sexta-feira, novembro 28, 2014

ARQUITETURA FUNCIONAL

Tasso da Silveira

Compreendo perfeitamente a razão de ser da "arquitetura funcional" de nossos dias. Quero dizer: compreendo-lhe os princípios. Mas não posso folhear um álbum de história da arquitetura sem que me doa uma viva nostalgia da arquitetura de outras eras. A serenidade, o equilíbrio, o esplendor, a magnitude, a compreensão do humano e do divino, a múltipla harmonia, - dos monumentos arquitetônicos da Grécia antiga, dos grandes séculos medievos, do Renascimento, do período barroco, esplendendo em suas linhas e volumes de beleza eterna nas gravuras magníficas, me levam à repulsa definitiva dos monumentos de hoje.

Arquitetura funcional, sem dúvida: é um reclamo do que há de mais profundo em nosso senso do "edifício". Do edifício que nasceu de simples impulso utilitário em procura do abrigo e que, portanto, deve ser, antes de tudo mais, abrigo, apresentando adequação perfeita à sua função utilitária. O celeiro deve ser celeiro, desenhado e calculado de maneira a oferecer utilidade completa no sentido de tal destinação específica, e refletindo, com precisão, em suas linhas exteriores, esse ajustamento sem erro. A gare ferroviária, a biblioteca, o palácio de governo, a repartição burocrática, a fábrica, a vivenda, devem ser, antes de tudo mais, gare ferroviária, biblioteca, palácio de governo, repartição burocrática, fábrica, vivenda, - com disposição interna talhada na exata medida da função respectiva e aspecto exterior perfeitamente resultante da mesma disposição interna.

Se refletirmos, contudo, em que é o ser humano, dotado de corpo, mas também de alma imortal, saturado de transcendência, com sede e fome de beleza, de magnitude, de harmonia, - que vive do celeiro, da gare, da biblioteca, da fábrica, etc., perceberemos que os edifícios destinados a esses vários misteres, não estão desempenhando em plenitude sua função, não estão sendo "funcionais", se se apresentarem despidos de harmonia, de transcendência, de beleza, segundo uma sábia gradação hierárquica que atenda às diferenças de destinação: alguns desses edifícios servem preeminentemente ao homem animal, outros ao homem social, outros ao homem espiritual.

Os teoristas e realizadores da arquitetura funcional moderna, que estão eriçando o mundo (com raríssima exceções) de construções monstruosas e vão com isso barrando os horizontes de alegria da pobre vida terrena, não sabem ver, por exemplo, o seguinte: que uma biblioteca não se destina apenas a abrigar livros, e a proporcionar leitura em grande comodidade; mas também a criar, para o leitor, um ambiente de espiritualidade que o auxilie a erguer-se, nos momentos de leitura, do tédio e do lodo do quotidiano. Isso, na disposição de suas dependências internas. Quanto à sua face exterior, é inegável que deve exprimir, com exatidão, essa natureza profunda, para que, vista de fora, já seja, em verdade, no influxo que exerce sobre o espírito, uma "biblioteca", vale dizer, um refúgio da inteligência, uma fresca sombra de sabedoria em meio à soalheira dos apetites.

Os criadores das arquiteturas clássicas talvez tenham muita vez esquecido a "função prática" dos edifícios que construíram. Mas os criadores da arquitetura atual esquecem quase sistematicamente a "função transcendente" dos monumentos que levantam.

SILVEIRA, Tasso. Diálogo com as Raízes. Salvador: edições GRD/INL, 1971. Transcrito das páginas 10 e 11.

sábado, setembro 13, 2014

Orientação Eleitoral aos Integralistas

FRENTE INTEGRALISTA BRASILEIRA - FIB

Orientação Eleitoral aos Integralistas

Parece hoje evidente que, principalmente desde o final do Regime Militar, está em curso um projeto de paulatina instauração de um Estado totalitário no Brasil, em que todos os Governos ditos Civis deram sua contribuição.

No campo eleitoral, diversos Partidos de esquerda aparentam disputar entre si, mas, de fato, formam um bloco ideológico, que está desgovernando o País.

