sexta-feira, abril 24, 2015

NACIONALISMO

NACIONALISMO

Jean Fronho de Souza*

Em uma entrevista com Enéas Carneiro, Jô Soares, após perceber que o político tinha ideias nacionalistas, ironizou-o, ao oferecer-lhe uma bebida. Após Enéas negar o uísque oferecido, o apresentador perguntou se ele gostaria de cachaça, argumentando que era um "produto nacional".

Não sei se, e em que medida, Jô Soares se opunha ao nacionalismo, mas o exemplo ilustra bem a sátira que certas pessoas fazem desse pensamento, atendo-se às suas expressões mais superficiais. Outros, por maldade ou desconhecimento, reduzem os movimentos nacionalistas a meras expressões de ditaduras intransigentes.

Porém, qualquer intelectual sério e, acima de tudo, que tenha amor a seu País, sabe que o nacionalismo não se resume a essas coisas. Ademais, nos tempos de hoje, em que a emergência de uma cultura global fabricada em laboratório, parece um projeto interessante aos que sonham como um mundo melhor.

Um projeto alto de nacionalismo não deve se atentar apenas a elementos menores e particulares que simbolizam uma nação. Deve, antes de tudo, atentar-se ao legado que cada nação tem para oferecer ao mundo, algo que só se conhece indo a fundo no ethos de um povo. Somente assim, pode-se compreender o seu legado espiritual e cultural e, em decorrência disso, seus modos políticos, econômicos e sociais mais afins.

O Brasil precisa de pessoas - sobretudo brasileiras - que amem o Brasil, pelo menos no momento, acima do progresso. Mais ainda, de intelectuais dispostos a descobrirem a essência do Brasil. Quem sabe, como um povo consciente de sua nacionalidade e que ame seu País, possamos pensar em uma nação melhor, capaz de se estabelecer perante o mundo.

*  Jornalista. Rio de Janeiro – RJ.



Nenhum comentário: