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sábado, janeiro 08, 2011

O INTEGRALISMO e a TFP

Explicação Necessária:

Rio de Janeiro, 23 de Fevereiro de 2008.
Companheiros.
Sempre o assunto de uma suposta relação entre o Integralismo e a TFF vem à baila, e não obstante sempre se enfatizar que a Doutrina do Integralismo em nada se assemelha à ideologia tfpista, e que esta organização supostamente religiosa sempre combateu o Movimento Integralista, muitos teimam em ignorar nossos desmentidos.
Em 2001, já cansado da ladainha, o Companheiro M. C. Eiras* resolveu consultar diretamente a própria TFP, obtendo assim uma posição oficial da mesma em relação ao Sigma. Abaixo transcreverei os dois documentos que, espero, vão desenganar definitivamente os que insistem em ver aliança onde só existe oposição.

Pelo Bem do Brasil!
Anauê!
Sérgio de Vasconcellos.

Σ

Os Companheiros Murilo Cesar, Cezar Augusto e Eiras (Rio de Janeiro, 25/09/2004)

Documento I: E-mail do Companheiro M. C. Eiras a TFP, em 22 de Julho de 2001.
“Pergunta: Gostaria de saber se vocês, membros e simpatizantes da TFP têm alguma simpatia e/ou ligação com o Movimento Integralista fundado por Plínio Salgado, na década de 30”.

Documento II: Resposta da TFP ao Companheiro M. C. Eiras, em 23 de Julho de 2001.
“Prezado Sr. Marcelo Eiras
Bem-vindo ao atendimento on line da TFP!
Não, não temos ligação com o Integralismo e a seu tempo, na década de 30, nosso Fundador, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, manteve através das páginas de "O Legionário" acesas polêmicas com esse movimento quando este se encontrava em seu auge.
Evidentemente tais polêmicas eram sempre desenvolvidas em termos elevados e sobre pontos de desacordo doutrinário, e não de ataques pessoais.
O Legionário era órgão da paróquia de Santa Cecília, onde Plinio Corrêa de Oliveira foi congregado mariano. Assumindo a direção do jornal, ele e o grupo de pessoas que depois vieram a fundar a TFP alçaram este semanário, de órgão paroquial a porta-voz oficioso da Arquidiocese de São Paulo, pela amplidão de vistas dos assuntos ali abordados.
O jornal transformou-se em bússola para os católicos brasileiros, por apresentar os acontecimentos nacionais e internacionais sob o prisma da causa católica.
Algo disso o Sr. poderá ler em nosso site no link Histórico. Ou no Autoretrato filosófico de Plinio Corrêa de Oliveira cuja chamada o Sr. poderá ver na primeira página.
Apresentando-lhe atenciosas saudações
Abel Campos/TFP Web-Apoio”.

* Σ - Especialista em Informática, foi o pioneiro na construção de “sites” Integralistas na Internet. Pertenceu ao CEDI – Centro de Estudos e Debates Integralistas e ao Grupo Integralista do Rio de Janeiro - G.I.R.

sexta-feira, julho 09, 2010

Considerações a respeito do artigo Plínio Salgado e a Ação Integralista Brasileira

Victor Emanuel Vilela Barbuy*

O prestigioso jornal O Lince, do Município de Aparecida-SP, veículo no qual tenho tido, aliás, a imensa honra de colaborar, publicou, na última edição, artigo da lavra do Sr. Leandro Pereira Gonçalves, a respeito de Plínio Salgado e a Ação Integralista Brasileira, que merece alguns reparos e esclarecimentos.

Em primeiro lugar, ao definir o Integralismo como sendo um movimento “essencialmente autoritário”, o autor deveria ter explicado o verdadeiro significado do termo “autoritário”, que diz respeito àquele que afirma o princípio de Autoridade, pressuposto da Ordem e da Liberdade, nada tendo que ver com arbitrário e, menos ainda, com totalitário.

Isto posto, cumpre ressaltar que, se, por um lado, Plínio Salgado (que nasceu em 1895 e não em 1885), como expôs o autor, se entusiasmou com as realizações de Mussolini na Itália – como, aliás, tantos homens de seu tempo, de Fernando Pessoa a Chesterton, de Ezra Pound a Mircea Eliade, de Emil Cioran a T.S. Eliot, de Hilaire Belloc a Knut Hamsun, de Oswald Mosley a José Antonio Primo de Rivera, de Céline a Carl Schmitt, de Drieu La Rochelle a Octavio de Faria, de Charles Maurras a Hendrik de Man, de Maurice Barrès a Whyndham Lewis, de Corneliu Codreanu a Alceu Amoroso Lima, de Gandhi a Winston Churchill -, por outro, ele jamais deixou de condenar certos aspectos da doutrina fascista e de ressaltar as diferenças existentes entre esta e o Integralismo, sobretudo no que diz respeito à concepção de Direito e de Estado.

Registre-se, ademais, que, ao contrário do que afirmou o Sr. Leandro Gonçalves, o Integralismo jamais pregou um “nacionalismo agressivo que impusesse a hegemonia brasileira na América do Sul”. Ao contrário, o Integralismo sempre defendeu um nacionalismo sadio e edificador, ou, como diria o próprio Plínio, “equilibrado e profundo, justo e lúcido”¹, e sustentou a integração harmoniosa do Brasil com seus vizinhos. Com efeito, já em 1934, em A Quarta Humanidade, Plínio Salgado pugnava pela formação de uma verdadeira confederação latino-americana, sustentando a necessidade da “união mais íntima entre os americanos meridionais” e da “suspensão de todas as barreiras alfandegárias entre esses povos e o mais íntimo intercâmbio cultural e espiritual”².

Quanto ao Ministério da Educação, oferecido por Getúlio Vargas a Plínio Salgado ou a quem por ele indicado, cumpre ressaltar que o autor de O estrangeiro o recusou, sendo então indicado Gustavo Barroso para tal Ministério, por decisão de líderes da Ação Integralista Brasileira. Mas o Ministro da Justiça, Francisco Campos, encarregado de transmitir a decisão a Vargas, acabou não o fazendo, de modo que o Ministério da Educação acabou indo para as mãos de Gustavo Capanema, que não pertencia à AIB.

Isto posto, é forçoso sublinhar que, ao contrário do que afirmou o Sr. Leandro Gonçalves, o Levante de 11 de Maio de 1938 não foi “um levante promovido pelos integralistas com o objetivo de liquidar Vargas”, mas sim uma precipitação do Movimento que, reunindo integralistas, liberais e militares descontentes, pretendia depor e prender Vargas e restaurar a Constituição de 1934 e o regime democrático. Com efeito, tal levante representou, como reconheceu o historiador Glauco Carneiro, a única reação armada contra a ditadura estadonovista até a deposição de Vargas, em 1945³.

No que tange ao Partido de Representação Popular (PRP), insta assinalar que, ao contrário do que afirmou o Sr. Leandro Gonçalves, não foi Plínio Salgado quem criou esta agremiação após seu retorno ao Brasil, em 1946, mas sim um grupo de militantes integralistas, em 1945. Ademais, tal partido não teve participação tão tímida na vida nacional quanto alega o Sr. Leandro Gonçalves, havendo, com efeito, elegido diversos Deputados Estaduais e Federais, Vereadores, Prefeitos e mesmo um Governador (Jorge Lacerda, de Santa Catarina), sendo importante frisar, ainda, que, em 1955, quando candidato à Presidência da República, Plínio Salgado foi o candidato mais votado no Paraná e teve votação expressiva em diversas outras províncias brasileiras.

Por derradeiro, cabe enfatizar que, diversamente, uma vez mais, do que afirmou o Sr. Leandro Gonçalves, Plínio Salgado não “apoiou de maneira incondicional” o regime instaurado a partir de 1964, havendo se oposto, por exemplo, ao Ato Institucional nº 2, de 1965, que extinguiu todos os partidos até então existentes.

Notas:
1 SALGADO, Plínio. O pensamento revolucionário de Plínio Salgado (antologia organizada por Augusta Garcia Rocha Dorea). 2ª ed. ampl.São Paulo: Voz do Oeste, 1988, p. 97.
2 Idem. A Quarta Humanidade. 1ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1934, p. 79.
3 CARNEIRO, Glauco. História das revoluções brasileiras. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 1989, p. 360.

Fonte: http://br.groups.yahoo.com/group/sigmaclube/

* Σ – São Paulo(SP). Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira - FIB.

domingo, novembro 08, 2009

Resposta à Folha de São Paulo

Victor Emanuel Vilela Barbuy*

A Folha de S. Paulo publicou, no último domingo, um artigo que, intitulado Sangue na Praça da Sé e assinado pelo jornalista Mário Magalhães, trata da vergonhosa tocaia de que foram vítimas os militantes integralistas a 07 de outubro de 1934, quando se celebrava o segundo aniversário do chamado Manifesto de Outubro. A divulgação deste Manifesto, redigido por Plínio Salgado, marcara o surgimento oficial da AIB (Ação Integralista Brasileira), que constituiu o primeiro “movimento de massas” do Brasil e, como ressalta Gerardo Mello Mourão, o “mais fascinante grupo da inteligência do País”.