Assim, cabe-nos apenas relembrar o que dissemos nas Orientações Eleitorais anteriores, e que é apenas repetição da Orientação Histórica do Movimento, desde 1932: Os Integralistas não podem apoiar direta ou indiretamente quaisquer Partidos comunistas ou socialistas. Portanto, cada Integralista, que é um Eleitor Consciente do Valor do seu Voto, deverá examinar aqueles Candidatos que se oferecem a sua escolha, rejeitando todos os que uma vez Eleitos vão cooperar, direta ou indiretamente, para a implantação de um Regime totalitário marxista em nossa Terra.

Igualmente, ressaltamos que aqueles Candidatos comprometidos parcial ou totalmente à agenda globalista do capitalismo financeiro internacional, em hipótese alguma poderão ser sufragados pelos Integralistas. O Integralismo é visceralmente contrário ao liberalismo, em todas as formas que possa assumir, com seu amoralismo dissolvente, o seu falso conceito de liberdade, seu individualismo exacerbado que é incompatível com o autêntico Conceito de Pessoa Humana, com a plutocracia se fingindo de Democracia, com seu agnosticismo (a forma mais torpe de materialismo), enfim, com o seu espírito burguês corruptor de todas as Nacionalidades.

Os demais Candidatos deverão ser examinados à luz da Doutrina Integralista, e, encontrando-se algum que se aproxime dos nossos Princípios, a este deve ser dado o Voto. Obviamente, havendo Candidato Integralista, este deve ser Votado pelos Camisas Verdes.

A Direção Nacional da Frente Integralista Brasileira – FIB -, à guisa de sugestão aos Companheiros, poderá emitir um Documento específico recomendando Candidatos. Neste caso, antecipamos que tais Candidatos já foram examinados exaustivamente pela Direção Nacional e merecem a confiança de todos os Integralistas.

São Paulo, 28 de Agosto de 2014.
Ano LXXXI da Era Integralista.

Sérgio de Vasconcellos
Secretário Nacional de Doutrina e Estudos
Frente Integralista Brasileira

sábado, maio 31, 2014

RECONSTRUÇÃO DO HOMEM

Plínio Salgado

Fiéis aos princípios do Manifesto de Outubro de 1932, desfraldamos hoje a bandeira do verdadeiro Nacionalismo, que luta contra os que pretendem usurpar nosso Poder Econômico, porém, igualmente luta, e sentindo a mais perigosa e próxima ameaça, contra os que nos querem roubar o dom precioso da nossa Liberdade e da nossa Dignidade, sem aa quais também não existe nem autonomia econômica, nem vida nacional.

As ideias contidas nos dois documentos que estamos pondo em confronto com as exigências da atualidade brasileira, seriam, entretanto, tão inúteis como inexequíveis se nos ativéssemos a uma atitude puramente utilitária e pragmática, inspirada por aquele agnosticismo de que provém hoje a desorientação do mundo.

A pedra angular, portanto da nossa construção nacional que parte da Pessoa Humana para o Grupo Natural, do Grupo Natural para a Nação e da Nação para o Estado e, como consequência estabelecer um critério de interpretação dos fenômenos sociais e um planejamento lógico de soluções integrais aos problemas do País, essa pedra angular deve estar no próprio Homem. De nada valerão regimes políticos, constituições, leis, planos de governo, se não contarmos com os homens capazes de os executar. Assim, num país como o nosso, onde baixou tanto o nível da mentalidade política, os padrões de moralidade dos costumes, imperando a geral confusão dos espíritos, a maior obra que temos a empreender é a de realizar a própria reconstrução do Homem.

Daí a importância fundamental que damos a por nós denominada “revolução interior”, que é a substituição do Homem Velho pelo Homem Novo.

O Homem Velho é que se escravizou aos maus instintos, o que se entregou à preguiça, à avareza ou a luxúria. O Homem Novo é o que superou em si mesmo às tendências ao ócio, à fascinação do dinheiro e a envolvente atração dos confortos e dos prazeres.

 O Homem Velho é o incapaz de outras preocupações que não sejam as dos seus interesses imediatos. O Homem Novo é o que eleva seu pensamento para os ideais superiores e vive por eles, expandindo os valores positivos da sua personalidade.

O Homem Velho é o que manifesta horror a toda ideia de sacrifício. O Homem Novo é o que encontra no sacrifício pelo Ideal o misterioso prazer do espírito que o vivifica iluminando-o de inenarrável alegria íntima.

