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Os Companheiros José Baptista de Carvalho e Marcelo Silveira, respectivamente, Presidentes da Casa de Plínio Salgado (CPS) e do Centro de Estudos e Debates Integralistas (CEDI), que co-presidiram o 1º Congresso Nacional Integralista do Século XXI, realizado nos dias 04 e 05 de Dezembro de 2004, em São Paulo. (Fonte: https://picasaweb.google.com/113485118109961085819/Pos1975#5578142918193773426 ) |
INTEGRALISMO
HISTÓRICO E O INTEGRALISMO DO SÉCULO XXI
Marcelo Silveira*
Pronunciado no 1º Congresso do
Movimento Integralista Brasileiro para o século XXI em 04/12/2004
Prezados companheiros,
É com grande satisfação que venho
a me reunir convosco neste conclave, cujo objetivo principal, é o
estabelecimento de um consenso no sentido da possível reorganização no Brasil
de um movimento Integralista realmente participativo na sociedade.
Digo participativo porque, após o
louvável esforço do Partido de Representação Popular, extinto há cerca quarenta
anos, os círculos ligados ao Integralismo se sedimentaram praticamente como
grupos culturais fechados, raramente com uma proposta mais séria de atuação política
combativa como caracterizado pela proposta original dos principais
idealizadores da Doutrina do Sigma.
Em que se pese o fato de que,
analisando a situação com a visão de uma geração muito mais nova que o fenômeno
histórico a que o Integralismo esteve subordinado, não podemos olvidar a série
de impedimentos, conjunturais e ideológicos, que dificultaram imensamente uma
rearticulação significativa e efetiva após a II Guerra Mundial.
Sendo impossível enumerar num
mero ensaio como este escrito praticamente de improviso, todos esses
impedimentos, creio importante, nesse momento, voltarmos um pouco nossas
atenções, antes com uma breve retrospectiva, para depois analisarmos o momento
mundial atual e suas principais implicativas conjunturais, assim como estas
mesmas têm subordinado nossa nação.
Historicamente o Integralismo
surgiu, decididamente impulsionado pelas ideias centrais de Plínio Salgado –
ainda que se distanciando enormemente de um bloco monolítico – como uma
alternativa nacional e localizada, em mesmo tempo que universalista e
espiritualista, que respondia perfeitamente às problemáticas de seu tempo.
Nesse sentido, quando falamos de
propostas formuladas para o país por intelectuais patrícios, há cerca de oito
décadas, em torno de certas ideias, não podemos perder de vista o contexto e as
peculiaridades da época. O Integralismo brasileiro, republicano e de inspiração
tomista, surgiu em 1932, através do "Manifesto de Outubro", num
momento extremamente propício ao que ele representava. Era uma época de
indefinição política no mundo inteiro. E uma época em que os fascismos e
autoritarismos estavam em voga sendo considerados caminhos políticos plenamente
viáveis.
No Brasil, o pensamento de homens
como Francisco Campos, Oliveira Vianna, Alberto Torres, Mário de Andrade, entre
muitos outros, tinha uma forte influência no meio intelectual. No mundo
inteiro, muitos movimentos procuravam no corporativismo e em modelos
autárquicos, uma forma de resolver as contradições até então – e até hoje –
existentes entre os conceitos de Estado e Nação.
Formada a partir de uma
convergência de ideias e fatores, a Ação Integralista Brasileira meritoriamente
soube catalisar as ansiedades gerais brasileiras em torno da real necessidade
da nação amparar-se num Estado forte, propondo-se como um meio para
instrumentá-lo efetivamente, buscando a solução dos seus graves problemas
nacionais de natureza social, econômica, política e moral.
Previu os excessos do capitalismo
e as mazelas do cosmopolitismo, num país que ainda vivia uma época que podia
ser definida como pré-capitalista e prestes a entrar numa era industrial em
maior plenitude. Inserida neste contexto, alertou para a consequência dos
desmandos capitalistas e dos enormes riscos do avanço do marxismo em solo
pátrio, defendendo uma economia planificada com um programa de libertação
nacional anti-imperialista, contrário à exploração racional dos nossos recursos
naturais e do argentarismo internacional a que somos vítimas desde o
nascedouro. Propôs ainda, em consonância com experiências bem-sucedidas
realizadas na Europa da primeira metade do século passado, a substituição do
Estado liberal democrático e dos partidos políticos regionalistas de então, por
estruturas corporativas nacionais. E, acima de tudo, fez o maior chamado da
História do Brasil, através um clamor patriótico e exemplo de civismo, até hoje
sem qualquer paralelo no país, para este povo emergir da sua secular condição
de coadjuvante, finalmente assumindo seu devido papel colocando-nos entre as
nações poderosas e predestinadas pelo Criador.