O tristemente famoso atentado daquele dia tem sido deturpado pelos arautos do preconceito ideológico, que em geral transformam em “vilões” os integralistas, que nada mais desejavam do que celebrar pacificamente o segundo aniversário da AIB, ao mesmo tempo em que pintam como “heróis” seus covardes agressores, os militantes da “esquerda”, adeptos ou simpatizantes do odioso credo de Karl Marx, que já matou mais seres humanos do que qualquer outra das ideologias da História.

Não foi muito diferente o artigo do Sr. Mário Magalhães, repleto de absurdos ataques contra o Integralismo, que preferimos julgar ser produto de ignorância do que de má fé e de que passaremos a cuidar nas próximas linhas.

Ao contrário do que afirma Magalhães, os integralistas jamais representaram a “extrema-direita”, mesmo porque o Integralismo, partindo da concepção integral do Universo e do Homem, rejeita as concepções de “esquerda” e de “direita”, que remontam à chamada Revolução Francesa e nada mais exprimem nos tempos atuais. Além do mais, ao afirmar que os integralistas defendiam o “nacionalismo renhido”, a Igreja e a propriedade privada, o autor se esqueceu de dizer que o nacionalismo integralista é antiimperialista e tendente ao universalismo, que o Integralismo sempre foi um movimento plenamente ecumênico e que jamais deixou de sustentar a necessidade da função social da propriedade.

Ainda ao contrário do que afirma Magalhães, o Integralismo jamais “mimetizou” o fascismo ou o nazismo, tendo diversos pontos de discordância em relação a estes movimentos. O separa do primeiro, sobretudo, sua concepção antitotalitária do Estado, enquanto do segundo se distancia especialmente em virtude de sua oposição ao racismo. Quanto ao uso de uniformes e símbolos, era este comuníssimo naquela época, sendo adotado inclusive por movimentos da chamada “esquerda”, tais como a social-democrata Frente de Ferro, da Alemanha, e a União Comunista Leninista da Juventude (Komsomol), da União Soviética.

Isto posto, cumpre ressaltar que Plínio Salgado sempre condenou, no nazismo, as ideias racistas, a inspiração pagã e o culto exacerbado do Führer, como podemos ver em diversos artigos da década de 1930, bem como na célebre Carta de Natal e fim de ano, de 1935. Ademais, houve vários judeus integralistas e Plínio Salgado sempre se opôs ao antissemitismo, como podemos ver, por exemplo, na Carta aos Camisas-Verdes, de 1934.

As declarações de Plínio Salgado após o atentado da Praça da Sé, ressaltando o papel que neste tiveram os judeus, devem ser interpretadas no contexto da época, quando, aliás, a presença judaica era inegavelmente preponderante nos movimentos comunistas em todo o Mundo. Vale lembrar, com efeito, que Winston Churchill, que ninguém associará ao nazismo, salientou o papel dos judeus na chamada Revolução Russa de 1917 de forma análoga à que Plínio Salgado usou para ressaltar o papel dos mesmos na denominada “Batalha da Praça da Sé”.

Por fim, cumpre frisar que, ao contrário do que afirma o jornalista, o ilustre Professor Goffredo Telles Junior foi, até o último de seus dias, um partidário do Integralismo, movimento que via como uma forma de “socialismo com Deus”, tanto que colaborou até o fim com a Casa de Plínio Salgado, instituição de que tenho a honra de ser o 1° Vice-Presidente, e meses antes de partir para a Milícia do Além, se referiu ao Manifesto de Outubro como “o nosso Manifesto”.



* Presidente da FIB (Frente Integralista Brasileira) e 1° Vice-Presidente da Casa de Plínio Salgado.

sexta-feira, janeiro 30, 2009

 MANIFESTO DA GUANABARA.

O Companheiro Victor Emanuel lendo o Manifesto durante o 3º Congresso Nacional da F.I.B.
Breve Histórico: Durante os dias 22, 23, 24 e 25 de Janeiro de 2009 realizou-se o Fórum Integralista Rio 2009, em que foram discutidosos problemas nacionais e as respectivas soluções Integralistas. Como ponto alto do Magna Encontro, foi amplamente debatido e aprovado pelo Plenário do 3º Congresso Nacional da Frente Integralista Brasileira (F.I.B.) - que reuniu-se sob a Presidência do Companheiro Marcelo Silveira no dia 24 de Janeiro -, o Manifesto da Guanabara, redigido pelo Secretário Nacional de Doutrina e Estudos da F.I.B., o Companheiro Victor Emanuel Vilela Barbuy. No dia 25 de Janeiro de 2009, às 11h30min., no Largo do Paço, diante do Monumento ao General Osório, o próprio Companheiro Victor Emanuel leu o Manifesto, lançando-o publicamente. Terminada a leitura, aplausos e Anauês saudaram o Manifesto e seu Autor. A seguir, a íntegra do Documento:
MANIFESTO DA GUANABARA.
Preâmbulo

Nós, os soldados de Deus e da Pátria, reunidos no Largo do Paço, nesta histórica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, nesta data natalícia da igualmente histórica cidade de São Paulo do Campo de Piratininga, sob as bençãos de Deus, realidade primordial, suprema e absoluta, e em nome Deste, da Pátria e da Família, lançamos o presente manifesto, sabendo que de nosso triunfo ou derrota dependerá o triunfo ou derrota do Brasil e de que moralmente a vitória já é nossa.

Introdução

Art. 1° - O Integralismo é uma Doutrina que, por Deus, Ser Supremo e Absoluto, pela Pátria, Terra dos Pais, que é também nossa e de nossos filhos nascidos ou por nascer, e pela Família, cellula mater da Sociedade, compreende o Universo de um modo integral, pretendendo edificar o Novo Estado, a Nova Sociedade e a Nova Civilização de acordo com a hierarquia de seus valores espirituais e materiais, segundo as leis que regem seus movimentos e sob dependência de Deus, que criou o Homem à sua imagem e semelhança, lhe conferindo uma destinação superior, um destino transcendente.
Parágrafo único: A hierarquia supracitada, em que se fundam o princípio e o exercício da Autoridade, faz prevalecer o Espiritual sobre o Moral, o Moral sobre o Social, o Social sobre o Nacional e, por derradeiro, o Nacional sobre o Particular.
Art. 2º - O Integralismo é um movimento cívico-político que tem por objetivos a felicidade do povo brasileiro, a Justiça Social, a grandeza da Nação, que deve ser redimida e reconduzida à marcha de seu destino histórico, a edificação de um Estado Ético e de uma Democracia Integral e a criação de uma Ordem Jurídica que - emanada da íntima essência nacional, da Tradição e do Passado Integral da Nação, refletindo, pois, o Brasil real, profundo e autêntico – concretize as normas do Direito Natural, levando sempre em conta as circunstâncias de tempo e de lugar.
Art. 3º - O Integralismo, não defendendo expressamente nem a Monarquia e nem a República e reunindo tanto monarquistas quanto republicanos, não é um sistema de governo e sim um regime, podendo ser implantado tanto numa Monarquia quanto numa República.
Parágrafo único: O Integralismo edificará uma Democracia Integral, que poderá ser coroada ou não, de acordo com a vontade consciente do povo brasileiro.
Art. 4º - Não é possível que haja um Novo Estado, uma Nova Sociedade ou uma Nova Civilzação sem que haja um Novo Homem, sendo em razão disto que o Integralismo prega a Revolução Interior, Revolução do Espírito, mudança de atitude em face da realidade e dos problemas, que necessariamente deve anteceder à Revolução Exterior, Revolução das Instituições, que não pode em hipótese alguma violar a Liberdade, a Integridade e a Intangibilidade da Pessoa Humana, de seu livre-arbítrio e dos Grupos Naturais a que esta pertence e nos quais melhor exerce seus direitos e cumpre seus deveres em face da Sociedade, da Pátria e da Família.


Capítulo I: Da Religião


Art. 5º - O Integralismo é um movimento espiritualista, afirmando a imortalidade do espírito e o amor a Deus e à Pátria Celestial acima de todas as coisas.
Art. 6º - O Integralismo é uma frente ampla espiritualista, reunindo pessoas de todos os credos irmanadas na luta contra o materialismo grosseiro e avassalador, tanto em sua face liberal quanto em sua face comunista.
Art. 7º - O Integralismo se propõe a respeitar a liberdade de culto, desde que o culto não constitua uma afronta à Moral, à Ética e aos Bons Costumes ou uma ameaça à Segurança Nacional, defendendo, em matéria de cooperação religiosa, o regime de Concordata, sem prejuízo da autonomia das partes e visando sempre a grandeza e a felicidade da Nação dentro de suas bases cristãs, do ideal cristão sob cujo signo nasceu e floresceu nossa Sociedade.

