sábado, julho 17, 2010

UM GRANDE IDEAL

Explicação Necessária:

O Chefe Nacional Plínio Salgado sempre foi um crítico das Histórias em Quadrinho, por julgá-las inibidoras da imaginação Infantil. Todavia, em 1955, quando era Candidato à Presidência da República pelo Partido de Representação Popular - PRP -, os Companheiros que participavam da sua Campanha tentaram convencê-lo de que as HQ também deveriam seu usadas como instrumento de propaganda. Após muito relutar, o Chefe acabou por autorizar a HQ que aqui reproduzimos, de uma reedição dos anos 80, feita pela Editora Voz do Oeste. Clicando em cima de cada ilustração, ela se amplia, permitindo uma melhor leitura. Espero que apreciem.





























domingo, julho 11, 2010

Curiosidade Numerológica

O renomado astrólogo, Prof. Rubens Peiruque*, no seu raríssimo Livro, "Manual de Astrologia e Numerologia"¹, estuda numerologicamente diversos personagens da História do Brasil Contemporâneo², entre os quais, Plínio Salgado.

A título de curiosidade transcrevo a parte referente ao Chefe³:

"Vejamos outro exemplo:
PLÍNIO SALGADO

Convém, primeiramente, contarmos as letras do nome completo.

Achamos 13 letras.
Qualquer pessoa que usar na assinatura o referido número de letras sofrerá acidentes, fatalidades e ameaçãs de tragédias.
Sempre indica quedas, desastres e fatalidades abismais.

Mas vejamos o valor de cada letra:
....9...96....1.....1....6 = 32 = 5
P l í n i o...S a l g a d o
7 3..5......1....37...4....= 30 = 3

Na personalidade aparece o número 3, que siginifica energia mental, iniciativa e grande luta para progredir. Êste número está sempre ligado a papéis, livros, cartas. O leitor poderá ver mais amplas indicações no Capítulo II, justamente na parte que trata da "Interpretação do Simbolismo dos Números".

Na redução final dos algarismos da mentalidade, encontramos o número 5, que siginifica inteligência notável a par de muitas mudanças em vários setores da vida comum.

O número 5, como o leitor poderá ver na parte que trata da "Interpretação do Simbolismo dos Números", é indicador de grande capacidade cultural e mesmo de misteriosas energias internas.

Se somarmos o 5, que representa a mentalidade, co o 3, que representa a personalidade, teremos o 8, como representante do destino. Êste último número indica intrigas, calúnias, ameaças de traições, emboscadas e até perseguições ocultas de falsos amigos.

Conforme o meu sistema de interpretação dos números, sempre relaciono o 8 com o signo de Escorpião.

Sabemos que o referido signo indica grandes complicações por intrigas, tramas secretos, muitas mortes entre parentes e amigos, e várias ameaças de morte, para o próprio nativo."
"(...)
"(...) Treze letras sempre indicam dramas lamentáveis ou fatalidades abismais, assim como acidentes.
Vejamos as assinaturas seguintes:
(...)
PLÍNIO SALGADO
(...)
Tôdas elas têm 13 letras."

Notas:
¹ PEIRUQUE, Rubens. Manual de Astrologia e Numerologia. Grandes Revelações sôbre o Mistério do Destino. [2. ed.]. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1968.
² Páginas 176 e seguintes.
³ Transcrito das páginas 178, 179 e 180. Foi conservada a ortografia do original.

* O afamado astrólogo Rubens Peiruque fez parte daquela geração(Baptista de Oliveira, Botelho de Abreu, Demétrio de Toledo, João Romariz, Ullo Getzel e outros) que renovou, na primeira metade do Século XX, os estudos astrológicos no Brasil.

sexta-feira, julho 09, 2010

Considerações a respeito do artigo Plínio Salgado e a Ação Integralista Brasileira

Victor Emanuel Vilela Barbuy*

O prestigioso jornal O Lince, do Município de Aparecida-SP, veículo no qual tenho tido, aliás, a imensa honra de colaborar, publicou, na última edição, artigo da lavra do Sr. Leandro Pereira Gonçalves, a respeito de Plínio Salgado e a Ação Integralista Brasileira, que merece alguns reparos e esclarecimentos.