Obviamente, que em pleno século
XXI, devemos fazer certas ressalvas e reconhecer, como inclusive escreveu o
emérito nonagenário Dr. Miguel Reale ainda há poucos meses atrás, a existência
de diversos aspectos transitórios e temporários que foram esboçados em linhas
gerais de 1932 a 1937. E, portanto, não mais aplicáveis no contexto
sócioeconômico em que o Brasil e a maioria das nações importantes hoje se
encontram.
Não haveria sentido algum, por
exemplo, em tentar reeditar as propostas da década da trinta do século passado,
no sentido da organização jurídica, político e econômica da sociedade e do
Estado, tal qual feitas àquela época. Da mesma maneira, após sete décadas, o
fabuloso incremento da complexidade dos meios de produção, a evolução
tecnológica e o crescimento populacional mundial, levaram a humanidade a uma
situação visivelmente diferenciada, em inumeráveis aspectos, sendo que a busca
de soluções para os problemas contemporâneos, requer outros enfoques e
análises, assim como abordagens focalizadas em uma infinidade de novos
aspectos. Esse é um grande desafio que nos depara de imediato.
De qualquer forma,
espantosamente, e de toda maneira, no cerne e na origem dos nossos maiores
problemas ainda podemos reconhecer que os impedimentos para uma verdadeira
emancipação da nação permanecem residindo num conjunto de influências nocivas e
em obstáculos que o Integralismo, já naquele tempo, se propunha a combater
começando por uma revolução interior em cada brasileiro.
Hoje, mesmo em plano global, as
mesmas antigas críticas pontuais podem ratificar idêntico raciocínio. Daquele
período até o momento, não nos foi apresentado um cenário em que realmente
tenha havido qualquer distinção dada no sentido de uma orientação filosófica geral,
ao passo que, universalmente, os maiores questionamentos refletem cada vez mais
as milenares e indeléveis angústias humanas. Ou talvez, em outras palavras, o
eterno conflito imanente das "invariantes axiológicas" teorizadas
pelo Dr. Reale na sua maior obra filosófica pós-integralismo.
Por sua vez, no campo prático, a
realidade continua respondendo a algumas afirmativas que permanecem igualmente
inalteradas em nosso cenário político com uma terrível continuidade histórica.
Mais do que isso, influenciados por uma ética utilitarista que tem
potencializado seus efeitos negativos na civilização ocidental através das
décadas, viemos nós brasileiros, durante todo esse período, apenas assistindo
sem nenhuma reação condigna os mesmos velhos impedimentos contra a nação
metamorfoseando-se constantemente em roupagens diferenciadas, mais complexas e
aprofundadas. Ou seja, diferenciando-se em sua forma e amplitude, mas não em
sua natureza:
- Continuamos sendo vítimas
passivas do imperialismo financeiro das nações hegemônicas forjado por uma
determinada e muito bem conhecida oligarquia financeira;
- Vemos ainda, cerca de quatro
décadas após a contrarrevolução de 1964, o socialismo internacional e
materialista, agora fortemente inspirado por Gramsci, agindo de forma sub-reptícia
na esfera cultural e nas universidades;
- Presenciamos a prevalência do
nefasto coronelismo (sempre fisiologista e subserviente a interesses
alienígenas) e do clientelismo em diversas regiões do solo pátrio;
- Notamos com clareza, a continuidade
dos mesmos surrados esquemas políticos e a atuação de partidos que não passam
de meras legendas de aluguel sem qualquer sentido social ou institucional;
- E, observamos hoje, mais do que
nunca, a juventude e as pessoas em geral cada vez mais inebriadas por modismos
fantásticos e escravizadas a uma visão hedonista de vida.
Não obstante, uma análise atenta
dos resultados civilizatórios visíveis espelhados em nossa própria realidade, e
ambivalente cotidiano cosmopolita, como advindos da práxis política dirigida
pelos organizadores do mundo (movidos pela visão ideológica dos vencedores do
último conflito mundial), nos faz constatar que permanecem mais atuais do que
nunca os antigos ideais Integralistas, assim como cada vez mais sufocantes e
evidentes, os males e ameaças para que ele advertiu.