Capítulo II: Da Pessoa Humana e de seus Deveres e Direitos Naturais

Art. 8º - A Pessoa Humana, substância individual de natureza racional criada por Deus à sua imagem e semelhança, possui um espírito imortal, dotado de inteligência e de livre-arbítrio, devendo encontrar nos Grupos Naturais e no Estado os meios de melhor cumprir seus deveres e de melhor exercer seus direitos, de acordo com sua natureza transcendente.
Art. 9º - O Ente Humano, que tem o mister de praticar, em sua marcha sobre a Terra, as virtudes que o enobrecem, não deve ter seu valor medido pelos bens que possui ou pela classe social ou etnia a que pertence, mas sim por suas virtudes morais, éticas e cívicas e pelo trabalho por ele exercido em benefício do Bem Comum, compreendido este como o conjunto de condições externas adequadas a permitir o integral desenvolvimento do Homem e dos Grupos Naturais.
Art. 10º - O Ser Humano, que deve ter sua Integridade, sua Dignidade, sua Intangibilidade e sua Liberdade respeitadas pelo Estado, é dotado de Direitos Naturais impostergáveis, sagrados e invioláveis, tais como:
I – O Direito à Vida, desde a concepção até à morte natural;
II – O Direito à Liberdade, desde que usada para o bem;
III – O Direito ao Trabalho, direito de cumprir um dever social e humano, remunerado de forma justa, de modo que o trabalhador progrida e se desenvolva moral, ética, mental, social, política e economicamente;
IV – O Direito à Associação, isto é, o direito de se unir a outras pessoas para formar associações autônomas de ordem cultural, científica, social, econômica, profissional ou recreativa, com o fim de proteger os interesses de seus membros e de fortalecer o Bem Comum;
V – O Direito à Religião, direito de cumprir seu dever de confessar a Deus e de prestar-Lhe culto público e privado;
VI – O Direito à Propriedade, dentro dos limites impostos pelo Bem Comum, ou seja, o Direito de Propriedade exercido de modo justo, em proveito de toda a Sociedade;
VII – O Direito de constituir Família por meio do matrimônio e de organizá-la;
VIII – O Direito à Educação Integral, isto é, à formação física, intelectual, ética, moral, cívica e religiosa.

Capítulo III: Do Direito Natural e do Direito Positivo

Art. 11 – O Ente Humano, na esfera de suas aspirações intelectuais, morais e materiais, possui, como vimos, Direitos Naturais decorrentes de sua própria essência e não do Estado, que tem, com efeito, o dever de respeitá-los.
Art. 12 – A Doutrina do Sigma defende o Direito Natural clássico, concreto e autêntico, opondo-se tanto ao Direito Natural laicizante, abstrato e inautêntico do “Iluminismo” quanto ao estatalismo moral-ético-jurídico caracterizado pela crença de que o Estado é a fonte única e exclusiva da Moral, da Ética e do Direito.
Art. 13 – O Direito Natural clássico tem suas bases assentadas sobre a tradição formada pelos filósofos da Grécia, pelos jurisconsultos de Roma e pelos teólogos e canonistas da denominada Idade Média.
Art. 14 – O Direito Natural deve ser completado pelo Direito Positivo, cabendo a este a concretização das máximas gerais daquele, tomando em consideração as circunstâncias de tempo e de espaço e estando plenamente de acordo com a Tradição Integral e o Espírito da Nação.

Capítulo IV: Da Família

Art. 15 – A Família, instituição natural e divina, tendo por fundamento o matrimônio entre pessoas de sexos distintos, é a cellula mater da Sociedade, o primeiro e mais importante dos Grupos Naturais, posto que constitui o nascedouro da vida social e o repositório das mais lídimas tradições pátrias.
Art. 16 – O Estado deve fazer tudo o que for possível para manter a integridade da Família, respeitando a intangibilidade de seus direitos e lastreando sua autonomia com sólidas bases de natureza econômica.
Art. 17 - A fim de que cumpra sua missão natural e histórica, tem a Família o direito:
I - A salário suficiente para atender a suas necessidades morais, intelectuais e materiais básicas;
II – A moradia digna e sã, tanto no aspecto material como no aspecto moral, e que não seja distante de maneira excessiva do local de trabalho;

Capítulo V: Da Propriedade

Art. 18 – A Propriedade Privada é legítima, uma vez que está de acordo com a natureza humana e porque, de maneira geral, tal regime é o que melhor assegura a utilização dos bens materiais e a Liberdade da Pessoa Humana.
Art. 19 – Os bens materiais da Terra estão destinados, antes e acima de tudo, à satisfação das necessidades sociais da Coletividade, de modo que o Direito de Propriedade deve ser exercido de maneira justa, em proveito de todos. Em outras palavras, a Propriedade deve cumprir sua Função Social.
Parágrafo único: A Propriedade que não exercer sua Função Social deverá ser expropriada para fins de Reforma Agrária (caso esteja localizada na zona rural) ou de Reforma Urbana (caso se situe na zona urbana), recebendo seu proprietário indenização justa e prévia.
Art. 20 – Por Reforma Agrária entendemos o conjunto de medidas visando à revisão das relações jurídicas e sócio-econômicas relativas à propriedade e ao trabalho rural, no sentido de uma mais justa e eqüitativa distribuição da terra e da renda, tendo por fim a promoção da Justiça Social, do Progresso e do bem-estar do Homem do campo e o integral, sustentável e harmonioso desenvolvimento econômico e social do País, com a gradual extinção das formas antieconômicas e anti-sociais de exploração da terra, ou seja, do latifúndio e do minifúndio.
Parágrafo único: A Reforma Agrária de que o nosso Brasil carece é uma Reforma Agrária justa, equilibrada, sadia, integral e democrática, sem propósitos ideológicos de qualquer espécie, do mesmo modo que a Reforma Agrária de que não necessitamos é a Reforma Agrária confiscatória, motivada por interesses de natureza ideológica, em proveito de movimentos propagadores de doutrinas estranhas à nossa Tradição e assentadas no ódio, na violência, no terror e na desagregação moral, ética e social.

Capítulo VI: Do Município, da Pátria e da Nação

Art. 21 – De acordo com a Doutrina Integralista, marcadamente municipalista, o Município, cellula mater da Nação, é uma reunião de pessoas livres e de famílias politicamente organizadas, constituindo um Grupo Natural da Sociedade e devendo ser autônomo em tudo aquilo que respeitar a seus peculiares interesses.
Art. 22 – A Pátria, composta dos mortos que a fundaram, dos vivos que a continuam hoje e daqueles que estão por nascer e a continuarão amanhã, é um patrimônio espiritual, uma amplificação da entidade familiar.
Parágrafo único: O Integralismo prega o patriotismo, sentimento espontâneo e decorrente da Lei Natural.
Art. 23 – A Nação é caracterizada por sua Tradição e formada por seus filhos e pelos Grupos Naturais de que estes fazem parte e em que melhor cumprem seus deveres e exercem seus direitos, consistindo em uma entidade inconfundível, um organismo dinâmico dotado de modo de vida, de fórmula sociológica e de missão próprios, decorrentes de seu Passado e Tradição Integral.
§ 1° - O Integralismo sustenta o nacionalismo sadio, construtivo, justo e ponderado, tendente ao Universalismo e entendido como virtude moral que nos impele a amar e defender a Nação e seus superiores interesses, pressupondo não somente o patriotismo mas também o tradicionalismo.
§ 2° - O nosso tradicionalismo não se confunde com o passadismo ou o conservantismo, sendo antes um pressuposto para o verdadeiro Progresso e a verdadeira Renovação.

Capítulo VII: Da questão étnica

Art. 24 – O Integralismo é contrário a toda e qualquer forma de preconceito étnico, considerando que o Ser Humano não deve ser julgado pela cor de sua pele ou por sua etnia, mas sim por seus valores morais, éticos e cívicos e pelo trabalho que exerce em benefício do Bem Comum.
Art. 25 – A Doutrina Integralista considera que as diferentes etnias são diversas mas não adversas, se opondo, portanto, à “luta de raças” que nossa “esquerda” vem tentando implantar no País.

Capítulo IX: Da questão econômica e social

Art. 26 – A Economia deve ser um instrumento a serviço da Pessoa Humana, ao contrário do que tem ocorrido em geral desde pelo menos a chamada Revolução Industrial.
Parágrafo único: Toda a vida econômica da Nação deve estar subordinada ao Bem Comum e ao fim último do Homem, que é o Sumo Bem, isto é, Deus.
Art. 27 – O Integralismo defende o regime da livre iniciativa, que não se confunde com o do livre mercado, devendo o Estado intervir na Economia, em colaboração com a iniciativa privada, de acordo com o Princípio da Subsidiariedade.
§ 1° - O Integralismo prega que a Economia deve ser dirigida no sentido da supremacia do Social sobre o Nacional e do Nacional sobre o Individual.
§ 2º - O Estado deve se contrapor aos interesses dos grandes grupos econômicos e financeiros internacionais que ameaçam a sua Soberania.
Art. 28 – Questão Social é, em sentido estrito, a questão das relações existentes entre o Capital e o Trabalho, notadamente no que tange à situação da classe operária.
§ 1° - A Questão Social só será resolvida pela cooperação de todos, com a adoção de novos processos de regulamentação da indústria e do comércio, de sorte que se evitem os desequilíbrios tão nocivos à estabilidade da Sociedade, e com a socialização e o aprimoramento constante dos Direitos Fundamentais da Pessoa Humana.
§ 2° - O trabalhador deve perceber salário justo e adequado às suas necessidades, ter participação nos resultados de acordo com seu esforço e sua capacidade e tomar parte nas decisões governamentais.
§ 3° - O Integralismo se opõe a luta de classes , defendendo que estas, sendo diversas mas não adversas, podem e devem viver em harmonia.

