quinta-feira, agosto 28, 2008

O Integralismo e a Revolução Comunista de 1935

O Integralismo e a Revolução Comunista de 1935
Sérgio de Vasconcellos
Ao Companheiro Valmir Soares Jr.
Nos dias finais de Novembro de 1935, vivendo o Brasil em plena Democracia, sob a égide da Constituição social-democrática de 1934, alguns Brasileiros, civis e militares, magnetizados pelo marxismo-leninismo – uma ideologia estrangeira, internacionalista, imperialista, materialista, totalitária e anti-democrática -, desfecharam um golpe revolucionário visando destruir as liberdades públicas e instaurar um Estado Totalitário. Tal revolução, mais conhecida pelo antipático nome de “Intentona Comunista”, custou a vida de dezenas de Brasileiros – muitos dos quais Integralistas -, e que teve sua nada heróica culminância no episódio tristemente célebre do 3º RI, na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, quando militares comunistas assassinaram covardemente colegas de farda ainda dormindo.
Apesar de toda a articulação - secreta e de procedência internacional -, a insurreição bolchevista estourou apenas nas cidades de Natal, Recife e Rio de Janeiro, malogrando inteiramente. Ora, qual a principal razão do fracasso comunista?A ação fora minuciosamente concebida e a certeza de seu sucesso era tão grande, que Stálin enviou ao nosso País três comunistas de sua inteira confiança – que seriam os verdadeiros governantes do Brasil, agindo por trás de Luís Carlos Prestes, o líder oficial – Harry Berger, a esposa deste (Elise) e Olga Benário, que ao contrário da vulgata romântica, não se uniu a Prestes por “amor”, mas por ordem do Komintern...
Se formos ouvir os discursos nas Comemorações oficiais do esmagamento do levante e de Homenagem aos seus Mortos, teremos a impressão que foi a pronta reação das Forças Armadas que impossibilitou o sucesso comunista. Por mais que nos desagrade desmentir as Autoridades Nacionais, particularmente, as das nossas Forças Armadas, que desde a Guerra Holandesa só tem honrado o Brasil, infelizmente, somos obrigados a dizer em nome da Verdade que, a versão oficial é falsa e que as explicações que até aqui têm sido dadas pelos historiadores para a derrota comunista em 1935, salvo as honrosas exceções de praxe, são insuficientes e equivocadas.
Então, perguntar-me-ão, afinal, qual é a Verdade? Respondo:
A principal razão para o total fracasso da Revolução Comunista de Novembro de 1935 chama-se... INTEGRALISMO!
Se os Militares chamam para si a inteira responsabilidade da vitória da legalidade, se os historiadores, em sua maioria, desconhecem os acontecimentos, isto não altera a substancialidade do fato histórico. Os Integralistas, os únicos Brasileiros que pressentiam estar sendo algo tramado contra o Brasil pela 3ª Internacional, foram os primeiros a opor-se ao levante comunista, inclusive apresentando-se em instalações militares – quando a cadeia de comando e comunicação do Exército estava completamente rota -, o que impediu que diversas unidades militares fossem tomadas ou sublevadas pelos Vermelhos, como por exemplo, meu Tio, Geraldo de Paula Lopes, a frente de um Grupo de Integralistas no Quartel de Campinho, no Rio de Janeiro.
Todavia, a Heróica iniciativa dos Integralistas, que foi seguida pela ação de outros civis patriotas e finalmente pelas Forças Armadas, não teria talvez logrado o êxito obtido se muito antes de 1935, o Integralismo, não tivesses se lançado a tarefa de esclarecer o Povo Brasileiro e construir uma consciência cívico-política. Graças ao metódico trabalho da Acção Integralista Brasileira foi quase que por completa anulada a infiltração marxista nos Quartéis, o que privou a Revolução Comunista de elementos humanos preciosos, sem os quais a Revolução Vermelha já estava fadada ao fracasso.
Curiosamente, se Militares e Historiadores ignoram ou fingem ignorar a participação vital do Integralismo no debelamento da revolta marxista, os derrotados, isto é, os Comunistas, reconhecem-na lealmente, o que se comprova por uma Carta-Circular de 1936, em que Prestes explicava o insucesso e, entre outras coisas, dizia:
“Eu pensava agir de outro modo bem diferente” – refere-se à revolução comunista de 1935 – “como já tinha tido oportunidade de me manifestar aos camaradas mais chegados, PRINCIPALMENTE DEPOIS DO FENÔMENO INTEGRALISTA, que escapou por completo às minhas cogitações. Informei em sessão secreta do Comintern que, antes de tentar qualquer golpe no Brasil, era necessário:
“(...).
“3º) – EXTINGUIR OU PELO MENOS ENFRAQUECER O INTEGRALISMO”.
O próprio Dimitroff o reconheceu:
“Não foi possível vencermos no Brasil porque tivemos a leviandade de subestimar a força e a influência que o Integralismo representava”.
Então, Dimitroff expede novas instruções gerais, em 1936:
“1 – Exercitar as massas populares no movimento anti-nacionalista (fascismo, nazismo, “Croix du Feu”, INTEGRALISMO e outras organizações anti-comunistas); atrair para essa luta a pequena burguesia(classes liberais), reservando-lhes um lugar para as reivindicações que tiverem, na frente-popular democrática.
“(...)”.
Enfim, o malogro da Revolução Comunista acabou por originar a seguinte diretiva, também de Dimitroff, que é seguida maquinalmente até hoje pelos comunistas e pela burguesia apátrida:
Concentrant lê feu contre “les chefs” intégralistes et la politique hitlerienne du gouvernement, soulignant que ces “chefs” sont des agents des groupes les plus réactionnaires de l’impérialisme, il faut partout lutter pour lê front démocratique national-libérateur, surtout à la base y compris celle de l’Action Integraliste. Il faut mobiliser les masses pour qu’elles exigent des deux candidats (Armando Salles et José Américo) non des phrases vides pour la “démocratie”, mais une attitude nette devant les problèmes concrètes de la démocratization du pays, qui exige, pour commencer, la libération de Prestes e de sés compagnons, leur amnistie totale, l’établissement d’um regime de libertes démocratiques, etc”.
Traduzindo para o nosso idioma a parte que mais nos interessa desse precioso documento:
Concentrando o fogo contra “os chefes” integralistas (...), sublinhando que esses “chefes” pertencem aos grupos mais reacionários do imperialismo, lutar em toda a parte pela frente democrática nacional-libertadora, principalmente na base, incluindo a luta contra a Ação Integralista.(...)”.

Σ

Todas estas reflexões de caráter histórico são importantíssimas, quando sabemos que o marxismo – que muitos bisonhos acham que desapareceu com a sinistra União Soviética – está conspirando ativamente para instaurar no Brasil um Estado Totalitário, com o seu cortejo de horrores. Hoje, mais do que nunca, o Brasil necessita dos Integralistas, e que o exemplo dos Companheiros que nos antecederam na Revolução Integralista nos sirva de seguro farol de orientação na nossa luta por Deus, pela Pátria e pela Família.
BIBLIOGRAFIA:
1 – Custódio de Viveiros
“Os Inimigos do Sigma”
Rio de Janeiro – Livraria H. Antunes – 1936 – 200 págs.
2 – Plínio Salgado
“O Communismo contra o Brasil”
Rio de Janeiro – s/ed. – 1937 – 31 págs.
3 – Plínio Salgado
“Páginas de Combate”
Rio de Janeiro – Livraria H. Antunes – 1937 – 189 págs.
4 – Plínio Salgado
“Discursos(1ª Série – 1946/1947)” – 1ª edição
São Paulo – Cia. Ed. Panorama – 1948 – 190 págs.