Em primeiro lugar, ao definir o Integralismo como sendo um movimento “essencialmente autoritário”, o autor deveria ter explicado o verdadeiro significado do termo “autoritário”, que diz respeito àquele que afirma o princípio de Autoridade, pressuposto da Ordem e da Liberdade, nada tendo que ver com arbitrário e, menos ainda, com totalitário.

Isto posto, cumpre ressaltar que, se, por um lado, Plínio Salgado (que nasceu em 1895 e não em 1885), como expôs o autor, se entusiasmou com as realizações de Mussolini na Itália – como, aliás, tantos homens de seu tempo, de Fernando Pessoa a Chesterton, de Ezra Pound a Mircea Eliade, de Emil Cioran a T.S. Eliot, de Hilaire Belloc a Knut Hamsun, de Oswald Mosley a José Antonio Primo de Rivera, de Céline a Carl Schmitt, de Drieu La Rochelle a Octavio de Faria, de Charles Maurras a Hendrik de Man, de Maurice Barrès a Whyndham Lewis, de Corneliu Codreanu a Alceu Amoroso Lima, de Gandhi a Winston Churchill -, por outro, ele jamais deixou de condenar certos aspectos da doutrina fascista e de ressaltar as diferenças existentes entre esta e o Integralismo, sobretudo no que diz respeito à concepção de Direito e de Estado.

Registre-se, ademais, que, ao contrário do que afirmou o Sr. Leandro Gonçalves, o Integralismo jamais pregou um “nacionalismo agressivo que impusesse a hegemonia brasileira na América do Sul”. Ao contrário, o Integralismo sempre defendeu um nacionalismo sadio e edificador, ou, como diria o próprio Plínio, “equilibrado e profundo, justo e lúcido”¹, e sustentou a integração harmoniosa do Brasil com seus vizinhos. Com efeito, já em 1934, em A Quarta Humanidade, Plínio Salgado pugnava pela formação de uma verdadeira confederação latino-americana, sustentando a necessidade da “união mais íntima entre os americanos meridionais” e da “suspensão de todas as barreiras alfandegárias entre esses povos e o mais íntimo intercâmbio cultural e espiritual”².

Quanto ao Ministério da Educação, oferecido por Getúlio Vargas a Plínio Salgado ou a quem por ele indicado, cumpre ressaltar que o autor de O estrangeiro o recusou, sendo então indicado Gustavo Barroso para tal Ministério, por decisão de líderes da Ação Integralista Brasileira. Mas o Ministro da Justiça, Francisco Campos, encarregado de transmitir a decisão a Vargas, acabou não o fazendo, de modo que o Ministério da Educação acabou indo para as mãos de Gustavo Capanema, que não pertencia à AIB.

Isto posto, é forçoso sublinhar que, ao contrário do que afirmou o Sr. Leandro Gonçalves, o Levante de 11 de Maio de 1938 não foi “um levante promovido pelos integralistas com o objetivo de liquidar Vargas”, mas sim uma precipitação do Movimento que, reunindo integralistas, liberais e militares descontentes, pretendia depor e prender Vargas e restaurar a Constituição de 1934 e o regime democrático. Com efeito, tal levante representou, como reconheceu o historiador Glauco Carneiro, a única reação armada contra a ditadura estadonovista até a deposição de Vargas, em 1945³.

No que tange ao Partido de Representação Popular (PRP), insta assinalar que, ao contrário do que afirmou o Sr. Leandro Gonçalves, não foi Plínio Salgado quem criou esta agremiação após seu retorno ao Brasil, em 1946, mas sim um grupo de militantes integralistas, em 1945. Ademais, tal partido não teve participação tão tímida na vida nacional quanto alega o Sr. Leandro Gonçalves, havendo, com efeito, elegido diversos Deputados Estaduais e Federais, Vereadores, Prefeitos e mesmo um Governador (Jorge Lacerda, de Santa Catarina), sendo importante frisar, ainda, que, em 1955, quando candidato à Presidência da República, Plínio Salgado foi o candidato mais votado no Paraná e teve votação expressiva em diversas outras províncias brasileiras.