Capítulo X: Do Estado e da Constituição

Art. 29 – O Estado Integral, síntese nacionalista do Estado Cristão, é o Estado Ético a um só tempo antitotalitário e antiindividualista, que, não constituindo um princípio e nem um fim, mas apenas um meio, um instrumento a serviço da Pessoa Humana e do Bem Comum, está subordinado a Deus e é transcendido pela Ética e movido por um ideal ético.
Art. 30 – O Estado Integral, síntese de uma hierarquia de grupos, existe para proteger o Homem e não para violentá-lo, devendo promover o Progresso e a Renovação com Permanência e realizar a síntese da Civilização Brasileira na Filosofia, na Literatura, no Direito, nas Artes que exprimirão o verdadeiro Espírito Nacional.
Art. 31 – É ao Estado Integral que cumprirá a defesa da Soberania Nacional e a missão de restaurar a grandeza de nossa Nação e de fomentar o seu prestígio no exterior, fazendo com que ela se torne uma Nação efetivamente respeitada no coro das grandes nações, assumindo o papel de liderança que lhe cabe não só na América do Sul, mas também em toda a dita América Latina, no Mundo Lusófono e Hispânico, em todo o Hemisfério Meridional e mesmo em todo o Orbe Terrestre.
Parágrafo único: O Brasil deve lutar pela fundação de três grandes confederações de Estados irmãos unindo moral, cultural, política e economicamente, de maneira respectiva:
I – Todos os países de Língua Portuguesa;
II – Todas as nações da América Hispânica, ressaltando-se que o Brasil é tão hispânico quanto seus vizinhos, da mesma forma que Portugal é tão hispânico quanto a vizinha Espanha, com quem divide o território da Península Hispânica, ou Ibérica;
III – Todo o Mundo Hispânico, composto por todas as Nações de Língua e de Cultura castelhana e portuguesa.
Art. 32 – A Nação Brasileira necessita de uma Constituição que constitua o espelho do País real, do Brasil profundo e autêntico, Brasil das igrejas e demais locais em que elevamos nossas preces a Deus e dos cemitérios em que repousam os nossos antepassados, Brasil de nossas moradas, onde labutamos pelo nosso pão cotidiano e pelo engrandecimento do Bem Comum, isto é, uma Constituição que, ao contrário das demagógicas, abstratas e artificiais constituições burguesas que temos tido e que refletem idéias importadas da Europa e dos Estados Unidos da América, onde, aliás, não são tão menos abstratas e inautênticas do que aqui.
Parágrafo único: A Constituição, que deve, como toda a Ordem Jurídica, emanar da Tradição Integral do Brasil, tem o mister de consagrar todos os direitos concretos do Homem, delimitando da melhor forma possível as competências de cada um dos órgãos e Poderes do Estado, bem como as diferenças entre este e o Governo.

Conclusão

É chegado o momento de, uma vez mais, acordar as forças ocultas que dormem no seio da Grande Pátria e, assim, despertar novamente o Brasil de seu sono e de seu sonho, o reconduzindo às bases morais de sua formação e ao caminho de seu destino histórico.
É chegado o momento de restaurar o Primado do Espírito e a Filosofia Perene e de reconduzir a Ciência Jurídica ao Direito Natural clássico, a Sociedade à Tradição e as relações internacionais ao Universalismo personalista que a chamada Idade Média tão bem realizou.
Devemos ter em mente que de nossa marcha depende não apenas o futuro do Brasil como também o de todo o Mundo e que de nossa marcha depende, ademais, a vitória ou derrota final de nossa Nação.


Secretaria de Doutrina e Estudos da Frente Integralista Brasileira, São Sebastião do Rio de Janeiro, 25 de Janeiro de 2009, no 455º aniversário de São Paulo do Campo de Piratininga.
Anauê!

sexta-feira, janeiro 09, 2009

O Manifesto Integralista de 1932

O MANIFESTO INTEGRALISTA DE 1932

Acácio Vaz de Lima Filho*

Setenta e dois anos são passados, desde que, em Outubro de 1932, Plínio Salgado lançou o seu “Manifesto à Nação Brasileira”, ato inaugural do surgimento da “Ação Integralista Brasileira – A.I.B.”, ulteriormente do “Partido de Representação Popular”, e, por fim, da “Confederação dos Centros Culturais da Juventude” (O Movimento Águia Branca). E a inveterada campanha difamatória lançada ao longo deste tempo contra o Integralismo; campanha partida de fontes marxistas, filomarxistas e liberais, faz surgir a necessidade de esclarecer a geração atual sobre quem era Plínio Salgado, o que é o Integralismo, e quais os seus propósitos.

Em recente artigo publicado no jornal “O Estado de São Paulo”, o insigne professor Miguel Reale, com a autoridade de antigo Secretário Nacional de Doutrina da Ação Integralista Brasileira, abordou o assunto (Vide “O Integralismo Revisitado”, edição de 28-8-2004). Aqui, como antigo Secretário de Doutrina do inesquecível “Grêmio Cultural Jackson de Figueiredo”, tento dar a minha contribuição sobre a matéria.

O primeiro ponto a ser elucidado é o relativo a ter sido, a Doutrina do Sigma, uma concepção do Universo do Homem, de cunho nitidamente espiritualista. Neste sentido, o Manifesto de 1932 assim tem início: “Deus dirige os destinos dos povos”. Assim, o Integralismo surgiu se opondo à concepção materialista, posta em voga pelo marxismo-leninismo. Sucede que a doutrina de Plínio Salgado se opunha radicalmente, também, ao materialismo da concepção liberal-burguesa da Sociedade!... Este ponto é maldosamente escamoteado pela mídia - em parte, dotada de uma ignorância crassa em História - que timbra em apresentar os “camisas verdes” como cães de fila do capital. Isto é injusto e mentiroso: no livro O Espírito da Burguesia, Plínio Salgado demonstra, de maneira irretorquível, em primeiro lugar, que a burguesia, antes de ser uma classe social, é um estado de espírito, marcado pelo egoísmo e pelo comodismo, e, em segundo lugar, que o comunista e o burguês – ambos materialistas – são o verso e o reverso de uma só realidade...


O Integralismo foi a primeira doutrina filosófica e política a valorizar as raças formadoras da Nação Brasileira: o lusitano, o índio e o negro – em uma época em que os “intelectuais” da moda, influenciados – ainda! – pelas doutrinas européias de Chamberlain e de Gobineau, falavam dos indígenas e dos afro-descendentes como de “raças inferiores”. Nesta ordem de idéias, e insurgindo-se contra o reducionismo da Ciência do Século XIX, a Doutrina do Sigma proclamou que não havia causas isoladas para os fenômenos.

Esta foi a Doutrina Integralista, que, na ordem política, econômica e social, preconizou o Estado Ético (isto é, influenciado pela Moral) e buscou uma “terceira via”, entre os excessos do individualismo burguês e os do coletivismo do Comunismo.

E Plínio Salgado? Inteligência polimorfa e espírito culto, foi pensador, ideólogo, historiador, romancista e ... poeta. Fosse este um país sério, e os seus livros O Estrangeiro, O Esperado, O cavaleiro de Itararé e A Voz do Oeste, seriam de leitura obrigatória na Escola Média. Cultuasse este país a sua própria História, e os cadetes de todas as Escolas Militares, os alunos das Escolas de Sargentos, e os reservistas em geral, seriam levados a decorar o Poema da Fortaleza de Santa Cruz, também de Plínio Salgado.

O papel desempenhado pelos integralistas na recente História do Brasil, atesta a importância da Doutrina do Sigma. A Revolução de Março de 1964 foi deflagrada por um integralista, o general Olympio Mourão Filho. O vigente Código de Processo Civil resultou do labor de um outro integralista, o professor Alfredo Buzaid. A Teoria Tridimensional do Direito do professor Miguel Reale (que poderia ser chamada de “Teoria Integral do Direito”), reflete a concepção do Universo e do Homem defendida por Plínio Salgado. E o novo Código Civil foi o fruto do trabalho de uma comissão de juristas chefiada pelo integralista Miguel Reale... Indo além, a Igreja Católica, no Brasil, começou a se preocupar seriamente com os problemas sociais, pela voz do integralista padre Hélder Câmara. Quando a Revolução de Março de 1964, desviada da sua pureza original, desembocou em uma tecnoburocracia insípida, foi o integralista professor Goffredo da Silva Telles Júnior quem, na “Carta aos Brasileiros”, externou os reclamos da nacionalidade!...

Hoje, quando a mídia, a serviço de interesses internacionais inconfessáveis, aponta como modelo para os jovens um homossexual e usuário de drogas, redobra o meu orgulho pelo fato de, em minha juventude, ter pugnado pelos valores da tríade “Deus, Pátria e Família”, na qual continuo a acreditar, pois busco vivenciar o conselho com que Plínio Salgado encerra o “Código de Ética do Estudante”:

“Se és incapaz de sonhar, nasceste velho. Se os teus sonhos te impedem de agir segunda a realidade, nasceste inútil. Se, porém, és capaz de transformar sonhos em realidades, e tocar as realidades que encontras com a luz dos teus sonhos, então, tu serás grande na tua Pátria, e a tua Pátria será grande em ti!”