5 – Plínio Salgado
“O Integralismo perante a Nação” – 4ª edição
em
“Obras Completas de Plínio Salgado” – vol. 9.
São Paulo – Editora das Américas – 1955 – 423 págs.
6 – Plínio Salgado
“Doutrina e Tática Comunistas (Noções Elementares)” – 1ª edição
Rio de Janeiro – Livraria Clássica Brasileira – 1956 – 155 págs.
7 – Plínio Salgado
“Livro Verde da Minha Campanha” – 2ª edição
Rio de Janeiro – Livraria Clássica Brasileira – 1956 – 270 págs.
8 – Plínio Salgado
“Palestras com o Povo
“(Irradiações do programa das terças-feiras na Rádio Globo em 1957 e 1958)”
Rio de Janeiro – Livraria Clássica Brasileira – 1959 – 195 págs.
9 – Plínio Salgado
“O Integralismo na Vida Brasileira”
Rio de Janeiro – Edições GRD/Livraria Clássica Brasileira – s/d – 269 págs.
“Enciclopédia do Integralismo” – Vol. I
10 – Plínio Salgado
“Discursos Parlamentares”
Seleção e introdução de Gumercindo Rocha Dorea
Brasília – Câmara dos Deputados – 1982 – 982 págs. – il.
Perfis Parlamentares – vol. 18.

A Liberal-Democracia

A Liberal Democracia
Explicação Necessária:
No dia 07 de Outubro de 1932, em São Paulo (SP), o jornalista Plínio Salgado, lança o “Manifesto de Outubro”, dando início público ao Integralismo. O movimento começa a organizar-se em todo o Brasil, e em 1933, antes mesmo que o primeiro Núcleo carioca fosse fundado na Tijuca, Plínio Salgado faz uma série de conferências no Rio de Janeiro, na primeira das quais conhece pessoalmente Gustavo Barroso, que já lera o “Manifesto de Outubro”, que lhe fora ofertado por Ovídio Gouvêa da Cunha, que por sua vez, o havia recebido das mãos de Plínio Salgado e de Miguel Reale, em reunião que com eles tivera na Capital Bandeirante, na exígua sala que servia de Sede na Av Brigadeiro Luiz Antônio, em fins de 1932. Nesse primeiro encontro, Plínio Salgado tira o distintivo com o Sigma que portava no seu paletó e o coloca na lapela de Barroso, selando simbolicamente o início de uma amizade verdadeira, e por toda a vida, entre os dois maiores Pensadores do Brasil Integral.
Ainda na Cidade Maravilhosa, Plínio Salgado entrega ao seu amigo pessoal, Integralista, Poeta e Editor, Augusto Frederico Schmidt, os originais de “O que é o Integralismo” e “Psicologia da Revolução”, os dois primeiros Livros Integralistas, que foram publicados nesse mesmo ano de 1933. O primeiro pela Schmidt, Editor e o segundo pela Civilização Brasileira, na famosa Coleção Azul, que reunia Obras sobre Cultura e Política, e que já publicara “O Brasil Errado”, de Martins de Almeida, a “Introdução à Realidade Brasileira”, de Affonso Arinos de Mello Franco, “O Sentido do Tenentismo” (com Prefácio de Plínio Salgado), de Virgínio Santa Rosa e “A Gênese da Desordem”, de Alcindo Sodré. Em 1957, na 2º edição das Obras Completas de Plínio Salgado, ambos atingiram respectivamente a 7ª e a 6ª edições.
Do segundo capítulo de “O que é o Integralismo”, denominado “A Liberal-Democracia” extraímos o trecho a seguir, em que podemos ler uma crítica exata e atual ao liberalismo.
Sérgio de Vasconcellos.




A LIBERAL-DEMOCRACIA (1933)
(excerto)

Plínio Salgado
Dissemos no capítulo anterior que o mundo é o que é, e não o que sonham os teorizadores. Nós, integralistas, pretendemos restabelecer o critério das realidades humanas. Assim, repito, em relação ao Homem, que ele deve ser tomado na verdade mais profunda da sua essência.