O Homem Velho é o desiludido, o desesperançado ou melancólico, eterno marginal nos caminhos da História dos Povos. O Homem Novo é o que se compenetrou das imensas possibilidades do seu livre arbítrio e sabe que pode intervir nos fatos sociais, modificando-os, pela ação da Ideia Força que lhe incute as energias na iniciativa e lhe confere o fascínio magnético da persuasão com que se convence primeiro, para depois convencer a muitos outros.

O Homem Velho é fatalista e se entrega ao sabor da corrente, como um boneco de madeira que rola no curso dos acontecimentos históricos. O Homem Novo é o que luta energicamente contra a onda asfixiante de todas as circunstâncias, que se conjugam para aniquilá-lo, e combate, não apenas com o objetivo de vencer, mas pelo delicioso encantamento da própria batalha.

O Homem Velho é o que ficou para trás. O Homem Novo é o que vai para a frente.

O Homem Velho é o que vive a vida prosaica, escravo do quotidiano, prisioneiro das mil injunções do comodismo e dos interesses egoísticos e subalternos. O Homem Novo é o que conhece a Vida Heroica, essa maravilhosa vida que é um dom do Céu, mas que há de ser conquistado pela nossa atitude, pelo nosso esforço.

Criar esse Homem Novo em nossa Pátria é restaurar nossa grandeza antiga e preparar a grandeza maior do Futuro. É operar a própria ressurreição da Pátria, arrancando dos túmulos da apatia, da indecisão, da descrença do fatalismo, os que moralmente haviam morrido e que agora e ressurgem ao som das trombetas dos que se animaram pelo Espírito de Deus e conclamam seus irmãos para o grande empreendimento da Salvação Nacional.

Hoje, como ontem, nas gerações que vieram sucessivamente, de 1932 até nossos dias, e prosseguirão nas gerações futuras, - é com a mais ardente convicção que repetimos:
“O Integralista é o soldado de Deus, da Pátria e da Família, Homem Novo do Brasil, que vai construir uma Grande Nação”.


SALGADO, Plínio. Manifesto de Vitória (1957). Publicação da Difusão Doutrinária do Partido de Representação Popular – P.R.P. s./l.; s./d. Transcrito das páginas 32, 33 e 34.

sábado, maio 17, 2014

Síntese do Manifesto de Outubro de 1932.

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Plínio Salgado.

As ideias nucleares daquele Manifesto são as seguintes:

1º) – Concepção espiritualista do Universo e do Homem.

2°) – A Pessoa Humana, fundamento de toda a construção social e nacional.

3º) – Expansão da Pessoa Humana, dentro da harmonia social e excluída toda ideia de luta de classes, de raças e de indivíduos entre si.

4º) – Unidade Nacional e grandeza da Nação superando-se interesses particulares regionais, locais, partidários e individuais.

5º) – Culto ao Princípio de Autoridade e da Hierarquia Social segundo as normas institucionais e os valores morais.

6º) – Nacionalismo baseado nas tradições da Pátria, no culto à personalidade nacional, em contraposição ao cosmopolitismo, ao capitalismo internacional socialista, à influência estrangeira em nossos costumes.

7º) – Sustentação do Princípio da Propriedade e da Livre Iniciativa, esta com as limitações impostas pelo bem comum.

8º) – Sindicalismo, corporativismo e representação política das categorias profissionais.

9º) – Defesa da Família Cristã contra os agentes de destruição de suas bases materiais, de corrupção moral e contra qualquer tendência absorvente do Estado.

10º) – Municipalismo – Fortalecimento econômico dos Municípios como base de sua autonomia.

11º) – A Nação organicamente estruturada com base nas Famílias, nos demais Grupos Naturais e nos Municípios, é a criadora do Estado e, consequentemente superior a este, não devendo, portanto, confundir, no mesmo conceito, Estado e Nação, estatismo e nacionalismo.

12º) – Todos os problemas sociais e nacionais se correlacionam, se intercomunicam através de íntimas conexões, pelo que nenhum deles pode considerar-se a fonte das soluções dos outros, o que exige, um Governo esclarecido, largo planejamento administrativo, atendendo às consequências maléficas ou benéficas que as providências a favor de um setor econômico ou social possam acarretar a outros setores que também são vitais à sobrevivência e a saúde da Nação.