Por derradeiro, cabe enfatizar que, diversamente, uma vez mais, do que afirmou o Sr. Leandro Gonçalves, Plínio Salgado não “apoiou de maneira incondicional” o regime instaurado a partir de 1964, havendo se oposto, por exemplo, ao Ato Institucional nº 2, de 1965, que extinguiu todos os partidos até então existentes.

Notas:
1 SALGADO, Plínio. O pensamento revolucionário de Plínio Salgado (antologia organizada por Augusta Garcia Rocha Dorea). 2ª ed. ampl.São Paulo: Voz do Oeste, 1988, p. 97.
2 Idem. A Quarta Humanidade. 1ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1934, p. 79.
3 CARNEIRO, Glauco. História das revoluções brasileiras. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 1989, p. 360.

Fonte: http://br.groups.yahoo.com/group/sigmaclube/

* Σ – São Paulo(SP). Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira - FIB.

quarta-feira, julho 07, 2010

A Questão Econômica

Leo Mattos*

O Integralismo acredita na livre concorrência das empresas. Na participação efetiva dos trabalhadores nos lucros da economia.

O Integralismo é contra o capital não usado diretamente na produção nacional, seja industrial ou agrícola pois acredita que Capital e Trabalho sejam a mesma coisa. Capital é condensação do Trabalho.

A diferença crucial do Integralismo, que o credencia a combater tanto o Capitalismo como o Comunismo é o fato de que o Integralismo rompe com o Materialismo Histórico.

Ambos, capitalismo e comunismo são cabeças do mesmo monstro e devem ser combatidos.

Para o Materialismo, trabalho é um meio de troca, transformando o trabalhador em uma maquina, escrava dos "compradores de trabalho". Para nós o trabalho é: 1º Expressão da Liberdade; 2º da capacidade criadora; 3º meio pelo qual o Homem visa o bem temporal objetivando o dom sobrenatural.

O Integralismo acredita que, como toda atividade humana, a economia, as relações econômicas e trabalhistas devam seguir regras claras, impostas pela sociedade, através do poder Estatal.

O Mercado, para o Integralismo, não é um "Deus", que se auto regula como acreditam os liberais. O Mercado segue as leis naturais. Se deixado livre privilegia automaticamente os fortes economicamente pois as leis naturais não tem compromisso com a justiça social.

Essa questão realmente é muito complicada, demorei muito tempo e li muitos livros sobre integralismo para ter uma idéia clara. É pauta até para palestras nos núcleos do Brasil, é realmente uma excelente questão, que deve ser respondida.

Acredito porém que os princípios básicos são estes:

- Combate ao LIVRE mercado pois o mercado não se regula sozinho de forma justa.

- Combate ao capital que não é empregado na produção.

- O "Padrão Trabalho": Trabalho acumulado (Capital); Trabalho em ação criadora (Mão de Obra); Trabalho em potencial ação criadora (Desempregados).

- O Trabalho é a manifestação básica do ser humano desde os primórdios. Até mesmo o Estado existe em razão do trabalho.

ANAUÊ!

Bibliografia:
Minhas considerações são baseadas na leitura das seguintes publicações Integralistas:

- Madrugada do Espirito, Obras Completas, Vol 7, pág. 437.

- Direitos e Deveres do Homem, Obras Completas, Vol 5, pág. 276
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* Σ – São Paulo (SP).

sábado, julho 03, 2010

A Mulher Nua

Plínio Salgado

Uma revista, dessas que exibem o nu artístico às donzelas casadouras e às meninas da Primeira Comunhão, publicou há dias, numa página inteira, a foto sugestiva de uma garota carnavalesca em trajes de Eva, com uma serpente de flores enroscada no alvo torço de Frinéia ondulante no ritmo do samba, como Afrodite a sair da concha do Mar Egeu.

A legenda participava aos leitores que a esplêndida ninfa - não sem os protestos gerais dos foliões - fora expulsa do Teatro Municipal pelo fato de erigir-se, naquele pudico e recatado ambiente de virtudes burguesas, como uma nota viva de escândalo a ferir a sensibilidade castíssima da grã-finagem carioca.