E não foi por outra coisa que traçamos antes de tudo, o quadro das finalidades humanas, antes de entrar no estudo político.
A liberal-democracia concebeu o "homem-cívico", a grande mentira biológica; o marxismo materialista concebeu o "homem-econômico", mentira tanto filosófica como científica.
Nós, integralistas, tomamos o homem na sua realidade material, intelectual e moral e, por isso, repudiamos tanto a utopia liberalista como a utopia socialista. A liberal-democracia pretende criar o monstro, sem estômago. O socialismo marxista pretende criar o monstro que só possui o estômago e o sexo. Em contraposição ao místico liberal e ao molusco marxista, nós afirmamos o homem-integral.
Σ
Em torno da concepção marxista se criaram fórmulas ilusórias, por serem unilaterais, como sejam o "determinismo materialista", a "proletarização das massas", a "socialização dos meios de produção", a "ditadura do proletariado", "os direitos da coletividade".
Em torno da concepção liberal se criaram essas fórmulas sediças que se denominaram "a causa pública", "a voz das urnas", "a moralidade administrativa", o "civismo", as "massas eleitorais", "a luta dos partidos", "igualdade, liberdade, fraternidade".
Em torno da nossa concepção, nós, integralistas, lançamos as fórmulas definitivas de salvação nacional e humana, exprimindo realidades tangentes: "O Estado orgânico", a "organização corporativa da Nação", a "economia orientada", a "representação corporativa", o "homem integral", o "realismo político", a "harmonia das forças sociais", a "finalidade social", o "princípio de autoridade", o "primado do espírito".
Condenando a liberal-democracia, que arrastou o mundo à crise pavorosa em que se encontra, queremos feri-la no seu próprio coração, que é o instituto do sufrágio.
O sufrágio universal, isto é, o direito de todos votarem no mesmo candidato, ainda que este não seja de sua classe, criou o absurdo de um Estado fora das competências econômicas e morais.
Esse Estado é fraco.
Esse Estado está agonizando na Europa e na América.
Ele não pode por ordem no interior, nem pode realizar nada de prático na vida internacional, para resolver em conjunto com outros Estados, as questões mais simples, como as do desarmamento, das dívidas de guerra, ou do equilíbrio da produção e do consumo.
O Estado liberal, baseado no voto dos cidadãos, desconheceu a organização dos grupos financeiros e dos sindicatos de trabalhadores. Perdeu o controle da Nação. Tornou-se uma superestrutura, para usarmos a terminologia marxista, um luxo da civilização burguesa e capitalista, uma superfluidade estranha aos imperativos orgânicos dos povos.
À sua revelia, deflagraram-se as lutas entre o Capital e o Trabalho e até mesmo entre o Capital e o Capital. O aperfeiçoamento da técnica multiplicou as possibilidades da produção, alijando o homem das fábricas, e o Estado Liberal foi impotente para manter uma uniformidade de ritmo no trabalho, que possibilizasse a colocação dos produtos e evitasse tanta miséria que se originou de tanta fartura.
O mundo está em desordem porque o Estado Liberal é fraco, é anêmico, é gelatinoso. É o Estado inerme, que assiste, de braços cruzados, à angústia das multidões esfaimadas e o desespero dos chefes de indústria, dos agricultores, que não encontram capacidade aquisitiva suficiente, nas coletividades empobrecidas e nuas, para que possam comer e vestir. Estamos assistindo ao incêndio dos estoques: o trigo, nos Estados Unidos; o café, no Brasil; os carneiros, na Holanda e na Argentina: e há tanta criança que tirita de frio e tantas famílias sem um pedaço de pão!
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Chegou o instante de devolvermos aos ideólogos democráticos o presente grego do voto tal como é praticado.