13º) – Construção da Democracia Orgânica, mantidos os três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), asseguradas as liberdades humanas, a autonomia dos Grupos Naturais, a representação política destes, a autonomia dos Municípios, e estabelecendo-se a temporariedade dos mandatos, a começar pelo Chefe da Nação.

Estas ideias, que constituem a súmula do pensamento integralista, ganharam hoje um valor de atualidade crescente. Atendem às necessidades da Nação Brasileira e às aspirações frequentemente evidenciadas pelo nosso Povo através dos órgãos econômicos, sociais, políticos e culturais do país.

Em vez de levar os homens públicos e os estudiosos dos problemas nacionais a rastejar no rés-do-chão das particularidades isoladas que, afinal, não encontram soluções satisfatórias, soerguem as mentalidades dirigentes, partindo do geral para o particular e enquadrando todas as questões no esquema panorâmico de uma concepção dos fenômenos político-sociais, econômico-financeiros, culturais e morais.
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Trecho do Manifesto de Vitória (1957), elaborado por Plínio Salgado e lançado durante Convenção Nacional do Partido de Representação Popular – P.R.P., em Vitória (ES), em 1957. Transcrito das páginas 15 e 16 de uma edição em folheto publicada pelo setor de Difusão Doutrinária do P.R.P. (s/l, s/d).

quinta-feira, abril 03, 2014

O que é Integralismo?

Parte superior da primeira página de "O Integralista", que se editava no Rio de Janeiro (RJ).


Editorial de “O Integralista”(Ano I, Nº 2, Junho e Julho de 1989; p.2)

O Integralismo é um Movimento de Reconstrução Social, político e econômico, cultural e doutrinário. Seu caráter é nacionalista, opondo-se, portanto, a todos os regimes totalitários.

Infelizmente, muitos brasileiros ainda desconhecem o verdadeiro significado da palavra Integralismo. Outros tiveram conhecimento de maneira deturpada pelos adversários do Integralismo que, na maioria das vezes, agem de má fé.

Para clarificar melhor o que vem a ser Integralismo, transcrevemos alguns trechos de um trabalho de João C. Fairbanks:

Em Matemática define-se INTEGRAL como a soma de um número infinitamente grande de parcelas, sendo cada parcela infinitamente pequena. Por ANALOGIA, dir-se-ia que o elefante ou a figueira brava seria, cada um, a integral de células animais ou vegetais. Cada célula é pequeníssima; somadas as células em avultadíssimo número, dão o colosso do elefante ou da figueira. O oceano seria a integral de moléculas de água; o deserto do Saara, a integral de grãos de areia.

Pois bem, o Estado deve ser o oceano, o elefante ou a figueira do exemplo; deve ser a soma de todas as células operosas do organismo social. Sem nenhuma esquecer. O Estado é a integral dessas células. Cada pequeno lavrador é uma célula, e seu conjunto constitui o galho da federação agrícola integral do Estado. Cada operário, cada industrial, cada artífice idem, idem. Daí a formação dos sindicatos, que são integrais parciais de classe para a integralização social comum.

Integral significa soma, total. Assim, no organismo do elefante, se este, o organismo, é o total, as células, os membros, são partes, são parciais. Daí já se deduz a impossibilidade do Estado-parcela, do Estado-partido, que faliu no mundo inteiro. O Estado há de ser TOTAL, integral, cada célula produzindo para a totalidade social, e a totalidade social vigiando o bem-estar de cada célula, como a parábola bíblica do Bom Pastor: estão abrigadas as 99 ovelhas? Pois vamos cuidar de abrigar a centésima tresmalhada.

E é coerente com o que se observa na Natureza. Meu corpo – a integral de infinitas células – goza de saúde; de repente, pequenas células de um dente enfermam, a ramificação do nervo respectivo fica descoberta. A dor transmite-se ao cérebro. Todo o imenso rebanho corporal de células sofreu, porque algumas sofreram. Vou ao dentista, isto é, vou procurar atender às necessidades das poucas ovelhas tresmalhadas das células dentárias. Curo-me, todo o rebanho celular corporal sente-se bem. Porque nosso organismo não segue a política do Estado partidário, o conjunto celular do corpo não dirá às células doentes: nós estamos bem, vocês se arrumem...