Vendo-se assim repelida pelas tradicionais virtudes da raça e pelos incontestáveis sentimentos cristãos que animam os folguedos de Momo nos três dias das bacanais e saturnais em que desafogam seu tédio as famílias, a sílfide resolveu sair, mas sair dançando. E de tal forma se portou nos movimentos coreográficos da retirada estratégica, desmanchando-se em reboleios de ritmos tão eloqüentes, que um trovão de aplausos saudou-a no saguão daquele templo de castidade em que se transformara o teatro principal do Rio, à falta de um autêntico santuário de Vesta.

Σ

A fotografia era expressiva e convidava a meditar sobre as possíveis intenções da heroína desnuda.

De mim, confesso que o nudismo de tão ousada bailadeira não me pareceu imoral: antes, pelo contrário, interpretei-o como verdadeira pregação apostólica em prol da moralização dos nossos costumes.

Que fez a jovem carioca, naquela noite de tão esplêndido triunfo para a sua beleza corpórea, senão deduzir, da premissa burguesa do nosso cristianismo paganizado, a conseqüência lógica diariamente encoberta nas malhas dos sofismas com que se absolve de culpas o nosso mundo de hoje?

Muitos modos há de apostolizar consoante a inspiração do pregador e a psicologia do gentio cuja catequese se pretende. Uns se valem da palavra e outros dos atos e atitudes. E tanto os sermões verbais como os que se ministram à força de exemplificações variam na forma, estilo, timbre e mais originalidade que o gênio cria como instrumento de persuasão.

Contra os desmandos orgíacos de Roma, utiliza-se Catão da sua austeridade, e ainda que autores desconfiados vislumbrem nas admoestações do censor algumas frestas a entremostrar mal dissimulada hipocrisia, o terrível repúblico ficou a simbolizar, quando não a sinceridade de propósitos, pelo menos um método no aplicar corretivos.

O risco a que se expõem esses pedagogos, demasiadamente severos e amigos da ordem direta nas suas proposições morais, é a de serem tachados de refinados mistificadores. E não somente na pena dos críticos antigos, mas sobretudo na dos modernos, que jogam hoje com os dados da psicanálise para transformar em despeito de incapazes e fracassados as advertências dos moralistas.

Para os tais psicanalistas, se um homem aconselha a outro que não roube, é porque no íntimo sente inveja do ladrão, que é um indivíduo capaz de praticar o delito que o conselheiro não se sente com coragem de efetivar; se outro (ou outra, como no "Electra" de O'Neil, que é uma das mais edificantes bandalheiras do teatro moderno) sente repugnância pela atração incestuosa de alguém, é porque no fundo sofre o mesmo magnetismo pela sujeira; enfim, qualquer sujeito, que pugne pela moralidade dos costumes, vai para o catálogo dos freudianos como tipo a disfarçar a inveja de quantos destapam as comportas dos instintos.

Fica, assim, destruída toda a moralidade privada ou pública e os Batistas que pretendem corrigir as Herodíades e Salomés passam por indivíduos recalcados a pretender que outros se recalquem. Não faltarão aos moralistas, já não dizemos a cicuta de Sócrates, a fogueira de Savonarola, a Cruz de Cristo, mas as críticas mordazes e os motejos ridicularizantes, em nome da ciência e do progresso.

Σ

Ora, assim pensando (ou não pensando coisa alguma como é mais provável em pedagogia puramente intuitiva) a garota do Municipal teria resolvido mostrar, em todo o esplendor da sua carne jovem, o verdadeiro motivo que reunia, naquele templo de pudicícia carnavalesca, os pais, os rapazes e as moças de família.

Inverteu ela, assim, os papéis. Em vez de ser apontada como hipócrita, desmascarou a hipocrisia da sociedade católico-pagã de donzéis e donzelas das missas de domingo e das praias pompeianas da talassoterapia e da heliopigmentação em que se espojam Ganimedes e Safos desabafando complexos e afinando o instrumental endocrínico nos extremos opostos dos recalques ultraistas de pasmosos assexualismos com que o charlatanismo científico pretende contrabater o conceito realista da filosofia verdadeiramente cristã.