Que façam bom proveito dele os que têm o estômago fornido, automóveis, mulheres, divertimentos, poder. Essa panacéia só tem servido para os demagogos exploradores das turbas e para os "gangsters" elegerem presidentes na América do Norte. Só tem servido para separar o Estado da vida econômica e moral da Nação, permitindo que os sindicatos de capitalistas de um lado, e os sindicatos de trabalhadores do outro, combatam o combate cruel dos interesses meramente materiais, afrontando a inteligência humana, desrespeitando as mentalidades superiores, as únicas que devem impor ordem e disciplina a ambos os contendores, a fim de que não desvirtuem os superiores destinos da criatura humana.
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O Integralismo quer realizar uma democracia de fins e não uma democracia de meios. Quer salvar a liberdade humana da opressão do liberalismo. Quer salvar a dignidade do homem do torvo materialismo dos capitalistas e dos comunistas.
O Integralismo surge como a única força capaz de implantar ordem, disciplina. A única força capaz de amparar o homem, hoje completamente esquecido pelo Estado liberal-burguês, como aniquilado e humilhado pelo Estado marxista soviético.
Nas democracias, o homem está entregue a si mesmo.
Nos tempos de paz, os governos só se lembram dele, para lhe cobrar impostos, para lhe exigir que acorra ao serviço militar, ao júri, que atenda ao apelo para a guerra, quando for preciso. Se o homem está desempregado, que suba e desça as escadas mendigando colocação. Se está enfermo e pobre, que recorra à caridade pública. Se já não pode trabalhar, que mendigue, pois não faltarão mesmo decretos, que lhe garantirão o exercício dessa profissão. Se plantou e não tem meios de custear a pequena lavoura, que se arranje. Se é operário ou camponês, e as fábricas e as fazendas já não têm serviço, que trate de cavar por si mesmo a sua vida. Se existe superprodução de mercadorias e de braços, o mais que o governo pode fazer é oferecer-se para queimar as mercadorias, não tardando que se ofereça a aproveitar a carne dos trabalhadores sem emprego para fazer sabão. E se há conflitos de classes, que o problema seja resolvido à pata de cavalo. Ou então, que as indústrias rebentem, não podendo satisfazer às exigências do proletariado. E se há gente dormindo pelos bancos das avenidas, tal coisa não passa de uma fatalidade cujos desígnios os governos não devem contrariar...
E isso é a liberal-democracia. O regime onde ninguém está garantido: nem o capitalista, nem o operário; nem o industrial, nem o comerciante, nem o agricultor. Compreende-se que, num regime assim, cada qual trate de se salvar por meio de aventuras pessoais, muito embora os ideólogos fanáticos e os fariseus hipócritas clamem pela moralidade administrativa.
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O liberalismo democrático é hoje defendido apenas pela grande burguesia e pelas extremas esquerdas do proletariado internacional.
E isso se explica. Sendo o regime que não opõe a mínima restrição à prepotência do capitalismo, é o preferido por este, que, através das burlas democráticas, exerce a sua influência perniciosa no governo dos povos, em detrimento das nacionalidades, tão certo é que o capitalismo não tem Pátria. Por outro lado, evitando a interferência do Estado na vida econômica das nações, e oferecendo ampla liberdade à luta de classes, facilita o desenvolvimento marxista do fenômeno econômico e social, preparando as etapas preliminares da ditadura comunista.[1]
Os mais fervorosos adeptos do liberalismo são os que pretendem destruir as Pátrias e o Indivíduo com suas projeções morais e intelectuais: é o argentário, o homem de grandes negócios, de um lado, e o anarquista, o comunista, de outro lado.
O ódio de uns e de outros, contra as mentalidades cultas e contra o espírito elevado e nobre das classes médias, não tem limites. Já um socialista espanhol exclamou no auge da cólera: "a pátria do capitalista é onde estão seus negócios; a pátria do proletário é onde está seu pão: só a classe média tem pátria".