* Acácio Vaz de Lima Filho, Bacharel, Mestre e Doutor em Direito pela USP (Largo de São Francisco), é Advogado e Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Publicado originalmente na Gazeta de São João, São João da Boa Vista (SP), em 23-10-2.004, Sábado, pág. 4.
Nós o transcrevemos do periódico Integralista “Sei que vou por aqui!”(dirigido por Gumercindo Rocha Dorea), Ano 1, São Paulo, setembro-dezembro de 2004. Nº 2, págs. III e IV.


sexta-feira, julho 04, 2008

GUSTAVO BARROSO













Sérgio de Vasconcellos

Em Outubro de 1932, Plínio Salgado fundou o Integralismo. Nos meses subseqüentes, centenas de Núcleos Integralistas surgiram por todo o País. Em fins de 1932, Ovídio Gouvêa da Cunha, um jovem estudante de Sociologia, ouvindo falar em Integralismo, dirige-se a São Paulo, e lá, encontra-se com Plínio Salgado e M. Reale, dividindo a mesma mesa, numa modesta sala na Av. Brigadeiro Luis Antônio Nº 12, a primeira Sede Nacional da A.I.B. O próprio Plínio Salgado fornece-lhe alguns exemplares do Manifesto de Outubro. Voltando ao Rio, Ovídio Cunha – que aderira ao Sigma -, encontra-se com Gustavo Barroso e entrega-lhe um dos Manifestos, que recebera das mãos do Chefe Nacional. Esse foi o primeiro contato do Autor de “Terra do Sol” com a Doutrina Integralista.
Prosseguindo em sua tarefa Revolucionária, Plínio Salgado vem ao Rio, em 1933, e pronuncia uma série de Conferências Doutrinárias no Salão da Associação dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro. Ao final de uma delas - em que demonstrava como a Filosofia Integralista conciliava o livre arbítrio, o determinismo e o providencialismo -, um homem dirige-se a Plínio Salgado e pede simplesmente um distintivo, o Chefe retirou o que usava na lapela e presenteou o desconhecido. Tratava-se de Gustavo Barroso, e esse foi o seu segundo e decisivo contato com o Integralismo.
Ainda nesse ano de 1933, Plínio Salgado lança os dois primeiros livros Integralistas – “Psicologia da Revolução” e “O que é o Integralismo” -, e parte junto com Thiers Martins Moreira, Capitão Aristófanes do Vale e Hermes Barcelos, na Primeira Bandeira Integralista, que singrou diversos Estados, chegando até o Ceará, de onde iniciou o retorno ao Rio de Janeiro. Em Vitória, Capital do Espírito Santo, Plínio Salgado encontra-se novamente com Barroso – que publicara “O Integralismo em Marcha”, o terceiro livro Integralista – e com Madeira de Freitas - médico afamado e escritor muito conhecido sob o pseudônimo de Mendes Fradique -, um dos principais articuladores do Movimento no Rio de Janeiro.
Gustavo Barroso, Joaquim de Araújo Lima, Plínio Salgado, Manoel Ferraz Hasslocher e Raimundo Barbosa Lima (Matinas de Abril, no Rio de Janeiro).
O ingresso de Gustavo Barroso na Ação Integralista Brasileira causara grande impacto na opinião pública, pois, Barroso era figura de projeção nacional e internacional. Fundador do Museu Histórico Nacional, Presidente da Academia Brasileira de Letras, ex-Deputado Federal, Folclorista, Historiador, Museólogo, Romancista, Contista, enfim, um homem brilhante, inteligentíssimo, com vasta produção literária em vários campos do conhecimento, só superado por Coelho Neto em quantidade de livros editados. No Integralismo foi Chefe da Milícia, e com a extinção desta, Secretário Nacional de Educação (Moral, Cívica e Física) da A.I.B. Escreveu os seguinte Livros Integralistas: “O Integralismo em Marcha”, “A Palavra e o Pensamento Integralista”, “O Integralismo de Norte a Sul”, “Brasil – Colônia de Banqueiros”, “História Militar do Brasil”, “Integralismo e Catolicismo”, “Espírito do Século XX”, “O que o Integralista deve saber”, “O Quarto Império”, “Comunismo, Cristianismo e Corporativismo” e outros. A leitura, não apenas de suas Obras Integralistas, mas de todos os seus Livros, é recomendável a todos os Brasileiros, particularmente, aos Integralistas, pois, neles se aprende Brasil.


Ovídio Cunha

O Integralismo


O INTEGRALISMO

Gustavo Barroso
O Integralismo não é um partido político, nem de modo algum deve ser confundido com qualquer partido político. Os partidos representam interesses parciais dum grupo de eleitores organizados à sombra dum programa destinado à duração dos mandatos daqueles que elege. O Integralismo põe o interesse da Nação acima de todos os interesses parciais ou partidários e se guia por uma doutrina, não por um programa.
Programa é um projeto ou resolução daquilo que se pretende fazer em um tempo determinado. Doutrina é um conjunto de princípios filosóficos, morais e científicos no qual se baseia um sistema político por tempo indeterminado. A diferença é essencial. Uma doutrina dá origem à incalculável número de programas. Um programa não produz nenhuma doutrina.
- Se não é partido, que é, então, o Integralismo? – perguntarão todos quantos se viciaram em compreender a política como simples jogo e manejo de partidos.
O Integralismo é uma Ação Social, um Movimento de Renovação Nacional em todos os pontos e em todos os sentidos. Prega uma doutrina de renovação política, econômica, financeira, cultural e moral. Prega essa doutrina, completa-a e a amplifica constantemente com seus estudos, e prepara os homens capazes de executar as medidas dela decorrentes. Abrange, nos seus postulados, indagações e finalidades, todas as atividades nacionais. Bate-se, não por um programa partidário regional ou local, - autonomista, evolucionista, constitucionalista, partido republicano mineiro, partido republicano paulista, partido democrático, etc.; mas pela construção duma Grande Pátria dentro duma doutrina que contenha princípios definidos desde as concepções do Mundo e do Homem até às dos fatores materiais econômicos.
Isto é uma Política, da qual decorre uma administração. Os partidos somente são capazes de chegar até um programa de administração. O Integralismo constrói uma Doutrina Política, em conseqüência da qual poderá formular inúmeros programas de administração.
Por isso, o Integralismo não compreende e não quer o Brasil partido, dividido: dum lado, o povo alistado em dezenas e mesmo centenas de partidos, votando em milhares de legendas que sub-partem os partidos, sempre contrário ao governo, como se este fosse seu pior inimigo; dum lado, o povo iludido pelos politiqueiros, contrapondo-se ao Estado que o esfola com os impostos; do outro, esse Estado manobrado pelo partido que dele se apoderou por meio do voto, oscilando ao sabor das forças paralelas a ele – corrilhos eleitorais ou financeiros, etc., tornado meio de satisfazer apetites, quando deve ser um fim para satisfazer o bem público; mas compreende e quer o Brasil - Unido, isto é, o Brasil - Integral, com o Estado e a Nação confundidos num todo indissolúvel.
O Estado não deve ser somente o governo, a administração dum país. A Nação não deve ser somente a comunidade dos indivíduos unidos pela origem, pela raça, pela língua ou pela religião sob o mesmo regime político. A Nação e o Estado devem integrar-se num corpo só, na mesma associação de interesses e de sentimentos, confundindo-se na mesma identidade e para os mesmo fins.
Na Doutrina Integralista, a Pátria Brasileira deve ser uma síntese do Estado e da Nação, organizada sobre a base corporativa. A sociedade humana não vale somente pelo que apresenta aos nossos olhos; vale muito mais ainda pelo que nela existe e não conseguimos ver, isto é, as forças ocultas do seu Passado e do seu Espírito. Os homens prendem-se ao Passado através de seus ascendentes, cujas características essenciais herdam, cujas conquistas morais, intelectuais, técnicas e materiais lhes são transmitidas como um verdadeiro patrimônio. Essa herança é a civilização e nela as gerações que se sucedem são solidárias.
Compostas de homens, as Nações ligam-se ao passado pelas suas tradições de toda a espécie. Enraizada nelas é que a Pátria Brasileira deve florescer no Presente para frutificar no Futuro.
O regime corporativo une os sindicatos de trabalhadores, de técnicos e de patrões, coordena seus esforços e transforma-os de organismos políticos de luta em organismos políticos, sociais, econômicos, morais, educativos, de equilíbrio e de cooperação.
Afim de realizar o que pretende, o Integralismo não apela, como os extremistas, para a brusca subversão da ordem social e conseqüente inversão de todos os seus valores, para os atos de banditismo, vandalismo ou terrorismo, para bombas de dinamite e atentados pessoais, para sabotagens e greves que ainda mais precária tornam a situação do pobre operário; mas para o valor do próprio homem, sua dignidade de ser pensante, suas virtudes patrióticas, suas reservas morais, sua tradição religiosa e familiar, seu amor pelo Brasil, sua crença em Deus!
Querendo a grandeza da Pátria Brasileira, o Integralismo por ela se bate em todos os sentidos. Essa grandeza somente pode alicerçar-se na alma das massas trabalhadoras de todo o país, libertadas ao mesmo tempo da exploração econômica do capitalismo sem pátria e da exploração política dos caçadores de votos ou dos extremistas fingidos, que falam em nome de operários e camponeses sem serem nem operários, nem camponeses.
Pelo Integralismo, a grandeza da Pátria Brasileira se fará pela renúncia dos interesses pessoais em favor dos interesses nacionais, a pureza dos costumes públicos e privados, a simplicidade da vida, a modéstia do proceder, a integridade da família, o respeito à tradição, a garantia do trabalho, o direito de propriedade com seus deveres correlatos, o governo com autoridade moral e mental, a unidade intangível da Nação e as supremas aspirações do espírito humano.
Integralismo quer dizer soma, reunião, integralização de esforços, de sentimentos, de pensamentos, ao mesmo tempo de interesses e de ideais. Não pode ser um simples partido. É coisa muito mais elevada. É um movimento, uma ação, uma atitude, um despertar de consciências, um sentido novo da vida, a marcha de um povo que desperta!
Batendo-se pela felicidade do Brasil dentro das linhas de seus grandes destinos, condicionadas pelas suas realidades de toda a ordem, o Integralismo quer que o pensamento dos brasileiros não se divida e enfraqueça na confusão de doutrinas ou programas; quer que se una e some ao influxo de uma mesma doutrina político-social. Porque essa base doutrinária é imprescindível para a construção do ESTADO INTEGRAL BRASILEIRO, ESTADO HERÓICO pela sua capacidade de reação e de sacrifício, ESTADO FORTE pela sua coesão, sem fermentos desagregadores dentro de si, no qual, como fator indispensável de independência, se tenha processado a emancipação econômica e, como condição principal da unidade da Nação, tenham desaparecido as fronteiras interestaduais.
Para a realização de tão grande obra política, econômica e social, o Integralismo tem de combater sem tréguas e sem piedade toda a repelente imoralidade do atual regime de fraudes, enganos, corrupção e promessas vãs, bem como todo o materialismo dissolvente da barbárie comunista que alguns loucos apontam como salvação para nosso país. O atual regime pseudo-liberal e pseudo-democrático é um espelho da decadência a que chegou o liberalismo, que procurou dividir a nação com regionalismos e separatismos estreitos, implantando ódios entre irmãos, atirados às trincheiras da guerra civil; com partidos políticos transitórios que sobrepõem as ambições pessoais aos mais altos interesses da Pátria e pescam votos, favorecendo os eleitores com um imediatismo inconsciente, em que tudo concedem ou vendem, contanto que atinjam as posições.
Esse regime fraco e vergonhoso escravizou o nosso Brasil, o pouco capital dos brasileiros e o trabalho das nossas populações abandonadas ao banqueiro internacional por um criminoso sistema de pesados, aladroados e sucessivos empréstimos externos, cuja funesta e primeira conseqüência é o esfolamento pelos impostos.
O comunismo que agitadores estrangeiros, aliados a brasileiros vendidos ou inconscientes, inimigos da Pátria, nos prometem, quer a destruição das pátrias, da propriedade e da família, a proletarização das massas e a materialização do homem em todos os sentidos. Tirando ao indivíduo suas crenças e tradições, sua vida espiritual e sua esperança em Deus, sua família – que é sua projeção no Tempo -, e sua propriedade – que é sua projeção no Espaço -, arranca-lhe as forças de reação, todos os seus sentimentos, deixa somente a fera humana e prepara-o, assim, para definitiva escravização ao capitalismo internacional disfarçado em capitalismo de Estado.
O Povo Brasileiro debate-se em verdadeira angústia econômica e anseia por novo padrão de vida; debate-se numa completa desorganização de sua existência pública e almeja nova forma de justiça social; debate-se em formidável anarquia de valores e na incultura geral, e precisa formar sem detença homens escolhidos que possam resolver os grandes e graves problemas da Nação.
Urge a transferência completa do Brasil para salvá-lo, novo conceito de vida, novo regime, novo quadro de valores. Essa transformação completa, integral da Sociedade Brasileira fatalmente terá de ser o resultado duma transformação completa, integral da Alma Brasileira no sentido do rigoroso cumprimento de todos os deveres para com a Família, para com a Pátria e para com Deus.
A lição de Jacques Maritain manda a Razão submeter-se a Deus, que é Espírito, e à Ordem Espiritual por Ele instituída.
Só uma Revolução Moral pode produzir uma grande, digna e benéfica Revolução Social. Porque esta é projeção daquela. Por isso, a Doutrina Integralista afirma que a primeira revolução do Integralismo é a Revolução Interior.
(Transcrito das págs. 9 até 16 de “O que o Integralista deve saber”. 1ª edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1935, 214 págs.)

