Plínio Salgado
Fiéis aos princípios do Manifesto de
Outubro de 1932, desfraldamos hoje a bandeira do verdadeiro Nacionalismo, que
luta contra os que pretendem usurpar nosso Poder Econômico, porém, igualmente
luta, e sentindo a mais perigosa e próxima ameaça, contra os que nos querem
roubar o dom precioso da nossa Liberdade e da nossa Dignidade, sem aa quais
também não existe nem autonomia econômica, nem vida nacional.
As ideias contidas nos dois
documentos que estamos pondo em confronto com as exigências da atualidade
brasileira, seriam, entretanto, tão inúteis como inexequíveis se nos
ativéssemos a uma atitude puramente utilitária e pragmática, inspirada por
aquele agnosticismo de que provém hoje a desorientação do mundo.
A pedra angular, portanto da nossa
construção nacional que parte da Pessoa Humana para o Grupo Natural, do Grupo
Natural para a Nação e da Nação para o Estado e, como consequência estabelecer
um critério de interpretação dos fenômenos sociais e um planejamento lógico de
soluções integrais aos problemas do País, essa pedra angular deve estar no
próprio Homem. De nada valerão regimes políticos, constituições, leis, planos
de governo, se não contarmos com os homens capazes de os executar. Assim, num
país como o nosso, onde baixou tanto o nível da mentalidade política, os
padrões de moralidade dos costumes, imperando a geral confusão dos espíritos, a
maior obra que temos a empreender é a de realizar a própria reconstrução do
Homem.
Daí a importância fundamental que
damos a por nós denominada “revolução interior”, que é a substituição do Homem
Velho pelo Homem Novo.
O Homem Velho é que se escravizou aos
maus instintos, o que se entregou à preguiça, à avareza ou a luxúria. O Homem
Novo é o que superou em si mesmo às tendências ao ócio, à fascinação do
dinheiro e a envolvente atração dos confortos e dos prazeres.
O Homem Velho é o incapaz de outras preocupações
que não sejam as dos seus interesses imediatos. O Homem Novo é o que eleva seu
pensamento para os ideais superiores e vive por eles, expandindo os valores
positivos da sua personalidade.
O Homem Velho é o que manifesta
horror a toda ideia de sacrifício. O Homem Novo é o que encontra no sacrifício
pelo Ideal o misterioso prazer do espírito que o vivifica iluminando-o de inenarrável
alegria íntima.
O Homem Velho é o desiludido, o
desesperançado ou melancólico, eterno marginal nos caminhos da História dos
Povos. O Homem Novo é o que se compenetrou das imensas possibilidades do seu
livre arbítrio e sabe que pode intervir nos fatos sociais, modificando-os, pela
ação da Ideia Força que lhe incute as energias na iniciativa e lhe confere o
fascínio magnético da persuasão com que se convence primeiro, para depois
convencer a muitos outros.
O Homem Velho é fatalista e se
entrega ao sabor da corrente, como um boneco de madeira que rola no curso dos
acontecimentos históricos. O Homem Novo é o que luta energicamente contra a
onda asfixiante de todas as circunstâncias, que se conjugam para aniquilá-lo, e
combate, não apenas com o objetivo de vencer, mas pelo delicioso encantamento
da própria batalha.
O Homem Velho é o que ficou para
trás. O Homem Novo é o que vai para a frente.
O Homem Velho é o que vive a vida
prosaica, escravo do quotidiano, prisioneiro das mil injunções do comodismo e
dos interesses egoísticos e subalternos. O Homem Novo é o que conhece a Vida
Heroica, essa maravilhosa vida que é um dom do Céu, mas que há de ser
conquistado pela nossa atitude, pelo nosso esforço.
Criar esse Homem Novo em nossa Pátria
é restaurar nossa grandeza antiga e preparar a grandeza maior do Futuro. É
operar a própria ressurreição da Pátria, arrancando dos túmulos da apatia, da
indecisão, da descrença do fatalismo, os que moralmente haviam morrido e que
agora e ressurgem ao som das trombetas dos que se animaram pelo Espírito de
Deus e conclamam seus irmãos para o grande empreendimento da Salvação Nacional.
Hoje, como ontem, nas gerações que
vieram sucessivamente, de 1932 até nossos dias, e prosseguirão nas gerações
futuras, - é com a mais ardente convicção que repetimos:
“O Integralista é o soldado de Deus,
da Pátria e da Família, Homem Novo do Brasil, que vai construir uma Grande
Nação”.
SALGADO, Plínio. Manifesto
de Vitória (1957). Publicação da Difusão Doutrinária do Partido de
Representação Popular – P.R.P. s./l.; s./d. Transcrito das páginas 32, 33 e 34.
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