quadrilhas das oligarquias ao serviço dos poderosos. E, pelo mesmo motivo, combatemos a utopia socialista.
(Plínio Salgado – “O que é o Integralismo”, 6ª edição - São Paulo, Editora das Américas – 1957 – 77 págs. – “Obras Completas” Vol. 9; excerto do Capítulo II, da pág.36 até 45)



[1] Estava este livro em provas, quando o jornal burguês "O Estado de São Paulo" confessou e em artigo de crítica a um livro de Victor Vianna, as intenções do liberalismo democrático, isto é, a marcha para o comunismo, dizendo: “Não há dúvida alguma de que a evolução da humanidade para a "esquerda" é um fato indiscutível. As tendências profundas dos homens são para a emancipação de todos os indivíduos e de todas as classes, para a extinção de todos os privilégios e regalias de castas e nascimentos. A verdadeira política será aquela que coordene e não a que embarace, a evolução natural dos homens”. Ora, essa política só pode “ser realizada em regime democrático”.
Diante dessa confissão, não me cumpre mais, como paulista consciente e brasileiro, do que chamar a atenção dos meus co-estaduanos que ainda amam a Família, a Pátria e Deus, para o erro dos que ainda não vieram cerrar fileiras no "Integralismo", última expressão do espírito bandeirante.