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Não se trata, porém, de classe média, e sim da inteligência e da cultura, da moralidade e do espírito, que criam a dignidade humana, determinando que esta paire acima das lutas mesquinhas, consciente dos superiores destinos da criatura humana.
A liberal-democracia, realmente, só aproveita aos poderosos, que exploram os pobres e os fracos, e aos demagogos marxistas, que exploram a ignorância das massas trabalhadoras, e a inexperiência dos estudantes bisonhos, mantendo-os no obscurantismo, a fim de que só aprenda a filosofia do materialismo, que os tornará mais rapidamente escravos.
Explica-se o motivo porque os grandes banqueiros, as grandes empresas jornalísticas a soldo de sindicatos financeiros ou industriais, os políticos a serviço de trustes e monopólios, os agiotas de todo jaez e os negocistas de todos os quilates vivem a proclamar as excelências da liberal-democracia e investem contra o Integralismo com todas as suas armas: é que o dinheiro não tem pátria e o seu portador não tem coração; o menor pânico num país determina a fuga do ouro para outro país, e a menor notícia de disciplina governamental em relação à vida econômica alarma os arraiais da usura eriçando o pêlo das hienas de garras aduncas.
Evidencia-se também a razão porque os marxistas toleram perfeitamente as democracias liberais. Não foi por outro motivo que os bolcheviques apoiaram Kerenski, na ocasião em que este se achava sob a ameaça de Korniloff. Representava Kerenski a revolução burguesa, que procede a revolução proletária: e Lenine sabia perfeitamente que sem o livre desenvolvimento econômico, sob a égide da democracia, não lhe seria possível o golpe de outubro.
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A democracia liberal significa o país desorganizado e o governo inexpressivo das forças econômicas da Nação.
Vivendo na torre de marfim das fórmulas constitucionais delimitadoras do poder do Estado, o liberalismo é a indiferença diante do duelo de morte de duas classes. É a impotência governamental. É a fórmula inútil que serve apenas às divagações e controvérsias de juristas empedernidos.
É o suicídio da burguesia e a véspera do suicídio do proletariado.
Nós, integralistas, que pretendemos realizar a verdadeira democracia, que não é a liberal, mas a orgânica, em consonância com o ritmo dos movimentos nacionais, condenamos todas as formas de liberalismo, porque atentam contra a dignidade humana e conduzem as massas para a degradação, como conduz o homem à animalização completa.
Combatemos o voto desvalorizado e a liberdade sem lastro, pois queremos o voto verdadeiro e a liberdade garantida.
Combatemos as hediondas quadrilhas das oligarquias ao serviço dos poderosos. E, pelo mesmo motivo, combatemos a utopia socialista.
(Plínio Salgado – “O que é o Integralismo”, 6ª edição - São Paulo, Editora das Américas – 1957 – 77 págs. – “Obras Completas” Vol. 9; excerto do Capítulo II, da pág.36 até 45)



[1] Estava este livro em provas, quando o jornal burguês "O Estado de São Paulo" confessou e em artigo de crítica a um livro de Victor Vianna, as intenções do liberalismo democrático, isto é, a marcha para o comunismo, dizendo: “Não há dúvida alguma de que a evolução da humanidade para a "esquerda" é um fato indiscutível. As tendências profundas dos homens são para a emancipação de todos os indivíduos e de todas as classes, para a extinção de todos os privilégios e regalias de castas e nascimentos. A verdadeira política será aquela que coordene e não a que embarace, a evolução natural dos homens”. Ora, essa política só pode “ser realizada em regime democrático”.
Diante dessa confissão, não me cumpre mais, como paulista consciente e brasileiro, do que chamar a atenção dos meus co-estaduanos que ainda amam a Família, a Pátria e Deus, para o erro dos que ainda não vieram cerrar fileiras no "Integralismo", última expressão do espírito bandeirante.