Numa digressão que entendo
necessária, nos remetamos à chamada "crise de modernidade" já há
algum tempo muito discutida em meios acadêmicos. Foi a partir dela e,
ironicamente, a partir do pós-estruturalismo surgido a partir de pensadores
enquadrados dentro da chamada "esquerda" francesa como Focault, e em
Analles, que passou a existir um forte questionamento sobre a questão da
metodologia modernista na história e da própria noção da história cultural e
universal, assim como de todos os postulados iluministas.
Esses intelectuais buscaram as
antinomias - as contradições - que derivam do paradigma central de tudo aquilo
enquadrado como racionalista e, por conseguinte, na natureza ontológica da
discrepância que existe entre o passado e a história entendida como
epistemologia.
Observando tal posicionamento,
notamos a importância da ideologia e do relativismo cultural que são inerentes
ao processo de pesquisa, sendo possível estabelecer que não existe, e nunca
poderá existir, uma história; ou melhor, versões históricas definitivas. Sem
dúvida, ter em mente essa visão desconstrutiva da história-devir como ciência é
útil a qualquer historiador ou escritor que deseje buscar, através de uma
versão diferenciada da conhecida história "oficial", abalar as
estruturas do chamado "establishment", que é amplamente embasado em
discursos "históricos" necessários para criar as prerrogativas que
estão embutidas, sustentam e dão significado aos discursos dos arautos do
expediente político-ideológico vigente.
"Não nos enganemos: a imagem
que fazemos de outros povos, e de nós mesmos, está associada à História que nos
ensinaram quando éramos crianças", escreveu Marc Ferro. Enquanto discursa
sobre o papel das representações que nos marcam desde a mais tenra idade, para
deixarem suas marcas até o final dos nossos dias, defende este pensador da
esquerda que "hoje já está no tempo de se colocarem frente a frente todas
essas representações porque, com a ampliação do mundo, sua unificação econômica
e fragmentação política, o passado das sociedades é mais do que nunca um dos
alvos do confronto entre Estados e Nações, entre culturas e etnias".
E, em suma, no mais feliz axioma
de Orwell está a máxima que "quem controla o passado controla o futuro,
quem controla o presente controla o passado". De fato, como repetiu Ferro,
"controlar o passado ajuda o dominar o presente e a legitimar tanto
dominações como rebeldias".
Está aqui posto, pois, o grande
problema para aceitação da sociedade com relação ao Integralismo: a pecha de
fascismo; ou, no entender dos poucos mais jovens que se aproximaram
superficialmente do tema, uma mera espécie de imitação de fascismo na sua
versão tupiniquim. Mais ainda: o denominado "fascista" se tornou, por
tabela, o mesmo que "nazista”; que é hoje, para o homem comum, uma das
mais graves ofensas.
Mas o que seria mesmo o fascismo?
Sobre uma palavra que, nos dias
atuais, quase unanimemente desperta repúdio, paira ainda, porém, um certo ar de
mistério. Fazem-se, portanto, mais do que pertinentes alguns comentários a
respeito do chavão que acabou sendo cunhado para generalidade e, no pós-guerra,
se tornou quase uma espécie de impropério. Ou ainda, uma maneira mais
politizada de referir-se a manifestações de violência, opressão, imperialismo,
racismo, chauvinismo, machismo, pobreza intelectual, imoralidade, estupidez e
assim por diante.
Em verdade, o fascismo, surgido
primeiramente na Itália de Mussolini, constituiu em seu tempo, como nos dizeres
de Zeev Sterhell, "uma Ideologia de ruptura por excelência" – e a
repulsa à cultura política associada à herança do século XVIII e da Revolução
Francesa. Ou, ainda, ecoando as palavras do imortal "General da
Milícia" Gustavo Barroso, como uma reação "ao materialismo e ao
internacionalismo dissolvente", na forma de movimentos baseados em ideias
que se inspiravam numa mística nacionalista. Uma síntese transnacional que se
opunha ao espírito do século XIX, da Reforma, da Enciclopédia e da Revolução
Francesa.
Contrário às abstrações individualistas
de natureza materialista e, por conseguinte, de natureza marxista ou liberal, o
fascismo pretendia lançar as bases de uma nova civilização que preconizava uma
visão espiritualista e rejeitava de início qualquer sobreposição do indivíduo
ao bem comum. Uma civilização comunitária e anti-individualista que valorizaria
a abnegação pela coletividade como norma de conduta, e onde seriam
perfeitamente integradas todas as camadas e todas as classes sociais
emolduradas, harmônica e organicamente, pela nação.