domingo, junho 22, 2008

O Negro e o Integralismo

O Negro e o Integralismo
Victor Emanuel Vilela Barbuy*
Na recente reportagem sobre o nazismo em nosso País, a revista “Aventuras na História”, da Editora Abril, afirma, dentre vários outros absurdos, que o Integralismo constitui um movimento racista, chegando ao cúmulo de dizer que os Integralistas espancavam negros. Até que se prove o contrário, prefiro supor que tais afirmações sejam fruto não da má-fé do mencionado periódico, mas sim da absoluta ignorância que muitos brasileiros, infelizmente, ainda têm em relação ao Integralismo, por eles conhecido através de livros, filmes, minisséries e telenovelas que não fazem mais do que repetir velhas e carcomidas calúnias dos agentes do Komintern de Stálin e do DIP de Getúlio Vargas.
Ora, o Integralismo, como doutrina essencialmente cristã e brasileira, sempre foi radicalmente contrário a qualquer forma de racismo. Foi, aliás, o primeiro movimento, no Brasil, a aceitar em suas fileiras, inclusive em posições de liderança, negros, bem como mulheres – as famosas blusas-verdes - e índios.
No chamado Manifesto de Outubro, documento que funda oficialmente o Integralismo e que é lido por seu autor, Plínio Salgado, já então ex-deputado estadual por São Paulo, além de escritor e jornalista de renome, a 07 de Outubro de 1932 no Teatro Municipal de São Paulo, já se denunciava que “os brasileiros das cidades não conhecem os pensadores, os escritores, os poetas nacionais. Envergonham-se também do caboclo e do negro de nossa terra. Adquiriram hábitos cosmopolitas. Não conhecem todas as dificuldades e todos os heroísmos, todos os sofrimentos e todas as aspirações, o sonho, a energia, a coragem do povo brasileiro. Vivem a cobri-lo de baldões e de ironias, a amesquinhar as raças de que proviemos. Vivem a engrandecer tudo o que é de fora, desprezando todas as iniciativas nacionais. Tendo-nos dado um regime político inadequado, preferem, diante dos desastres da Pátria, acusar o brasileiro de incapaz, em vez de confessar que o regime é que era incapaz.”
O insuspeitíssimo sociólogo Gilberto Freyre, em sua obra “Uma cultura ameaçada – a luso-brasileira”, de 1942 (citado por Jayme Ferreira da Silva em “A Verdade Sobre o Integralismo”), refere-se ao geógrafo nacional-socialista Reinhard Maack, que, na revista de professores da Universidade de Harvard, nos EUA, já havia expedido suas idéias profundamente racistas: “O geógrafo Maack atribui essas idéias universalistas, para ele absurdas, ao próprio movimento integralista, recordando, com indignação, que um dos chefes teuto-brasileiros do extinto partido teria exclamado, em discurso em Blumenau: ‘Na época de completa fraternização de toda a família brasileira num Estado integral, não haverá mais diferenças de raça e de cor’. Para nós, um dos pontos simpáticos e essencialmente brasileiros do programa daquele movimento. Para o geógrafo Maack: ‘heresia das heresias’. Os homens de raça e de cultura germânica, sob a orientação nazista, não se submeteriam nunca a semelhante confraternização de raças e de costumes, dentro das tradições portuguesas que se tornaram estruturais para o desenvolvimento brasileiro.”
Não custa lembrar, ademais, que Plínio Salgado, como bem observa Hélio Rocha em seu livro “Integralismo não é Totalitarismo”, de 1950, “foi o primeiro jornalista sul-americano que rompeu fogo contra o Nazismo” e também o primeiro intelectual e homem de ação do País a fazer uma denúncia de peso contra esse movimento racista, em sua “Carta de Natal e Fim de Ano”, de 1935, sendo em razão disto e de suas idéias profundamente cristãs, democráticas e, portanto, anti-racistas e anti-totalitárias, seus livros proibidos de circular na Alemanha de Hitler.
Dentre os integralistas negros – inúmeros, como podemos ver através de centenas de fotografias –, incluem-se o líder negro, ex-senador, teatrólogo, ator, escritor, artista plástico e professor Abdias do Nascimento, o “Almirante Negro” João Cândido, o sociólogo Guerreiro Ramos, o ativista negro e escritor Sebastião Rodrigues Alves e o jornalista, escritor, advogado, professor e militante negro Ironides Rodrigues, que assinou durante anos uma excelente coluna sobre cinema no jornal integralista “A Marcha”.