Nosso aparelho digestivo é o único a comer; mas, pela TOTALIDADE, pela INTEGRALIDADE do nosso organismo, espalha o benefício do alimento pelos vasos quilíferos.

Se o aparelho digestivo não fosse INTEGRALISTA, diria aos vasos quilíferos: “vocês não funcionem; nós já comemos, o resto que se amole”.

Ora, se o aparelho digestivo egoisticamente não permitisse que o cérebro, o coração, os membros, recebessem o benefício do alimento, o corpo todo – a integral geral – morreria e com ele o órgão assim tornando egoísta. O acessório segue sempre o principal...

Também os rins filtram os líquidos, separando impurezas que intoxicariam todo o organismo. Se os rins fossem egoístas, fariam essa purificação no interesse próprio. Resultado: todo o corpo se envenenaria e, no seu perecimento, morreriam também os rins.

O mesmo raciocínio se aplicaria aos vegetais: se as raízes, depois de alimentadas seguissem o partidarismo, impediriam a seiva elaborada de subir pelo tronco. Pois se o interesse parcial delas estava satisfeito, que lhes importaria o interesse integral da árvore?

Donde se deduz que a natureza segue o INTEGRALISMO. E que o Estado integral é conforme a Natureza, razão pela qual o Integralismo dentro da REALIDADE NATURAL, considera a PARTE NO TODO, e NÃO o TODO NA PARTE, no que afinal consiste o absurdo da concepção partidária.


terça-feira, março 25, 2014

A Questão da Singularidade Integralista

O Integralismo é o Curupira mais a Energia Atômica.

Ubiratan Pimentel*

O Integralismo, como Filosofia, parte da teoria da integralização dos três fatores que fundamentam a existência da sociedade política: o espiritual, o material e o político. Decorrendo, então, o desenvolver de todo um pensamento político-doutrinário, que em hipótese alguma deve ser entendida como sendo uma ideia que absorve elementos de outras ideias, formando um amálgama eclético. A Doutrina Integralista não deve ser confundida com uma ideia eclética de outras de filosofias.

A estrutura embasadora do Integralismo, a sua produção intelectual, posiciona-se não em cima de uma pluralidade de conceitos ou postulados no que teoricamente eles teriam de melhor, mas do critério absoluto da Singularidade Integralista da Realidade Humana, consubstanciada inicialmente nos três fatores que compõem o universo político humano: o espiritual, o material e o político, respectivamente: Deus, Pátria e Família. Sendo estes três fatores, esta ordem ternária, o nascedouro e o fulcro por onde se guia e se expande única e exclusivamente a doutrina da integralização do ser humano.

Segundo o vocabulário do volume décimo das Obras (in)Completas de Plínio Salgado, o verbete “Ecletismo” nos diz o seguinte: “Tendência filosófica resultante, em geral, do conflito de culturas e do embate das ideias, o que leva a escolher em cada sistema o que parece mais consentâneo com a verdade; doutrina que se caracteriza pelas infiltrações de outros sistemas e pela falta de originalidade e coesão”.

É um grande e lamentável erro, confundir o pensamento integralista com o pensamento eclético. E isso é de fundamental importância, esta diferenciação, para evitarmos cair em desvios doutrinários que podem colocar em xeque o nosso conceito de revolução.

É bom que se saiba que o Integralismo tem a sua Concepção de Mundo, e que esta concepção abrange uma distância que têm início com o Curupira e chega à Energia Atômica e mais além. Portanto a nossa Revolução não é simplesmente a saída de um ponto, para depois de descrever um círculo voltar aquele mesmo ponto. Trata-se na verdade de uma Revolução Helicoidal, onde a cada volta avança-se uma unidade-distância.

Dizer que a Doutrina Integralista é um movimento integral ou que somos “integrais” porque absorvemos elementos de outras ideias é confundir o pensamento integralista com um puro e simples pensamento eclético e pluralista, e que, portanto, não possui definição verdadeiramente objetiva, vagando ao sabor de conceitos sem fundamento.

Publicado originalmente em “O Integralista”, Ano 1, Nº 2, Junho e Julho de 1989; página 4.


* ∑. Historiador.  Maricá – RJ.