Em vez de, (caso ali comparecesse a pregar um sermão de refundir Tibérios e Messalinas em forjas cândidas) em vez de arriscar-se a ouvir de algum folião ou foliona o epíteto de hipócrita, foi ela, a náiade pagã, quem atirou à face da plutocracia e da burocracia, que comandam a saturnal dos nossos dias, o mais veemente dos discursos que jamais boca de frade ousou jorrar de púlpitos ainda os mais atrevidos no escalpelar ulcerações ou esvurmá-las a ferro em brasa.

Σ

Nua, inteiramente nua, como Frinéia diante dos juizes de Atenas, a nossa patrícia dançando o samba e rebolando as curvas afrodisíacas, exclamava em linguagem coreográfica:

- Acaso é a castidade que vos reúne aqui? Porventura estas músicas lascivas vos sugerem, ó velhos de Babilônia, idéias e pensamentos arcangélicos e visões puríssimas do Empíreo? E vós, Adônis e Narcisos, travestidos de roupas femininas, alimentais fantasias menos lúbricas do que as de Heliogabalo ou de Calígula quando cingiam roupagens de Vênus ou de ninfas, de tal maneira alucinados pelo fascínio das formas opostas ao seu sexo, que procuravam identificar-se cerebralmente com elas? E vós, Faunos e Sátiros espiritualmente caprípedes, farejando os perfumes mesclados ao odor dos suores femíneos, pretendeis renovar a façanha de Santo Antão no deserto, a resistir varonilmente às tentações envolventes? E vós, Virgens que ledes os romances analistas e as poesias eróticas da nossa época, e assistis aos filmes de longos beijos que galvanizam as platéias escuras e povoadas de tatos sutilíssimos, estais aqui por acaso para rezar ave-marias ao ritmo das músicas bárbaras? E vós, matronas que vos confundis com vossas netas e filhas na indumentária e nas atitudes, comparecestes a este lugar nada litúrgico para, pelo menos, vos engolfardes no romantismo daquelas velhas valsas que falavam em doçuras de líricos amores e devaneios castíssimos de heroínas de novelas antigas? E ainda todos vós, que mergulhais na onda tépida e aliciante dos pares em torvelinho sob o colorido das serpentinas e os vapores da champanha, estais acaso insensibilizados pelo bacilo de Hansen que vos eteriza a epiderme, ao ponto de não sentirdes o contato morno dos pares conchegados? Este baile é então um festim de eunucos ou algum místico entoar de matinas e laudes ao bruxuleio das lâmpadas sob vitrais em que o crepúsculo transcendentaliza a doçura claustral?

Tudo em vós, ou explícita ou implicitamente, são pensamentos voluptuosos, em cuja corrente bóiam as formas corpóreas esplêndidas e vivas, com maciezas ondulantes e curvas harmoniosas de Astartéias ou masculinidades ostensivas ou equívocas de Narcisos e Ganimedes. Ora, se esses são os pensamentos ocultos em vossas cabeças, porque os não quereis ver objetivamente?

Ouso dizer-vos, senhores, senhoras, rapazes e mocinhas, o que nem por sombras podereis supor. E é o seguinte: esta nudez completa, sem disfarces, é mais casta e mais pura do que as vossas roupas e as vossas atitudes.

A nudez, em si mesma, não é imoral. Se o fosse, não estariam nos altares a imagem de São Sebastião, as dos anjinhos barrocos a encimar frontarias de nichos e relevos de colunas e de púlpitos, e a do próprio Cristo pregado na sua Cruz. A atitude de dor do capitão romano varado pelas flechas, a de inocência dos anjos, a de misericórdia do Redentor de braços abertos, como que animam a nudez de uma euritmia sagrada, de uma expressão divina.

O Apolo do Belvedere, a Vênus de Milo, o Adão da Capela Sixtina, estão nus e há neles a castidade das expressões naturais.

