NACIONALISMO
Jean
Fronho de Souza*
Em uma entrevista com Enéas Carneiro, Jô Soares, após perceber
que o político tinha ideias nacionalistas, ironizou-o, ao oferecer-lhe uma
bebida. Após Enéas negar o uísque oferecido, o apresentador perguntou se ele
gostaria de cachaça, argumentando que era um "produto nacional".
Não sei se, e em que medida, Jô Soares se opunha ao nacionalismo,
mas o exemplo ilustra bem a sátira que certas pessoas fazem desse pensamento,
atendo-se às suas expressões mais superficiais.
Outros, por maldade ou desconhecimento, reduzem os movimentos nacionalistas a
meras expressões de ditaduras intransigentes.
Porém, qualquer intelectual sério e, acima de tudo, que tenha
amor a seu País, sabe que o nacionalismo não se resume a essas coisas. Ademais,
nos tempos de hoje, em que a emergência de uma cultura global fabricada em
laboratório, parece um projeto interessante aos que sonham como um mundo
melhor.
Um projeto alto de nacionalismo não deve se atentar apenas a
elementos menores e particulares que simbolizam uma nação. Deve, antes de tudo,
atentar-se ao legado que cada nação tem para oferecer ao mundo, algo que só se
conhece indo a fundo no ethos de um povo. Somente assim, pode-se compreender o
seu legado espiritual e cultural e, em decorrência disso, seus modos políticos,
econômicos e sociais mais afins.
O Brasil precisa de pessoas - sobretudo brasileiras - que amem o
Brasil, pelo menos no momento, acima do progresso. Mais ainda, de intelectuais
dispostos a descobrirem a essência do Brasil. Quem sabe, como um povo
consciente de sua nacionalidade e que ame seu País, possamos pensar em uma
nação melhor, capaz de se estabelecer perante o mundo.
* Jornalista. Rio de Janeiro – RJ.
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