segunda-feira, outubro 16, 2023

Esquerda, direita e INTEGRALISMO (09/04/1937)

 

Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi possível graças ao laborioso e permanente trabalho de pesquisa do Prof. Victor Emanuel Vilela Barbuy, renomado investigador e estudioso da História do Brasil, do Direito Pátrio, da Doutrina Social da Igreja e do Integralismo, que compartilhou conosco – de sua rica hemeroteca - o brilhante escrito de Miguel Reale a seguir.

Victor Emanuel Vilela Barbuy, o mais brilhante Pensador Tradicionalista contemporâneo, publicou recentemente o sensacional Livro “Plínio Salgado, a Semana de 1922 e o Modernismo” que pode ser adquirido em https://loja.uiclap.com/titulo/ua39845/

Esquerda, direita e INTEGRALISMO (09/04/1937)

Miguel Reale

Si faltasse uma prova para demonstrar que o Integralismo é um movimento político, nítida e puramente nacional, nossos próprios adversários se encarregariam de no-la proporcionar com suas críticas e seus combates.

Desde que apareceu o Sigma no campo da política brasileira, temos sido violentamente combatidos pelas forças da Direita que nos consideram um perigo para o predomínio que elas sempre exerceram nas esferas econômicas da Nação. Compreendendo perfeitamente que o Estado Forte pelo qual propugnamos, não poderá ser minado por suas influências ocultas como o débil e complacente Estado liberal. Por outro lado, não deixam de acusar os camisas-verdes de extremistas propugnadores de medidas financeiras e econômicas pouco diferentes das que constituem o núcleo da doutrina comunista...

A atitude integralista em face da questão social, a compreensão que temos da necessidade de distribuir justiça, a defesa intransigente que fazemos dos direitos das massas trabalhadoras, a repulsa que manifestamos pelas formas e os processos burgueses de apreciar os problemas da coletividade, a nossa posição claramente firmada nos setores de todas as atividades proletárias, a pregação que desenvolvemos para o alcance de uma nova economia e de uma nova política, tudo isto apavora certos elementos da Direita que não passam de egoístas e reacionários.

Por sua vez, as Esquerdas se colocam no polo oposto, procurando formar no espírito do povo uma impressão desfavorável sobre o Integralismo, por elas apresentada como simples perpetuação do poderio burguês e capitalista. Para os homens do comunismo e do socialismo, o Sigma é símbolo de opressão das massas, o emblema da reação patronal. Em verdade si as Esquerdas tentam levantar contra nós uma onda de repulsa e de ódio, é porque sentem a capacidade extraordinária que possuímos de conquistar o coração dos humildes e arrebatar as forças populares. Sentem os agitadores vermelhos que, dia a dia, vamos cativando a confiança das massas obreiras, sem nunca as arrastar à estupidez da destruição de tudo o que constitui a herança espiritual da civilização cristã.

Para as Direitas, o Integralismo é esquerdista; para as Esquerdas o Integralismo é direitista. Analisando esses juízos tão contraditórios dos dois grupos que encarniçadamente disputam o poder, o observador sincero e imparcial é forçado a uma única conclusão que é a seguinte: o Integralismo nada tem que ver nem com esquerdas, nem com direitas, pois é um movimento essencialmente nacional, desligado de todo e qualquer grupo particular, inteiramente alheio às disputas facciosas.

Em hipótese alguma seremos o anteparo dos interesses burgueses. Em hipótese alguma, pactuaremos com os marxistas na obra destruidora dos valores éticos da nacionalidade e da Cultura. Assim sendo, é claro que soframos os rudes ataques das forças da anti-pátria, das forças dissociadoras de cima e de baixo.

As Direitas querem conservar certas cousas que tambem nós queremos que sejam conservadas. As esquerdas, por outro lado, querem mudar e revolucionar determinadas cousas que nós tambem achamos necessário mudar e revolucionar. Isto não quer dizer, porém, que nos identifiquemos com umas ou com as outras. O que fizemos foi o estudo das pretensões de umas e de outras, chegando à conclusão de que ambas possuíam parcelas da verdade, mas parcelas da verdade que nada valiam isoladas ou postas umas contra as demais. Integramos e superamos as duas correntes. Colocamo-nos acima delas para Julga-las melhor. Harmonizamos o justo conservadorismo de umas com o justo revolucionar ismo das outras. Surgimos, então, como uma força nova, com diretrizes ideológicas preciosas, com uma linha de conduta inexoravelmente reta, e a intransigência própria dos que estão animados de legítima vontade de construir para durar.

Não somos nem da Direita, nem da Esquerda, porque não pertencemos a nenhuma classe, a nenhum grupo. Somos síntese porque a Nação é síntese. Somos a integração dos valores espirituais e materiais da Pátria. E na Pátria só os estrábicos enxergam direita e esquerda.

Publicado n’A RAZÃO, em 09 de Abril de 1937, p. 3.