O que torna imoral o nu são as intenções que nele se refletem, os pensamentos secretos que o animam. No meu caso (diz a dançarina expulsa pela assembléia do Municipal) o que vos escandaliza não é o nu do meu corpo, mas sim a lascívia que ponho nos ritmos com que interpreto tudo quanto se passa nas vossas almas. Sois como os velhos de Babilônia, que denunciaram Suzana porque a viram nua no tanque, por entre as frestas das árvores. Não era contra a nudez da formosa israelita que eles se revoltavam, mas contra a lascívia que requeimava o sangue decrépito e que dava intelectualmente ao corpo da banhista a própria expressão subjetiva de suas imaginações doentias.

Notai que Suzana banhava-se às ocultas, recatadamente. E vós? Não ides à praia publicamente? O simples fato de vos exibirdes não transfigura o vosso nudismo em ostentação das vossas formas, e se nessa ostentação sentis algum prazer, que nome dareis a esse prazer? Eu o chamarei a delícia de mostrar-se e a essa delícia chamarei deleite luxurioso. Etimológicamente, luxúria quer dizer exuberância, ostentação, transbordamento, expansão. Ora, quem se mostra, exubera, ostenta, transborda, expande-se e nisso há secreto gozo.

Além do mais não há apenas o deleite subjetivo de quem exibe e o faz com artes de provocar; há o gosto dos que vêem e sobre as fantasias objetivas engendram outras tantas pelo poder da imaginação.

Olhar é uma forma de apoderar-se. Tanto assim é que se pagam entradas nos cinemas, onde as fitas são alugadas aos olhos; e, em certas galerias de arte, onde os quadros e as estatuetas são alugadas à vista.

Olhos nada levam, dizem os espíritos superficiais. Eu vos asseguro que os olhos levam muito. Levam a imagem estampada no cérebro e se isso não for uma forma de posse, não sei o que seja possuir.

Mas o nu não está somente no alienar a roupa. Uma pessoa pode estar vestida e estar moralmente nua, do mesmo modo que uma pessoa pode estar nua, como as Virgens cristãs levadas ao suplício, e estarem moralmente vestidas.

Tenho a coragem de vos dizer, a todos que vos fantasiais de colombinas, arlequins, ciganas, baianas, havaianas, que estais tão nuas como a minha nudez, isto é, como a lascívia que a minha nudez põe na cadência de minha dança.

Nem mesmo a vossa dança é diferente da minha. Também, como eu, não tolerais hoje a delicadeza das valsas e das mazurcas. Os vossos médicos dirão que aquelas danças não passavam de sublimação do instinto sexual e em nosso tempo já possuis as válvulas de extravasamento daquilo que nossos avós chamavam sem-vergonhice e os esculápios denominam complexos: são as danças da regressão atávica, operando no campo da medicina moderna o mesmo que os juristas praticam refundindo as normas do direito internacional e revogando princípios jurídicos e éticos, para retrogradar a humanidade até à pedra lascada. Essas danças nada têm de comum com os ritmos harmoniosos da Grécia Antiga, nem com o ritmo coreográfico e quase litúrgico do velho Oriente; nem se parecem com os inocentes folguedos populares dos países cristãos; nem se aproximam da poesia e da graça do Romantismo que iluminou de sonhos e de suaves emoções o século XIX. Não: são danças inspiradas nos selvagens da África e oriundas do cruzamento psicológico de brancos e pretos da América do Norte. Essas danças não procuram o sentido da harmonia e da musicalidade delicada e espiritual; elas são diretamente sexuais e desbragadamente lascivas.

Qual a diferença entre as vossas havaianas de umbigo de fora e as vossas baianas mirandescas e esta nudez luxuriante com que me apresento? Qual a diferença entre o ritmo das vossas músicas e o ritmo do meu corpo nu? Qual a diferença entre os pensamentos dos vossos cérebros excitados pela champanha, pelo éter, pelo odor de mulheres e homens, e a realidade que exponho aos vossos olhos?