João Cândido Felisberto, líder da chamada Revolta da Chibata e símbolo da luta não apenas do negro, mas de toda a classe trabalhadora deste País, aderiu ao Integralismo no ano de 1933, tornando-se amigo de Plínio Salgado. Em 1968, no longo depoimento que concedeu ao Museu da Imagem e do Som, declarou a amizade para com o fundador da Ação Integralista Brasileira (AIB) e o orgulho de haver feito parte daquele formidável movimento cívico-político, onde, segundo ele, “era muito bem tratado, como chefe.”
No livro “Memórias do Exílio”, de autoria coletiva, Abdias do Nascimento declara que os temas que o “atraíram para as fileiras integralistas” foram “as lutas nacionalistas e anti-imperialistas” – fato que, como observa Rubem Nogueira em sua monumental obra “O Homem e o Muro”, só causa espanto àqueles que jamais leram sequer um dos inúmeros livros de orientação doutrinária de Plínio Salgado, Miguel Reale, Gustavo Barroso, Tasso da Silveira, Olbiano de Mello, Victor Pujol, Hélio Vianna, Olympio Mourão Filho, Custódio de Viveiros, Madeira de Freitas, Ovídio da Cunha, Jayme Ferreira da Silva, Osvaldo Gouvêa e outros, obras em que se condensa o pensamento do Integralismo, movimento que sempre professou a teoria do engrandecimento da nação brasileira, opondo-se, portanto, a todo tipo de imperialismo.
Abdias qualifica o tempo em que militou na AIB como “etapa importante de minha vida” e prossegue recordando que “no Integralismo foi onde pela primeira vez comecei a entender a realidade social, econômica e política do país e as implicações internacionais que o envolviam.”
Prossegue o idealizador e realizador do Teatro Experimental do Negro frisando que “a juventude integralista estudava muito e com seriedade. Encontrei e conheci pessoas de primeira qualidade como um San Thiago Dantas, Gerardo Mello Mourão ou Roland Corbisier; assim como um Rômulo de Almeida, Lauro Escorel, Jaime de Azevedo Rodrigues, o bravo embaixador brasileiro num país europeu que se demitiu da carreira após o golpe militar de 1964; ou ainda Dom Hélder Câmara, Ernani da Silva Bruno, Antônio Galloti, Mazzei Guimarães e muitos outros. Conheci bem de perto o chefe integralista Plínio Salgado, de quem em certa época fui amigo.”
Anos mais tarde, quando acontecia a II Guerra Mundial e Abdias do Nascimento e seu Comitê Democrático Afro-Brasileiro costumavam reunir-se na sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), os comunistas passaram a usar o passado integralista de Abdias como um “slogan de confrontação”, chegando a, certa feita, exigir de sua parte uma retratação pública.
Abdias, porém, como “homem honrado e de coragem moral”, no dizer de Rubem Nogueira, negou-se a renegar o passado integralista, pois “não tinha nada a declarar naquela espécie de autocrítica sob coação. Nada havia no meu passado para lamentar ou arrepender. Não me submeteria àquela chantagem.”
Na década de 1930, Abdias do Nascimento militara ao mesmo tempo na Ação Integralista Brasileira (AIB) e na Frente Negra Brasileira (FNB), organizações que - como observa Karin Sant’Anna Kössling em sua dissertação sobre “Os Movimentos Negros: Identidade Étnica e Identidade Política”, datada de 2004 e citada por Márcio José Carneiro em sua tese “Abdias do Nascimento – a trajetória de um negro revoltado” – partilhavam das mesmas concepções sobre o Brasil e o seu povo, obtiveram a atenção dos chamados afro-descendentes de São Paulo e tiveram uma relação bastante intensa, conforme demonstram as notícias veiculadas no periódico integralista “A Acção”, de maio de 1937, que divulgou os eventos em celebração à Abolição realizados pela FNB, que levou palestrantes integralistas às comemorações.
A principal preocupação apresentada pelos editoriais de “A Acção” era, como lembra Kössling, a crítica à lamentável situação social e política decorrente do capitalismo liberal, propondo uma Nova Abolição, “elaborando uma grande força de libertação nacional, de um novo e amplo 13 de maio para o povo brasileiro”; observava-se, com efeito, que o problema de exclusão social que o negro brasileiro vivenciava não configurava algo específico, mas sim mais um dos frutos nefandos do liberal-capitalismo.
A FNB teve como fundador e primeiro presidente o Dr. Arlindo Veiga dos Santos, que foi um dos mais expressivos líderes da Ação Imperial Patrianovista Brasileira, denominação que recebeu a partir de 1935 o movimento monárquico Pátria Nova, assim como amigo de Plínio Salgado, participando de sua Sociedade de Estudos Políticos (SEP), núcleo de grande relevo dedicado à meditação sobre a problemática política e social brasileira fundado oficialmente a 12 de março de 1932 no Salão de Armas do Clube Português, em São Paulo, e de que participaram, além do próprio Plínio Salgado e de Arlindo Veiga dos Santos, outros notáveis intelectuais como Mario Graciotti, Ataliba Nogueira, Fernando Callage, José de Almeida Camargo, Alpínolo Lopes Casali, Antonio de Toledo Piza, Cândido Motta Filho, Iracy Igayara, José Maria Machado, Rui de Arruda Camargo, Alfredo Buzaid, Carvalho Pinto, Sebastião Pagano, Mario Zaroni, Leães Sobrinho, João de Oliveira Filho, Eurico Guedes de Araújo, Manoel Pinto da Silva, Lauro Pedroso, Dutra da Silva, Rui Ferreira dos Santos, Goffredo e Ignacio da Silva Telles, Roland Corbisier, Ernani Silva Bruno, Azib Buzaide, James Alvim, Fausto Campos, Eduardo Rossi, Francisco Stela, Gabriel Vendomi de Barros, Pimenta de Castro, Lauro Escorel, Francisco de Almeida Prado, Almeida Salles, Waldir da Silva Prado, Plínio Corrêa de Oliveira e tantos outros não menos ilustres.
O ínclito poeta, livreiro e editor Augusto Frederico Schmidt, amigo pessoal e admirador de Plínio Salgado desde o ano de 1926, quando este publicara o revolucionário e aclamado romance “O Estrangeiro”, acolheu com entusiasmo a Sociedade de Estudos Políticos, logo articulando no Rio um grupo de jovens constituído por Antônio Gallotti, Américo Jacobina Lacombe, Thiers Martins Moreira, Lourival Fontes, Chermont de Miranda e outros, indo freqüentemente à então Capital Federal, para estimular o grupo, Plínio Salgado e San Tiago Dantas, que ora residia em São Paulo, trabalhando ao lado de Plínio no jornal “A Razão”, que revolucionou a imprensa da Capital Bandeirante e mesmo do Brasil e acabaria empastelado nos distúrbios de 23 de maio de 1932.
Voltemos, porém, à FNB. Mantinha ela um periódico informativo intitulado “A Voz da Raça”, que utilizava o cabeçalho “Deus, Pátria, Raça e Família”, em clara analogia ao lema integralista “Deus, Pátria e Família”. Conforme já disse, teve ela uma relação de amizade e colaboração muito intensas com o Integralismo, movimento com o qual tinha em comum, além do nacionalismo e da luta contra o racismo e pela integração do negro na sociedade, o espiritualismo e o combate sem tréguas ao comunismo e ao liberalismo, ambos materialistas e apátridas.
A FNB, fundada em São Paulo a 16 de setembro de 1931, tendo sua sede social central à Rua da Liberdade, reuniu milhares de filiados, estendendo-se a vários Estados brasileiros e tornando-se partido político em 1936, sendo extinta no ano seguinte, juntamente com a AIB e demais partidos e agremiações políticas, pelo Estado Novo de Getúlio Vargas.
Encerro aqui este modesto trabalho, esperando de todo coração que ele sirva para conscientizar mais pessoas de que o Integralismo jamais foi um movimento racista ou de inspiração nazista, como afirmam irresponsavelmente diversos livros de ESTÓRIA, inspirando interpretações do Movimento do Sigma tão absurdas quanto as das últimas minisséries e telenovelas da Rede Globo de Televisão. Estou certo de que ele, em que pese sua singeleza, será de grande importância no presente momento, momento em que o Integralismo, praticamente adormecido há decênios, ressurge com força total, reunindo novamente, à sombra da bandeira azul e branca, milhares de pessoas de todos os credos, todas as etnias e todas as classes sociais irmanadas no sonho de libertar o Brasil e seu povo, reconduzindo-os à sua vocação histórica e construindo a Democracia e o Estado Integrais.
* Σ - São Paulo (SP). Vice-Presidente da Casa de Plínio Salgado; Vice-Presidente e Secretário Nacional de Doutrina da Frente Integralista Brasileira.

domingo, maio 25, 2008

O Candidato do Povo

EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA:
Em 1937, houve um plebiscito interno na Ação Integralista Brasileira para decidir quem os Integralistas escolheriam para ser seu Candidato às eleições de Janeiro de 1938. O Chefe Nacional Plínio Salgado saiu vencedor do plebiscito com quase 800.000 votos.

O Artigo que a seguir transcrevemos é um eloqüente documento da Democracia Integralista.

Pelo Bem do Brasil!
Anauê!
Sérgio de Vasconcellos.

O Candidato do Povo.

Manoel Ferraz Hasslocher (diretor da Revista “Anauê!”)

Embora Plínio Salgado, Chefe Nacional da Ação Integralista Brasileira, tenha, mais de uma vez afirmado em artigos, livros, discursos e conferências, que os regimes ditatoriais só são aceitos por povos bárbaros, os adversários ignorantes e inescrupulosos do Sigma ainda procuram atacar o movimento dos “camisas verdes” dizendo-o ser antidemocrático. Essa a pecha com a qual procuram comprometer o Integralismo perante o povo brasileiro. Porém o Chefe Nacional tem sabido com fatos concretos, materiais, destruir tal afirmação a todo momento fazendo os seus soldados participarem da responsabilidade de orientação e de direção do movimento integralista.