Nesse sentido, todos os fascismos
declararam uma guerra aberta ao iluminismo e a todos os sistemas diretamente
dele derivados. Uma luta sem trégua ao espírito burguês. Uma contraposição ao
postulado principal do marxismo e seu reducionismo que relaciona todas
contradições humanas às questões econômicas. E valorizando, acima de tudo, o
heroísmo e a coragem como sentimentos totalmente desconexos de qualquer
objetivo material ou de lucro.
Obviamente, naquele tempo, não
havia essa conotação depreciativa que existe hoje para a palavra fascismo.
Afinal, em 1936, encontrávamos movimentos com traços comuns organizados e
representativos em pelo menos 31 países: Afeganistão, África do Sul, Alemanha,
Argélia, Argentina, Áustria, Bélgica, Brasil, Bulgária, Canadá, Checoslováquia,
Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Hungria, Inglaterra, Iraque,
Irlanda, Itália, Iugoslávia, Japão, México, Peru, Polônia, Portugal, Romênia,
Rússia - com heroicos movimentos clandestinos -, Suécia, Suíça, Turquia e
Uruguai.
Fato é que o fascismo, entendido
como fenômeno transacional, se tornou um assunto para intelectuais dos quatro
cantos do orbe terrestre. Em suas fileiras estiveram gênios do porte de um Ezra
Pound, Oswald Mosley, Hendrik de Man, T.S. Eliot, Primo de Rivera, Fernando
Pessoa, Windham Louis e, obviamente, nosso Plínio Salgado.
Fortemente inspirado pela
Doutrina Social da Igreja Católica, por Farias Brito e Jackson Figueiredo,
Plínio Salgado foi um bravo combatente das teorias deletérias, e fez o
Integralismo livre dos excessos do fascismo com relação à inversão dos papéis
do Estado e da Nação. A qual, para ele, deveria emoldurar o primeiro, e não o
contrário.
Afastando de suas concepções o
finalismo imanente do culto ao Estado expresso na visão de Hegel e, portanto,
repudiando a ideia do totalitarismo como forma de coerção e anulação completa
do indivíduo, defendeu o Chefe Nacional que o homem não deve perder sua
personalidade e o justo equilíbrio entre a Família, a Sociedade e o Estado.
Rejeitando os delírios de
Nietzsche e a apologia à violência de Sorel, para irradiar o sentimento de
cristandade, brindou-nos, Plínio Salgado, com a transmissão de sua enorme
sabedoria aferroada numa exemplar resolução aos mais altos princípios.
Resgatar a justa memória é nossa obrigação!
Não podemos mais permitir, em
nome também do resgate da própria identidade nacional brasileira, que esta –
ainda chamada – "esquerda", órfã de um regime falido e frustrado pela
realidade, de uma concepção errônea do homem, da natureza humana e da sua
história, continue dando livremente as cartas e impingindo à população, nas
universidades, na esfera artística e cultural, assim como na mídia de massa
inimiga do povo, suas aberrações intelectuais sem ao menos uma tentativa de
contrapartida.
Devemos dar um basta a esse
pretenso "anti-fascismo" anacrônico que prima por distorções do
início ao fim. Não queremos mais aceitar essa prepotente intimidação. Pois,
juntos e coesos, somos um grupo que pode abalar muitas estruturas!
Até quando teremos que suportar
calados, perante a sociedade, a associação esdrúxula que é feita do
Integralismo com o nacional socialismo alemão? É imperativo, portanto, colocar
as coisas como realmente foram e analisarmos a situação atual com crítica e
apreensão.
Ainda sobre o fenômeno do
fascismo, sob o qual o Integralismo sem dúvida esteve em certa medida
identificado, logicamente que variações ocorreram de caso em caso, e muitas
peculiaridades foram enxertadas ou retiradas, conforme a realidade de cada
país. No entanto, é digno de nota que em todos esses fascismos existia, além
dos pontos de contato referentes a exterioridades de certa similaridade; à
hierarquia e disciplina; à supremacia do Estado; ao anti-liberalismo e ao
anti-marxismo; uma bandeira irredutível: o combate sem tréguas à usurocracia
internacional e sem pátria.
E aqui chego, finalmente, numa
questão extremamente polêmica, mas que entendo deva ser abordada nesse momento.