Σ


E a dançarina desnuda, no ritmo da dança parece concluir:

- Puritanos! Fariseus! Ide, primeiro, compor vossas almas e depois julgai-me

Porque não será expulsando-me que modificareis um milímetro o vosso degradante mundo, os vossos costumes hipócritas, elevando, como seria de desejar-se numa sociedade cristã, a moralidade do povo brasileiro!

APÊNDICE HISTÓRICO SOBRE “A MULHER NUA”

Sérgio de Vasconcellos

No Carnaval de 1948, a célebre naturista Luz del Fuego, compareceu ao tradicional baile de Carnaval do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, patrocinado pela Prefeitura do então Distrito Federal, em trajes de “Eva”, apenas com uma serpente de fantasia enrolada no corpo... Indignados com tamanha demonstração de impudicícia, os diretores do Baile, arvorados em defensores dos valores morais, expulsaram a foliã. Como era de se esperar a imprensa, explorou avidamente o acontecido, publicando muitas fotografias reveladoras...

Diante de tanto farisaísmo, Plínio Salgado escreve um artigo de jornal, “A Mulher Nua”, uma das mais belas e duras páginas da Literatura Brasileira, denunciando de forma contundente o falso moralismo e a hipocrisia da sociedade brasileira, mais revoltantes que o nudismo escandaloso da carnavalesca.

Em 1950, Luz del Fuego, sem o consentimento de Plínio Salgado, publica o citado artigo no seu hoje raríssimo livro “A Verdade Nua”.

O próprio Plínio Salgado incluiu, como um capítulo, aquele seu artigo no livro “O Espírito da Burguesia”, editado em 1951 e, posteriormente, na obra “O Livro Verde da Minha Campanha”, que é de 1956.

Tudo continuaria no melhor dos mundos possíveis, se Plínio Salgado não resolvesse confrontar mais uma vez a burguesia brasileira, lançando-se Candidato à Presidência da República, nas eleições de 1955.

Não tendo o que dizer do Fundador do Integralismo, homem de extremada correção moral, os inimigos do Brasil optaram por trazer à baila aquele artigo, acusando Plínio Salgado de imoral e defensor do nudismo. Diariamente, a “grande imprensa” falava de “A Mulher Nua”, evidentemente sem transcrevê-lo, e distorcendo o seu conteúdo. Uma campanha de difamação sem precedentes na história política nacional.

Entre os que se empenharam nesta sórdida e repugnante campanha, achava-se o escritor Gustavo Corção, ainda na esquerda Católica, que tinha dois motivos para encarniçar-se contra o Autor da “Vida de Jesus”, um pessoal e o outro político:

Em 1948, Plínio Salgado fora convidado pelo Bispo Dom Ballester Nieto, por indicação do Vaticano, para participar das Conversações Católicas Internacionais de San Sebastian, que tinham por finalidade elaborar um documento que seria a contribuição da Igreja Católica à Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU. Sobre esta experiência, Plínio Salgado escreveu o magnífico livro ”Direitos e Deveres do Homem”, cuja leitura recomendamos a todos os Brasileiros. Pois bem, o Sr. Corção, que tinha a firme convicção, dado ser um dos líderes do laicato católico, que seria ele o convidado para representar a inteligência católica brasileira naquela prestigiada reunião, jamais perdoou Plínio Salgado por ter sido o escolhido, uma afronta...

Além desse injustificado ressentimento, o sr. Corção apoiava ao cripto-comunista Juarez Távora, também candidato à presidência pelo PSB.

Vários líderes religiosos vieram a público defender Plínio Salgado daquelas falsas acusações, mas vejamos apenas o que declarou Dom Antônio Lustosa, Arcebispo de Fortaleza: “Conheço o artigo de Plínio Salgado sobre o nudismo. Trata-se de uma clara condenação à decadência dos nossos costumes sociais. Considerar o artigo favorável ao nudismo é não entendê-lo ou, então, vira-lo ao avesso. Aliás a vida do ilustre escritor é incompatível com a doutrina pagã que o artigo verbera.”

Os que desejarem conhecer o relato do próprio Plínio Salgado sobre este episódio, deverão ler o “Livro Verde da Minha Campanha”, obra em que faz um balanço daquela sua campanha presidencial, e onde, no capítulo XI, trata do assunto.