O plebiscito realizado no mês de maio é uma das provas mais evidentes e tocantes de que o Chefe Supremo confia, de modo absoluto no critério, no bom senso, na honestidade e na consciência de seus comandados porque só a eles entregou a solução do gravíssimo problema concernente à escolha de um candidato que, nas próximas eleições presidenciais, deverá comparecer perante o eleitorado do país, desfraldando a bandeira Azul e Branca dos princípios fundamentais da Doutrina do Sigma.

Por isso, em todos os núcleos do Brasil, no mesmo dia e na mesma hora, os “camisas verdes” foram chamados a dizer, alto e bom som, sem constrangimento de qualquer espécie, livremente manifestando o seu pensar, qual o companheiro que julgavam dever representá-los como candidato à Presidência da República na próxima jornada eleitoral.

Esse o mais vivo e puro ato de fé e confiança democrática já praticado entre nós pela Chefia de quaisquer dos movimentos ou partidos políticos em outros tempos existentes, ou que ainda atuem no cenário nacional. Eis porque não poderá haver candidato mais democrático do que aquele que se originou desse plebiscito. Pois este não é fruto de conchavos, de combinações partidárias, de acordo entre governadores representantes de oligarquias regionais, porém a verdadeira expressão do querer de mais de oitocentos mil brasileiros que o apontaram à Nação como digno e capaz de conduzi-la para o seu engrandecimento e glória.

Plínio Salgado é, portanto, o único candidato do Povo.

Sem contar com a proteção dos palácios, dos magnatas das altas finanças, dos chefetes eleitorais, ele e os seus adeptos têm trabalhado com desinteresse e denodo, na realização da mais vasta obra de organização nacional até hoje planejada no Brasil. Obra essa que já vem sendo executada com grande êxito por todos os quadrantes do país, através de centenas e centenas de lactários, ambulatórios e postos médicos, escolas, restaurantes populares, centros de assistência e muitas outras iniciativas que bem atestam o dinamismo e a eficiência do pensamento político e social da Ação Integralista Brasileira. E tudo isso é feito apenas com a colaboração e auxílio de brasileiros. Nem um níquel si quer, para tal fim, saiu dos tesouros públicos ou das caixas fortes do Capitalismo Internacional.

Esta a esplendida folha de serviços já prestados à nossa Pátria por Plínio Salgado, a magnífica credencial com que milhares e milhares de brasileiros o indicaram à Nação na qualidade de legítimo representante do Povo, candidato que só ao Povo entrega o destino da sua candidatura à Presidência da República.

(Transcrito da Revista “Anauê!”, Rio de Janeiro, Ano III, Numero 17, 1º de Julho de 1937, pág. 11.)

Trechos de uma Carta

Trechos de uma Carta.
PLÍNIO SALGADO.

Em 24 de abril de 1934

Respondo às suas perguntas:

NACIONALISMO E INTERNACIONALISMO

Somos nacionalistas, não somos jacobinistas. Aceitamos idéias universais, repudiamos o cosmopolitismo. Desejamos, no futuro (quando as autoridades nacionais estiverem recompostas) um internacionalismo de Pátrias; renegamos o internacionalismo de indivíduos. As crises atuais (superprodução, os sem trabalho, a insolvabilidade das nações, a luta de classes) têm como causa a crise de autoridade dos governos; a "soberania nacional" é meramente política: A soberania financeira pertence aos banqueiros, ao super-capitalismo. Por conseqüência, a primeira etapa das nações será o nacionalismo que fortalece a autoridade. Nacionalismo compreende todas as forças vivas e atuantes do país. A propaganda Integralista deve, portanto, ser feita no seio das colônias estrangeiras, sem, contudo, se permitir que estrangeiros tenham preponderância no movimento.

Não sustentamos preconceitos de raça; pelo contrário, afirmamos ser o povo e a raça brasileiros tão superiores como quaisquer outros. Em relação ao judeu, não nutrimos contra essa raça nenhuma prevenção. Tanto que desejamos vê-la em pé de igualdade com as demais raças, isto é, misturando-se, pelo casamento, com os cristãos. Como estes não são intransigentes nesse sentido, desejamos que tal inferioridade não subsista nos judeus porque uma raça inteligente não deve continuar a manter preconceitos bárbaros.

RAÇAS E CAPITALISMO

Quanto ao capitalismo judeu, na realidade, ele não existe como tal. O que se dá é apenas uma coincidência: Mais de 60% do agiotarismo internacional está nas mãos israelitas. Isso não quer dizer que sejam eles os responsáveis exclusivos pelas desgraças atuais do mundo. Com o advento do Estado Integralista, por conseguinte a queda da Economia Liberal, o ritmo econômico se altera completamente, passando os governos a exercer controle sobre os fenômenos da produção, da circulação, do consumo e sobre as atividades técnicas e do trabalho. O capitalismo internacional será uma reminiscência de museu. Tornando-se o mundo todo Integralista, a humanidade ficará livre da ditadura das Bolsas e dos aparelhamentos particulares de crédito. A unidade da moeda restituirá a soberania financeira dos povos. O intermediário será um objeto arqueológico. Os conflitos sociais, livres da fatalidade da concorrência internacional que altera o preço dos salários, terão quase solução automática, fortalecendo-se, dess’arte, o prestigio das magistraturas do trabalho. Nessas condições, não podemos querer hoje mal ao judeu, pelo fato de ser o principal detentor do ouro, portanto principal responsável pela balburdia econômico-financeira que atormenta os povos, especialmente os semi-coloniais como nós, da América do Sul. O judeu capitalista é igual a um cristão-capitalista: Sinais de uma época de democracia-liberal. Ambos, não terão mais razão de ser porque a humanidade se libertará da escravidão dos juros e do latrocínio do jogo das Bolsas e das manobras banqueiristas. A animosidade contra os judeus é, além do mais, anticristã e, como tal, até condenada pelo próprio catolicismo. A guerra que se fez a essa raça, na Alemanha, foi, nos seus exageros, inspirada pelo paganismo e pelo preconceito de raça. O problema do mundo é ético e não étnico.

VERDADES HISTORICAS

E já que falamos em ética, focalizo um tópico de sua carta relativo ao "poderio comercial e financeiro do grande povo holandês" em outros tempos. Realmente, no alvorecer do individualismo econômico e da internacionalização do comércio, houve aquele poderio da Holanda, mas não do "povo holandês". Recentemente esse poderio pertenceu ao capitalismo instalado na Inglaterra, mas a miséria do povo inglês foi concomitante. Os movimentos trabalhistas na Inglaterra provam isso; a fixação de Marx e Engels em Londres demonstrou que a opressão do povo criava um clima para as revoltas sociais. O esplendor da City e da Wall-Street não significaram o poder de britânicos e americanos: Miseráveis dormiam nos bancos das Avenidas e a crise dos "sem trabalho" não é uma expressão de poderio. O capitalismo não tem Pátria. Ele se instala onde melhor lhe convém num momento histórico. A sua política é super-nacional porque exprime os interesses fora do âmbito do Estado.

SOLUÇÕES INTEGRALISTAS

Tudo isso vem confirmar o que disse atrás: Criado o Estado Integral, já não interessará a canalização de capitais porque a Economia não será mais regida por um conceito estático, que é o da moeda, transformada em mercadoria, porém pelo conceito dinâmico da produção. As possibilidades da produção e a honra dos governos serão, quando o mundo todo for Integralista, verdadeiros lastros do dinheiro, transformado por um novo sentido de economia, executando seu legitimo papel de agente intermediário, e não mais em algoz do gênero humano, em opressor das nacionalidades, como o Brasil, preso, ha cem anos, na gaveta de Rotschild. No integralismo, o judeu se apaziguará com os outros povos. Raiará uma época de verdadeira fraternidade. O longo fadário, a angustia do israelita cessarão. Esse povo poderá até ter o direito de construir a sua própria nação, entregando-se aos trabalhos do campo e das fabricas, cooperando com sua grande inteligência para a civilização, livre agora das desconfianças que desperta e em que vive, o que o leva a isolar-se e a enquistar-se nas pátrias alheias. Não podemos odiar uma raça da qual saiu Jesus Cristo. Veja, pois, que o nosso ponto de vista é superior a respeito dos problemas. Não combatemos nem raças nem classes: Insurgimo-nos contra uma civilização.

PACIFISMO

Somos pacifistas. Queremos a união de todas as nações sul-americanas porque nossos problemas, nossa escravidão são idênticas. Denunciamos, porém, à Nação uma certa Liga Anti-Guerreira, que é comunista. O pacifismo pregado pela III Internacional está em desacordo: 1º) - com os métodos de violência preconizados por Sorél e adotado pelo bolchevismo; 2º) - com o formidável exército vermelho que escraviza os proletários e os camponeses na Rússia; 3º) - com as guerras ateadas na China pelos agentes de Moscou. - Cumpre notar: Não confundir o nosso pacifismo com passivismo".

PLINIO SALGADO ("Panorama" - Ano I - Abril e Maio de 1936 - Nº 4 e 5 - págs. 3, 4 e 5.)