Os devaneios racistas do nazismo, colocados em prática no último conflito
mundial levaram, sem dúvida, a uma das maiores tragédias da história da
humanidade. Não no sentido da polarização total ou exponenciação de "mal
absoluto" (entendendo que essa é apenas mais uma mera armadilha
ideológica). Mas reconhecendo que o fracasso militar de Hitler serviu para
potencializar e fazer avançar tudo o que ele mais temia.
Em contraste a ter sido
certamente a mais poderosa expressão material de enquadrado fascismo que
existiu em seu tempo, está o fato que o nazismo, com sua derrota militar,
acabou levando ao calvário todos os regimes análogos que existiram e sobre os
quais citei genericamente ainda há pouco. O chamado "holocausto" com
suas alegadas câmaras de gás homicidas para suposto extermínio de milhões de
seres humanos indefesos, foi a armadilha ideológica que a elite financeira
internacional precisava, incutindo artificialmente na mente dos povos um
complexo de culpa coletivo, para colocar em descrédito qualquer força política
que primasse por princípios similares em relação ao fim da contínua acumulação
de riqueza por uma pequena e poderosíssima elite financeira, amplamente, mas
não exclusivamente, representada por indivíduos integrantes de um conluio
imperialista anglo-sionista.
O fato é que, historicamente, os
crimes do comunismo transcenderam em muito os crimes perpetrados em período de
guerra pelas forças do Eixo. Mais do que isso: grande parte do lado mais
sombrio e nefasto instrumentado pelo totalitarismo nazista teve herança direta
em métodos empregados na antiga URSS contra seus inimigos, ou supostos inimigos
políticos. Infelizmente, os crimes contra a humanidade cometidos do lado
comunista sempre são relevados ou esquecidos.
Mas o mal maior hoje se afigura
de outra maneira. Com o fim da "Guerra Fria", vivemos agora numa
espécie de sociedade que tem como referência imposta uma simbiose de idéias
socialistas adaptadas a um sistema capitalista. Ou até um "radicalismo de
centro", como no entender Alain de Benoist.
Não há sentido em falar num
movimento Integralista hoje, sem partir do pressuposto que ele jamais
negligencie o combate ao andamento de um processo de neocolonialismo que,
através da imposição da falsa noção de um caminho único a seguir, está, em
passos largos, descaracterizando o ser humano ao mais bestial materialismo;
enquanto ameaça decididamente a possibilidade para a autodeterminação dos povos
e às suas culturas, assim como modos de vida diferenciados. Em suma, uma
ditadura global, tirânica e inaudita.
A verdade é que, por trás desse
ingênuo romantismo que se esconde por trás da chamada globalização, se esconde
o mais ambicioso projeto de toda história da humanidade: através de ordens e
organizações multicruzadas, norteadas pelo mais crasso materialismo,
vislumbra-se, através da máxima concentração de poderes políticos e econômicos,
a possibilidade do completo domínio da ciência e de todos os processos de
produção pela via pacífica do convencimento do mercado, minando lentamente, em
paralelo, os valores patrióticos (para que não surjam contestações ideológicas
ou resistências armadas, civis ou militares) possibilitando uma reorganização
consentida de toda humanidade em torno dos interesses de uma reduzida elite
financeira.
A meta final é destruir os
estados nacionais e seu poder de intervir na vida econômica dos seus países,
abolindo suas fronteiras fixas e o conceito de soberania. Para isso, existem
dois pontos inamovíveis: é necessário lentamente suprimir todas as Forças
Armadas nacionais, substituindo-as por um contingente policial supranacional
que tenha respaldo de uma "corte internacional" à qual ninguém tenha
condições de oferecer a mínima resistência; e o gradual afastamento da
civilização ocidental dos seus antigos valores morais, éticos e religiosos,
substituindo-os por uma nova "ética" materialista, com base exclusiva
na razão, no conhecimento científico e no direito positivo.
O movimento Integralista para o
século XXI deve, dessa forma, atacar de frente as falácias liberais e marxistas
expostas pelo fracasso generalizado das suas práticas no último século. É delas
que tem decorrido a maior parte das aflições da humanidade. A promessa
iluminista de felicidade por via da razão e do progresso não tem se cumprido.
É hora, portanto, de abandonar
certos falsos pragmatismos e reconhecer a necessidade de buscar um caminho que
tenha como premissa uma concepção espiritualista do Universo e do Homem.
* ∑. São Paulo (SP). Marcelo Silveira foi Fundador e 1º Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira.
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(Fonte: https://picasaweb.google.com/113485118109961085819/Pos1975#5578165291650405218 ) |